sábado, 8 de fevereiro de 2014

CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES EM UTI NEONATAL

ESTUDO DAS MEDIDAS DE CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES RELACIONADAS A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

André Soares dos Santos
RESUMO

Este estudo foi desenvolvido através da revisão de literatura com a finalidade de promover uma apresentação direta dos meios de prevenção e controle de infecção hospitalar em Unidades de Terapia Intensiva neonatal, para isso foram consultados bancos de dados eletrônicos com seleção e descarte de materiais recorrentes. O período de corte utilizado compreendeu os anos de 1997 a 2010.  O estudo aponta medidas eficazes de prevenção e controle de infecções em unidades neonatais, inserindo mecanismos para a diminuição efetiva de internações de recém-nascidos nessas unidades, conscientizando profissionais e familiares quanto a importância da execução de tais métodos para alcançar o perfeito estado de bem estar físico e psíquico destes neonatos.

Descritores: Unidade de terapia intensiva, neonatal, infecções hospitalares, controle de infecção, prevenção de infecções.


ABSTRACT

This study was developed through the literature review in order to promote a direct presentation of the means of prevention and control of nosocomial infection in neonatal intensive care units, were consulted for this electronic databases with selection and disposal of the applicants. The cutoff period used comprised the years 1997 to 2010. The study highlights effective measures for prevention and control of infections in neonatal units, inserting mechanisms for efficient reduction in hospitalizations of newborns in these units, educating professionals and families about the importance of implementation of such methods to achieve the perfect state of wellness physical and mental of these neonates.

Keywords: intensive care unit, neonatal infections, hospital infection control, infection prevention.

INTRODUÇÃO

            Segundo Mussi-Pinhata e Nascimento (¹) de maneira geral, infecções hospitalares são quaisquer infecções que não estejam presentes ou incubadas no momento da admissão hospitalar e, portanto, adquiridas durante a hospitalização ou até 72 horas após esta.
            Segundo Lopes, Rossetto, Belei, Capobiango e Matsuo(²), a  infecção hospitalar pode ser dita: infecção endógena, quando se verifica a partir de microorganismos do próprio paciente, geralmente imunodeprimido. Corresponde a 2/3 das infecções hospitalares; infecção exógena é adquirida a partir de microorganismos estranhos ao paciente, sendo veiculada pelas mãos da equipe de saúde, nebulização, uso de respiradores, vetores, por medicamentos ou alimentos contaminados; infecção cruzada é transmitida de paciente a paciente, geralmente através das mãos da equipe de saúde.
 Em 1994 realizou-se um estudo de prevalência das infecções hospitalares em 103 hospitais terciários, localizados em capitais brasileiras, com o objetivo de diagnosticar o problema das infecções hospitalares, direcionando planos de ações e investimentos. A taxa de infecção hospitalar foi de 13%. A prevalência de infecção hospitalar da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal foi a mais alta (46,9%), seguida da Unidade de Queimados (38,2%) e da UTI pediátrica (32,9%) .( MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).

            Segundo Pinheiro, Nicoletti, Boszczowsk, Puccini e Ramos.(³) Os problemas universais no controle de infecção ocorrem em países desenvolvidos e em desenvolvimento e compreendem: número de pessoal e recursos financeiros inadequados, relutância dos funcionários do hospital em modificar condutas e uso excessivo de agentes antimicrobianos.
No Brasil, o Controle das Infecções Hospitalares começou em 1983, com a publicação pelo Ministério da Saúde da Portaria nº 196, obrigando todos os hospitais brasileiros a criarem Comissões de Controle de Infecções Hospitalares.
No final da década de 80, surgem as primeiras associações de profissionais em Controle de Infecções Hospitalares: APECIH em São Paulo, AMECIH em Minas Gerais, ABIH, etc., promovendo encontros e congressos sobre o assunto. A partir daí, observou-se maior participação dos hospitais públicos e privados com a real obrigatoriedade das comissões trabalhando com pessoal capacitado e treinado.
A metodologia passiva (Portaria n º 196/83) começou a ser substituída pela busca ativa de coleta de dados.
Em 1992, o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 930, em substituição à nº 196, de 1983, instituindo o método ativo de busca e especificando a necessidade de um médico e um enfermeiro com formação epidemiológica e com dedicação exclusiva à Comissão de Infecção Hospitalar (um enfermeiro para cada 200 leitos).
Em 1997, o Ministério da Saúde publicou a lei nº 9.431 determinando a obrigatoriedade de manutenção pelos hospitais do país de programa de vigilância hospitalar e, em 1998, publicou a portaria nº 2.616, instituindo o número de profissionais necessários a uma comissão de controle de infecções hospitalares e suas atribuições, bem como obrigações municipais, estaduais e federais no referente ao controle de infecções hospitalares.  (Disponível em: Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S31/port_print.htm

