segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

VIROSES : FEBRE AMARELA

VIROSES : FEBRE AMARELA


DEFINIÇÃO

Doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido pela fêmea do mosquito da família Aedes que anteriormente se alimentou de sangue de uma pessoa infectada. Ocorre na maioria das vezes de forma branda, mas em alguns casos evolui para uma forma grave que se não for diagnosticada precocemente pode levar à morte.

O indivíduo não vacinado geralmente adquiri a doença quando invade o habitat do vetor (mosquito), através de desmatamentos, aberturas de estradas, construção de hidrelétricas, etc. O mesmo mosquito que transmite a dengue urbana o Aedes aegypti, é também o transmissor da febre amarela urbana. É uma doença que não é transmitida pessoa a pessoa. Só se contamina pelo vírus a pessoa que não é vacinada.

SINONÍMIA

É conhecida também pelos seguintes nomes:

v  Tifo Icteróide.
v  Tifo Amaril.
v  Mal de Sião.
v  Vômito Negro.
v  Febre das Antilhas.

AGENTE ETIOLÓGICO

Arbovírus da família Flaviviridae; gênero Flavivírus.

VETOR

Vetores da febre amarela silvestre são os mosquitos Haemagogos janthinomys e leucocelaenus. O ciclo do vírus em áreas silvestres é mantido através da infecção de macacos e da transmissão transovariana no próprio mosquito.

Vetores da febre amarela urbana são os mosquitos Aedes aegypti (fêmea). O mosquito torna-se capaz de transmitir o vírus da febre amarela 9 a 12 dias após ter picado uma pessoa infectada.

FISIOPATOLOGIA

O vírus é inoculado no organismo através da picada do mosquito, se replica nos linfonodos locais e nas células musculares estriadas, lisas e fibroblastos. Nessa fase o vírus se multiplica e dissemina-se pelo corpo, atingindo principalmente o fígado.Os rins também são afetados ocorrendo necrose tubular aguda, e o vírus também interfere nos fatores de coagulação justificando as hemorragias e o colapso circulatório generalizado nas formas graves da febre amarela.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Em média de 3 a 6 dias, em alguns casos pode chegar a 10 dias.

TRANSMISSÃO

Picada da fêmea do mosquito Aedes aegypt.

SINAIS E SINTOMAS

O início é rápido, na forma mais branda ocorre:

Período prodrômico:

v  Febre alta;
v  Mal-estar geral;
v  Hematêmese;
v  Cefaleia;
v  Dor abdominal.

Período infeccioso, rubro ou congestivo:

v  Febre alta acima dos 40ºC;
v  Cefaleia intensa;
v  Dor lombossacral;
v  Mialgia;
v  Dificuldade de locomoção;
v  Anorexia; insônia;
v  Náuseas e vômitos;
v  Gengivorragias;
v  Epistaxe;
v  Sede intensa;
v  Icterícia.

Período de remissão:

v  Ocorre melhora dos sintomas e dura em média 24 horas.
v  A cefaleia melhora, passando a lassidão e depressão.

Período de intoxicação:

v  Febre elevada;
v  calafrios;
v  Hematêmese;
v  Sangramento pelas membranas mucosas;
v  Evacuações sanguíneas e negras;
v  Albuminúria (albumina na urina);
v  Melena;
v  Metrorragia;
v  Petéquias;
v  Equimoses;
v  Dor epigástrica se intensifica;
v  Prostração com sinais de severa intoxicação;
v  Hepatomegalia;
v  Desidratação;
v  Oligúria podendo depois evoluir para a anúria;
v  Icterícia mais grave;
v  Taquicardia;
v  Hipotensão;
v  Hipoglicemia;
v  Coma.

DIAGNÓSTICO

v  Anamnese.
v  Exame físico.
v  Exame clínico.
v  Exames laboratoriais.
v  Testes sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
v  Testes virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).
v  Biópsia do tecido hepático.

