segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

VIROSES : CAXUMBA

VIROSES :  CAXUMBA


DEFINIÇÃO

É uma doença infecciosa, contagiosa, benigna  que evolui sem intervenção medicamentosa e se cura espontaneamente. É causada por um vírus que causa um inchaço na parótida, sendo esta a forma mais evidente da doença.

Acomete mais as crianças, mas quando ocorre nos adultos tem maior possibilidade de complicações, requerendo maiores cuidados no decurso da doença.
                    
A doença é cosmopolita, endêmica  nos grandes centros urbanos, com tendência a manifestar-se sob forma epidêmica em escolas e instituições militares e civis, onde se agrupam adultos jovens. A imunidade transplacentária parece prolongar-se até o sexto ou sétimo mês de vida. É uma doença que pode ser evitada através da vacinação.

SINONÍMIA

v  Parotidite epidêmica,
v  Parotidite infecciosa
v  ou Papeira (nome popular).

AGENTE ETIOLÓGICO
                    
Vírus da caxumba; têm um diâmetro médio de 175-200 milimicra.

HOSPEDEIRO

O homem infectado.

RESERVATÓRIO
O homem.

FORMA DE TRANSMISSÃO

Através das vias aéreas superiores.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE

A partir do primeiro dia antes do inchaço até o desaparecimento do inchaço. Os indivíduos susceptíveis   podem contrair a doença através da exposição ao contágio com pessoas portadoras de infecção inaparente. A presença de vírus na saliva é maior exatamente antes e após o início da parotidite.

TRANSMISSÃO

Direta: através dos perdigotos (gotículas expelidas pelo doente quando se fala, pela tosse ou espirros).

DISSEMINAÇÃO

O vírus penetra pelas vias aéreas respiratórias, onde fica alojado permanecendo incubado e se proliferando. Após o período de incubação o vírus entra na corrente sanguínea e se distribui por todo o organismo, tendo uma preferência pelas parótidas causando um inchaço e dando início a todo o processo da doença. A imunidade conferida é permanente.

FONTE DE INFECÇÃO

A saliva de pessoas infectadas.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

O período  dura em média 3 semanas.

PERÍODO DE DURAÇÃO

A doença dura de 14 a 27 dias, a média fica em 18 dias.

FREQUÊNCIA

Tem uma incidência maior em crianças no período escolar e em adolescentes. As complicações da caxumba ocorrem quase sempre em adultos. Não ocorre antes dos 6 meses de idade, e nem nos adultos depois dos 40 anos de idade. Em 30% dos indivíduos sofrem a infecção sem inflamação das glândulas salivares, entretanto são contagiantes.

SINTOMATOLOGIA

A caxumba é uma doença infantil, mas quando acomete os adultos, as manifestações clínicas são bem mais evidentes  e mais dolorosas. Nas crianças, em alguns casos, a doença passa despercebida, porque os sintomas são bem brandos e o inchaço da parótida é quase imperceptível.

Período prodrômico:

Cefaléia discreta; inapetência; febre em geral baixa; mialgias; calafrios discretos; irritação na garganta; otalgia; artralgias; mal-estar geral.

Período clássico:  

Distensão sob o lóbulo da orelha (é o começo do inchaço da parótida); após dois dias aparece atrás da mandíbula uma massa rígida  com contornos mal definidos. A pele da região fica esticada e brilhante, o lóbulo da orelha é empurrado para cima e para fora, desaparece o sulco que contorna o ângulo da mandíbula; Dificuldade para abrir a boca (causando uma dificuldade maior de se alimentar); Dor localizada na região do inchaço; Dor irradiada para os ouvidos; Dor quando o paciente se alimenta; Em alguns casos, discreto trisma; Sialorréia; Sensação de secura na boca.

DIAGNÓSTICO

Exame clínico. Exame físico. Exames laboratoriais. Aumento e vermelhidão do canal de Wharton e de Stensen. 

TRATAMENTO

Objetivo  principal do tratamento é o controle de infecção secundária, produzidas por bactérias.

Específico: não existe tratamento medicamentoso para essa patologia.

Sintomático: conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências. Isolamento domiciliar enquanto durar a inflamação das glândulas salivares, é indicado para evitar a propagação da doença. 



v  Antitérmicos no caso de febre alta, sob prescrição médica. 



v  Analgésicos para aliviar a dor, sob prescrição médica. 



v  Antibiocoterapia não tem nenhum valor no tratamento da caxumba, pois os vírus são resistente à ação dos antibióticos, os antibióticos só serão eficientes se manifestar alguma infecção secundária. 



v  Dietoterapia leve, alimentos sem condimentos, devendo ser ingerido uma maior quantidade de líquidos, principalmente pela dificuldade de abrir a boca,  os alimentos sólidos são mais difíceis de serem mastigados e deglutidos.

v  Bolsa de água quente pode aliviar a dor e o peso em alguns casos; mas outros doentes preferem a bolsa de água fria para o alívio da dor.