            As infecções hospitalares são mais freqüentes e, geralmente, mais graves em recém-nascidos. Além das várias peculiaridades desta fase da vida, que levam à maior susceptibilidade à infecção, a sobrevivência de um número crescente de recém-nascidos prematuros decorrente do elevado tempo de internação em unidades de terapia intensiva neonatal, onde são submetidos a procedimentos invasivos e ao uso de antimicrobianos de largo espectro, são responsáveis por esta condição.            As taxas gerais de infecção nas UTI Neonatais variam de 6 a 25%, sendo maior nos recém nascidos pré-termo com peso menor que 1500g, principalmente nos menores que 1000g.  

Além de causar proporção substancial das mortes perinatais, neonatais e pós-natais, a infecção neonatal hospitalar associa-se com custos hospitalares elevados, pois a hospitalização de crianças com infecção é três vezes mais prolongada do que daquelas que não adquirem infecção. ( MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001)

            Embora todas as infecções adquiridas por crianças nascidas no hospital possam ser consideradas hospitalares, as infecções que se manifestam precocemente, na primeira semana de vida, freqüentemente são causadas por microorganismos transmitidos da mãe para a criança e têm epidemiologia distinta daquelas infecções nosocomiais adquiridas mais tardiamente no período neonatal. Usualmente, as infecções neonatais são divididas em infecções de início precoce, de origem materna (< 3 a 7 dias de vida) e em infecções de origem tardia (> 3 a 7 dias de vida), que seriam aquelas adquiridas após o nascimento e, portanto, de origem não materna.
            As infecções no período neonatal têm características que não são observadas em nenhum outro grupo de pacientes. Consideramos o recém nascido como bacteriologicamente estéril, que adquirirá a flora bacteriana normal nas primeiras horas e nos dias iniciais de vida. A susceptibilidade aumentada às infecções se correlaciona com algumas deficiências do sistema imunológico e fragilidade das barreiras cutâneas e mucosas do neonato. Estas defesas são, ainda menores no neonato pré-termo e de baixo peso. Durante a internação, o neonato é exposto a uma variedade de patógenos maternos e hospitalares, que se tornam invasivos pelo status imunológico deficitário. Estes fatores favorecem a disseminação de microrganismos hospitalares e a colonização do prematuro por uma flora patogênica, aumentando os riscos para infecção hospitalar e óbito neonatal.
Considerando esse contexto, para o CDC (Centers of Disease Control) são consideradas como infecções neonatais hospitalares aquelas adquiridas no período intraparto (de origem materna até 48h de vida), durante a hospitalização ou até 48h após a alta, com exceção às infecções transplacentárias, como a rubéola, a citomegalovirose, hepatite tipos B e C, herpes simples, a síndrome de imunodeficiência adquirida, a toxoplasmose e a sífilis.( LOPES, G. K, ROSSETTO, E. G., BELEI, R. A., CAPOBIANGO, J. D., MATSUO. T. Estudo epidemiológico das infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina, Estado do Paraná. Acta Sci. Health Sci, v.30, n.1, p. 55-63, 2008).

No Brasil, segundo a portaria nº 2616/98 do Ministério da Saúde, que orienta as ações de controle de infecção hospitalar, classifica toda infecção neonatal como hospitalar, exceto aquelas adquiridas por via transplacentária ou associadas à rotura de membranas amnióticas por período superior a 24 horas antes do parto. ( MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).