Diagnóstico diferencial (deve ser feito para não ser confundida com as seguintes doenças com sintomas semelhantes)

v  Malária.
v  Leptospirose (forma grave).
v  Meningite meningocócica (quando a febre amarela evolui para a forma grave).

TRATAMENTO

Específico: não há tratamento medicamentoso para a doença.
Sintomático: conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

v  Os cuidados médicos e de enfermagem para os casos grave são de suporte em terapia intensiva.
v  A diálise peritoneal nos casos graves de insuficiência renal pode ser necessária, conforme prescrição médica.
v  Antieméticos sob indicação médica;
v  Transfusão de sangue nos casos graves é necessário;
v  Antitérmicos e Analgésicos, conforme indicação médica (evitar os que contém salicilatos, porque podem aumentar o risco de hemorragias e acidose).
v  Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a doença pode evoluir até chegar ao óbito.

PROFILAXIA

Medidas sanitárias:

v  Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias.
v  Combate ao mosquito vetor nas zonas urbanas através de inseticidas.
v  Vacinação da população nas zonas silvestres e se for necessário na zona urbana.
v  Monetarização dos índices de infestação dos vetores.
v  Campanha de prevenção para a população de regiões endêmicas.
v  Vigilância Epidemiológica deve ser acionada para procurar os focos da doença.

Medidas individuais:

v  Vacinação deve ser feita quando se dirigir a regiões endêmicas.
v  Usar repelentes contra mosquito à base de DDET.
v  Usar mosquiteiros sobre a cama impregnados com permetrina de preferência.
v  Usar inseticida em aerosol nas habitações e principalmente nos local onde for dormir.
v  Usar telas nas portas e janelas.
v  Usar calças compridas e camisas com manga comprida.
v  Tentar se hospedar, se possível, em locais com ar-condicionado nas regiões endêmicas.
v  Em regiões endêmicas deve ter cuidado em não deixar água acumulada em recipientes.
v  Eliminar os criadouros de larvas.

Medidas internacionais:

v  Em alguns países é obrigatório o atestado de vacinação contra a febre amarela anexado ao passaporte, quando o país de origem tem focos comprovados.
v  Vários países exigem o certificado de vacinação de passageiros brasileiros devido a presença de endemias de febre amarela no Brasil. Essa vacinação deve ser repetida a cada 10 anos.
v  O Brasil exige a vacinação contra a febre amarela quando o viajante vem de países que tem focos da doença. Quando o viajante não tem o atestado anexo ao passaporte, ele é obrigado a tomar a vacina no aeroporto para poder entrar no Brasil.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.
CARRERA, M. Insetos de Interesse Médico e Veterinário. Curitiba: Editora da UFPR, 1991.
CIMERMANN, B.; FRANCO,M.A. Atlas de parasitologia. São Paulo: Atheneu, 2004.
COURA, J R. Dinâmica das Doenças Parasitárias. Rio de janeiro: Gunabara Koogan,2V. 2005.
GOULART, G. G.; COSTA LEITE, I. Moraes: Parasitologia e Micologia Humana. 2 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1978.
MARCONDES,  C.B. Entomologia médica e veterinária. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
PESSOA, S. B.; MARTINS, A. V. Parasitologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
REY, L. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
VALLADA, E.P. Manual de exame de fezes. São Paulo: Atheneu, 2004.

Bibliografia Complementar

BEAVER, P. C.; JUNG, R. C.; CUPP, E. W. Clinical Parasitology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.
GARCIA, L. S.; BRÜCKNER, D. A. Diagnostic Medical Parasitology. 3 ed. Washington D. C.: ASM, 1997.
LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica: Texto e Atlas. 4 ed. São Paulo: Editora Premier, 1997.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Procedimentos Laboratoriais em Parasitologia Médica. São Paulo: Editora Santos, 1994.
ZAMAN, V. Atlas Color de Parasitologia Clínica. 2 ed. Buenos Aires: Panamericana, 1988.



Nenhum comentário:

Postar um comentário