v  Higiene da boca é fundamental e eficaz no sentido de evitar a invasão de bactérias, que podem resultar em uma infecção secundária, facilitadas pelos distúrbios da secreção salivar.

v  Repouso no leito é fundamental, pelo menos enquanto houver inchaço da parótida, para evitar complicações.

v  Na fase inflamatória da caxumba, enquanto o pescoço estiver inchado, deve ser proibido qualquer esporte, sobretudo bicicleta, futebol, natação e banhos de mar. Pomadas analgésicas nas regiões tumefeitas.

v  No caso de crianças debilitadas, de adultos com complicações da caxumba e gestantes que tem contato com doentes, é administrado a gamaglobulina, com elevada concentração de anticorpos.

v  Essa medida permite atenuar a doença evitando as complicações, mas em contrapartida não oferece imunidade definitiva, esta só pode resultar dos anticorpos produzidos naturalmente pelo organismo ou pela aplicação de vacina específica. 



v  Apoio psicológico principalmente aos homens, devido  ao medo da esterilidade no caso de se apresentar a Orquite.

COMPLICAÇÕES

Podem ocorrer quando os órgãos atingidos pelo vírus são afetados mais profundamente, mas os casos são raros e quando sucedem  é geralmente em adultos.

v  Orquite (inflamação dos testículos) geralmente começa em geral quando o inchaço da parótida está regredindo; os testículos ficam inchados, profundamente doloridos, quentes e aumentam de volume; a febre aumenta e o doente se sente mais abatido; depois de uma semana os sintomas desaparecem; a reação inflamatória pode ocorrer em um ou nos dois testículos; o comprometimento e a fertilidade dos testículos deve ser avaliada pelo urologista e talvez seja necessário posteriormente fazer um espermograma pra uma melhor avaliação, sob indicação médica.

v  Ooforite (inflamação dos ovários) pode ocorrer na mulher adulta.

v  Meningoencefalite: pode ocorrer quando a cefaleia surge nos primeiros dias indicando que o cérebro foi afetado, mas é raríssimo acontecer, e quando acontece pode ser totalmente curada, sem deixar sequelas. 



v  Pancreatite (casos raros). Tireoidite (casos raros). Hidrocele (casos raros). Diabetes insípido. 



v  Mastite, durante o período de lactação, pode apresentar-se muito intensa e extremamente dolorosa. 



v  Torcicolo.
v  Parotidite crônica.
v  Edema de laringe, por propagação da inflamação glandular. 



v  Pneumonias intersticiais.
v  Problemas digestivos: apendicite, ileíte, hepatite. 



v  Distúrbios renais: albuminúria, hematúria, cilindrúria. 



v  Distúrbios auriculares: otalgia, surdez transitória ou definitiva, por lesão do VIII par ou do ouvido interno. 



v  Distúrbios oculares: conjuntivite, queratite, iridociclite, esclerite.

COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ

Na mulher grávida que adquiriu a caxumba pode ocorrer Parotidite. No feto, dependendo do período da gravidez  pode ocorrer:

Aborto; morte fetal, em casos raríssimos; anomalias congênitas; parto prematuro;
Portanto, é imprescindível que a mulher grávida, não entre em contato de maneira nenhuma com pacientes ou portadores de doenças contagiosas. Mesmo que o paciente esteja no final do tratamento, ou que esteja em período de convalescença, pois algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.

SEQÜELAS

Queixo duplo:   não é uma patologia, mas  um problema estético que ocorre devido a um grande inchaço da parótida, quando a doença regride a região fica um pouco edemaciada resultando em queixo duplo que principalmente nas mulheres causa muito desconforto, esse problema só pode ser resolvido via cirurgia plástica; mas é uma sequela que pode ser evitada com cuidados específicos no decurso da doença. Esterilidade masculina. Surdez (casos raríssimos).

PROFILAXIA

Deve ser reduzida a atividade física mesmo que o inchaço seja mínimo, pois o vírus pode atacar outros órgãos,  principalmente, nos homens os testículos, podendo resultar em uma orquite que pode deixar como sequela a infertilidade. Crianças que tenham dificuldade em engolir podem fazer uso de uma dieta  líquida ou pastosa. Mulheres grávidas devem evitar a visita a crianças ou adultos com caxumba, pois a doença é altamente contagiosa.

Existe uma maneira popular de aliviar a dor e o peso do inchaço da parótida: colocando-se um lenço grande por baixo do pescoço e dando um laço no alto da cabeça, fica parecendo um coelho, esse método  ajuda muito a aliviar a dor. É uma alternativa popular, mas que funciona. As crianças devem ficar em repouso moderado em casa, para não causar futuras complicações da doença. Crianças só devem voltar à escola quando desaparecer completamente o inchaço das glândulas. Se um dos testículos ficar maior que o outro, é necessária a consulta ao urologista para ser feita uma avaliação médica.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Bibliografia Complementar

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