Os principais fatores de risco para infecção de recém-nascidos podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos. Fatores intrínsecos incluem características como idade gestacional, gênero, peso ao nascer, severidade da doença e grau de desenvolvimento imunológico. Fatores extrínsecos incluem a duração da hospitalização, o uso de procedimentos invasivos (cateteres arteriais e venosos, cânulas traqueais, sonda gástrica ou gastro-duodenal, derivações ventrículo-peritoniais, drenos torácicos, etc), as características da exposição ao ambiente hospitalar e ao pessoal do hospital (relação enfermagem/paciente, área física, treinamento do pessoal, técnicas de higiene e de controle de infecção hospitalar e o padrão de uso de antimicrobianos na unidade.(MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).

              Em geral, recém-nascidos em boas condições permanecem internados por pouco tempo e não são submetidos a procedimentos invasivos. Dessa maneira, a exposição ao pessoal é o fator de risco mais importante para estas crianças. Por outro lado, crianças em unidades de terapia intensiva neonatal têm hospitalização prolongada e exposições freqüentes a procedimentos invasivos e grande manipulação por parte dos profissionais de assistência , com freqüentes  cuidados nos quais se utilizam as mãos.
A maior influência na ocorrência de infecção hospitalar é o baixo peso ao nascer. A predisposição à infecção destas crianças é devida à combinação de vários fatores de risco em conseqüência da imaturidade das defesas imunológicas e do sistema de suporte de vida, que promove ruptura de suas barreiras normais de defesa. Assim é que estas são submetidas ao uso de cânulas endotraqueais e ventiladores mecânicos que interferem com as defesas locais pulmonares, ao uso de cateteres que permitem a entrada de microorganismos da flora cutânea à corrente sanguínea, a mecanismos que reduzem a acidez gástrica como o uso de bloqueadores H2, à hiperalimentação parenteral, que pode veicular agentes patogênicos, ao uso prolongado e freqüente de antimicrobianos como cefalosporinas e aminoglicosídeos, cuja pressão seletiva promove a colonização com patógenos resistentes. Podemos citar também a permanência prolongada em unidades de terapia intensiva facilitando a colonização com a flora bacteriana de gram-negativos potencialmente patogênicos existentes no ambiente e nas mãos do pessoal e com cepas de Staphylococcus aureus (que são repetidamente recuperadas das mãos e narinas de 30 a 50% do pessoal hospitalar), facilitando a infecção, principalmente em unidades superlotadas com um número reduzido de profissionais atuantes.
 A prevenção e o controle das infecções bacterianas neonatais representam um desafio para todos aqueles envolvidos nos cuidados hospitalares aos recém-nascidos.
As medidas de prevenção e controle das infecções hospitalares visam  minimizar   a transmissão exógena e endógena de microorganismos patogênicos. Estas medidas se aplicam à gestante, ao ambiente hospitalar, à equipe assistencial e ao próprio recém-nascido.
O presente estudo busca  abordar as  infecções   hospitalares relacionadas às unidades de terapia intensiva neonatal, correlacionar medidas de controle e prevenção de tais infecções e proporcionar o que seria um dos principais meios para a redução dos níveis de infecção hospitalar: a conscientização de profissionais de saúde e visitantes como familiares, da necessidade essencial de execução de  tais medidas para que haja o aprimoramento da efetiva assistência e promoção da diminuição da taxa de  longa permanência de neonatais em unidades de terapia intensiva. Um simples gesto como a lavagem adequada das mãos reduziria o risco de contaminação em vários casos.

JUSTIFICATIVA
         A dificuldade encontrada para a implantação de medidas que ofereçam uma redução ou até mesmo a eliminação das infecções hospitalares se encontram no fato de quase não haver estudos direcionados à unidades neonatais, a maioria dos estudos publicados fazem parte de longas pesquisas executadas com adultos e seus dados são extrapolados para a faixa etária pediátrica ou neonatal.
Estudos direcionados para tal clientela se torna cada vez mais importante, uma vez que com o progresso da neonatologia a sobrevida de recém-natos prematuros de muito baixo peso e recém-natos com alguma malformação que era considerada incompatível com a vida, hoje sua expectativa de sobrevivência tem atingido altos níveis, concomitantemente a este fato aumentaram também as taxas de internações de recém-natos de baixo peso em unidades de terapias intensivas neonatais aumentando a possibilidade de aquisição de alguma infecção hospitalar.

METODOLOGIA
             Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo revisão de literatura, onde busca-se identificar a produção cientifica sobre o controle e prevenção de infecções hospitalares  relacionadas ao setor  de terapia intensiva neonatal .
             Foi realizada uma busca nas bases de dados on-line da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se os descritores de assunto controle de infecção  combinado com   unidade de terapia neonatal, serão utilizados como critérios de inclusão neste estudo artigos científicos publicados em periódicos nos últimos 10 anos (2000-2010), com a temática relacionada a enfermagem, na língua portuguesa, com aderência ao controle de infecções neonatais e publicados no Brasil. Foram descartadas teses, dissertações, monografias e artigos recorrentes.
            No banco de dados da LILACS, utilizando os descritores controle de infecções combinado com unidade de terapia neonatal foram encontrados 25 artigos relacionados ao tema, destes 04 foram selecionados por atenderem a temática.
            Na MEDLINE, utilizando os descritores controle de infecções hospitalares combinado com unidade de terapia neonatal foram encontrados 34 artigos relacionados ao tema, deste nenhum foi selecionado por não atender aos critérios de inclusão deste estudo.
             Na BDENF, utilizando os descritores controle de infecções hospitalares  combinado com unidade de terapia intensiva neonatal foram encontrados 6 artigos relacionados ao tema, deste 02 foram selecionados por atenderem a temática proposta, os demais foram descartados por tratarem-se de teses, dissertações ou eram recorrentes.
             Nos resultados obtidos, foi realizada a leitura rigorosa e elaborada a tabela 1.
BANCO DE DADOS
ARTIGOS
        AUTOR
ANO
LILACS
Infecção hospitalar em Unidade de terapia neonatal: Há influência do local de nascimento
Pinheiro, Monica de Souza B; Nicoletti, Christiane; Boszczowsk, Icaro; Puccini, Dilma Mineko T; Ramos, Sonia Regina T. S.
2009
LILACS
A prevenção e o controle das infecções hospitalares na Terapia Intensiva Neonatal: propostas governamentais, institucionais e estratégias adotadas pelos profissionais de saúde
Lucas, Eduardo Alexander Júlio César Fonseca.
2007


REFERENCIAL TEÓRICO

            As infecções hospitalares são infecções que o paciente adquire enquanto internado, e contam com uma incidência de 5 a 25 % nas Unidades de terapia intensivas (UTIs) neonatais.
            Os profissionais envolvidos na assistência ao recém-nascido de alto risco possuem uma grande responsabilidade em prevenir a transmissão de infecções  na UTI neonatal ; para tanto ,uma avaliação das práticas utilizadas por cada membro da equipe deve ser levada em conta. O envolvimento de uma comissão de infecção hospitalar ativa e participante, vem colaborar para a prevenção e a redução da infecção neonatal, a colaboração nas rotinas, procedimentos e na elaboração de  guias de prevenção das infecções.
             As medidas de precaução e controle de infecções hospitalares tem como objetivo evitar a transmissão nosocomial de doenças. Para ocorrer a transmissão das infecções no ambiente hospitalar são necessários três elementos:
1.Fonte de infecção: Pacientes ,funcionários e ,ocasionalmente os visitantes, objetos inanimados e superfícies do ambiente hospitalar , incluindo equipamentos e medicamentos.
2.Hospedeiro susceptível: Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores que os tornam mais susceptíveis aos microrganismos, principalmente pacientes que possuem o sistema imunológico ainda em formação, como recém-nascidos.
3.Meios de transmissão: A transmissão ocorre por diversos meios como exemplo podemos citar, o contato, a via aérea, o meio de um veículo comum ou os vetores.
             O contato é o mais freqüente e importante meio de infecções hospitalares. Pode ocorrer através das mãos dos profissionais; através das luvas quando não trocadas entre um paciente e outro ; pelo contato entre pacientes e também através de instrumentos contaminados.
             As gotículas são geradas pela pessoa que é a fonte e ocorre durante a tosse , espirro , aspiração de secreções, realização de procedimentos (como broncoscopia) e mesmo pela conversação habitual . Quando estas partículas são depositadas na conjuntiva, mucosa nasal ou na boca do hospedeiro susceptível, ocorre a transmissão do agente. As partículas podem atingir uma distância de um metro. Essa forma de transmissão não é aérea porque as gotículas não permanecem suspensas no ar.
             A transmissão aérea ocorre quando os microrganismos estão em pequenas partículas suspensas no ar (≤5 μm) ou gotículas evaporadas que permanecem suspensas no ar por longa tempo. Os microrganismos carreados desta forma são disseminados por correntes de ar e podem ser inalados por hospedeiros susceptíveis, mesmo a longas distâncias.
  Veículo comum ocorre quando os microrganismos são transmitidos por veículo comum como alimentos, água, medicamentos ou mesmo equipamentos.
  Vetores são moscas, mosquitos, etc, que transmitem microrganismos.

Medidas de controle e prevenção gerais
            Para controle das infecções hospitalares em unidade de terapia intensiva neonatal, é extremamente importante que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, implante e fiscalize a execução das seguintes medidas gerais de precaução:
·       Treinamento adequado dos profissionais envolvidos na assistência ao recém-nato, com ênfase especial à lavagem /higienização das mãos;
·       Área física adequada;
·       Pias e materiais para lavagem adequada das mãos em número suficiente;
·       Racionalização na utilização de antimicrobianos e de procedimentos invasivos;
·       Reconhecimento prévio de contato com doenças infecto-contagiosas;
·       Medidas adequadas de isolamento, com leitos e quartos/ enfermarias disponíveis para esta finalidade;
·       Internação criteriosa;
·       Atenção e supervisão em relação às visitas de familiares.

Lavagem das mãos
        Estudos têm demonstrado que 90% das infecções hospitalares adquiridas podem ser prevenidas com boa técnica de lavagem das mãos, em colaboração com outras medidas de assepsia.
       A lavagem das mãos é essencial nos seguintes casos:
·       Recomenda-se que todo o profissional que entre na assistência a neonatais retire anéis, pulseiras e relógios, e lave as mãos e antebraço com sabão anti-séptico durante 3 minutos;
·       Lavar as mãos por 30 segundos antes e depois de manusear algum paciente;
·       Antes de executar ou auxiliar em qualquer procedimento.
Visitas e funcionários
·       Limitar e controlar a circulação de visitas e de pessoal que não trabalhe na unidade;
·       Não está recomendada a entrada de funcionários ou visitantes enfermos na unidade;
·       A visita de irmãos poderá ser permitida quando: idade maior que 3 anos e vacinação em dia e sem sintomas ou sinais de processos infecciosos instalados.
Uso de indumentárias
·       Funcionários devem utilizar uniformes restritos à unidade, caso seja necessário retirar-se do setor, utilizar um avental por cima do uniforme;
·       Visitas e funcionários de outro setor deverão utilizar aventais ao entrarem;
·       Uso de avental individual a cada paciente quando da realização de procedimento que necessitem de levar o neonato ao colo;
·       O uso de máscara, gorro, e avental esterilizado deverá ser mantido nos procedimentos como cateterismo umbilical, dissecção de veia, cateter percutâneo periférico, instalação de diálise peritonial e exosanguíneo transfusão.

Curativos
Realizar curativo do coto umbilical durante troca de fraldas, entre os procedimentos utilizar-se da lavagem das mãos;
·       Proceder a troca de curativos cirúrgico a cada 12-14 horas ou quando necessário utilizando técnica asséptica;
Ambiente material
·       Uso de material individual para cada paciente;
·       Desinfetar com solução desinfetante (clorexidina alcoólica a 5,0% ou hipoclorito de sódio, todos os materiais de uso comum;
·       Desinfecção do piso e superfícies da unidade com solução desinfetante (clorexidina a 0,5%), no mínimo a cada 24 horas e quando necessário;
·       Esterilização de mamadeiras e chupetas;
·       Evitar comer ou beber dentro da UTI neonatal, pois farelos e restos alimentares atraem vetores de infecções.
     Trocas e desinfecções
·       Trocar os circuitos de respiradores e umidificadores a cada 72 horas;
·       Trocar o reanimador manual (quando em uso) a cada 72 horas e após a alta hospitalar;
·       Incubadoras; Desinfecção concorrente com hipoclorito a 0,5%, na parte exterior, e limpeza com água na parte interna, para evitar a inalação dos desinfetantes, cada 24 horas. A desinfecção terminal com solução desinfetante cada 7 dias, por ocasião da alta ou quando necessário;
·       Troca do filtro da incubadora cada 3 meses;
·       Troca dos frascos e conexões de aspiração endotraqueal (quando em uso) cada 24 horas;
·       Troca dos frascos de drenagem torácica cada 24 horas;
·       Troca de sonda gástrica cada 7 dias, no caso de sondas de permanência curta;
·       Troca do frasco e equipo de soro com nutrição parenteral cada 24 horas; no caso das demais soluções e medicações contínuas, trocar o equipo e conexão cada 48 horas e o frasco seringa cada 24 horas.
É necessário o controle das trocas e desinfecções dos equipamentos e materiais, através de etiquetas que contenham as informações necessárias como: Data da troca ou desinfecção, data da realização da próxima troca ou desinfecção, material utilizado, nome do funcionário que realizou o procedimento, o conteúdo deve vir anexado ao material através de etiquetas ou  cartões.
CONCLUSÃO

            As infecções hospitalares constituem um grave problema de saúde pública, tanto pela sua alta capacidade de transmissão como pelos elevados custos para o governo. Os meios de transmissão e de prevenção devem ser constantemente inseridos no contexto da assistência multiprofissional ao neonato. É fato que a Comissão de Controle de Infecções Hospitalares tem um problema em suas mãos: a relutância de profissionais em se adaptar ao “novo”, nós lidamos com microorganismos em constante mutação, portanto mutante também serão as medidas implantadas pela comissão, o treinamento continuado e  implantação do aprendizado pelos recursos humanos fará parte essencial do sucesso de tais medidas.
             Grave problema também se constitui no sucateamento de hospitais, a falta de materiais, profissionais mal remunerados executando horas extras ou até mesmo a sobrecarga de trabalho, causando distrações e mal ou nenhuma implantação das informações já adquiridas.
             Estudos nesse sentido devem ser incentivados, uma vez que são poucos, com este tipo de abordagem e geralmente os que são publicados, fazem parte de uma  estimativa dos dados adquiridos em pesquisas com adultos e que seus dados acabam sendo transformados em parâmetros neonatais.
REFERÊNCIAS
1- MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001.
2- LOPES, G. K, ROSSETTO, E. G., BELEI, R. A., CAPOBIANGO, J. D., MATSUO. T. Estudo epidemiológico das infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina, Estado do Paraná. Acta Sci. Health Sci, v.30, n.1, p. 55-63, 2008.
3- PINHEIRO, M. S. B, NICOLETTI, C., BOSZCZOWSK, I., PUCCINI, D. M. T., RAMOS, S. R. T. S. Infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal:  há influência do local de nascimento? Revista Paulista de Pediatria, 2009; 27(1): 6-14.
4- CARVAÇHO, E. S., MARQUES, S. R. Infecção hospitalar em pediatria. Jornal de Pediatria, 1999; 75 (1): S31-S45.
5- BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria 196, de 24 de junho de 1983. Brasília, DOU de 28 de junho, 1983.
6- BRASIL, Ministério da Saúde, Lei 9431, de 06 de janeiro de 1997. Brasília, 1997.
7- ROSSI, F., S., CECCON, M. E. J. R, KREBS, V. L. J. Infecções estafilocócicas adquiridas nas unidades de terapia intensiva neonatais. Disponível em: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1095/body/06.htm. Acessado em 15 de agosto de 2010.
7- BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria 2616, de 12 de maio de 1998. Brasília, 1998.
10- ZANON, U. Infecções hospitalares: prevenção, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Editora Atheneu,1997.


Trabalho apresentado à Universidade Gama Filho como requisito à conclusão do curso de especialização em Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares.
Pós-Graduando do curso de especialização Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares. Bacharel em Enfermagem

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