quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS*


A armazenagem e distribuição se constituem na última das três macro fases da atividade de abastecimento já citadas.

Neste tópico serão dissertados apenas os procedimentos relativos aos medicamentos.

A armazenagem, no caso de medicamentos, se compõe de um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que envolvem as atividades de:

v Recebimento;
v Estocagem e guarda;
v Distribuição.

RECEBIMENTO  *Texto elaborado por Aldery Silveira Júnior

O recebimento dos medicamentos é uma das etapas mais importantes do armazenamento. Consiste, primordialmente, no ato de conferência em que se verifica se os medicamentos que foram entregues estão em conformidade com as especificações, quantidades e qualidade previamente estabelecidas no edital.

No recebimento, realizam-se dois tipos de atividades de verificação: as de
aspectos administrativos e as de especificações técnicas.

Aspectos Administrativos

v Estão intimamente relacionados ao pedido de compra, buscando atender aos requisitos estabelecidos em edital ou ao contrato, quanto às quantidades a serem entregues, aos prazos de entrega e aos preços registrados. Essa verificação deve ser efetuada da seguinte forma:

v Análise dos documentos fiscais – os medicamentos só deverão ser recebidos acompanhados de documentação fiscal (por exemplo: nota fiscal, nota de empenho, nota de movimentação de medicamento, guia de remessa, etc).

v A não conformidade do documento em relação aos produtos entregues deve ser registrada em formulário próprio e encaminhado ao setor responsável para a solução da pendência junto ao fornecedor.

v Verificação da quantidade recebida – deve estar em conformidade com a quantidade solicitada.

v Os prazos de entrega – devem ser verificados e comparados com os prazos preestabelecidos.

v Os preços – devem ser também verificados e comparados com os estabelecidos nas propostas e/ou atas de registro de preços.

Especificações Técnicas

v São aquelas relacionadas aos aspectos qualitativos e legais (cumprimento da legislação vigente de medicamentos, etc.). Verifica-se o cumprimento dos requisitos exigidos, em relação a:

v Especificações dos produtos – os medicamentos devem ser entregues em conformidade com a solicitação no que tange a: forma farmacêutica, concentração, apresentação das embalagens e suas condições de conservação e inviolabilidade.

v Registro sanitário do produto – os medicamentos recebidos devem apresentar nas embalagens o número do registro do Ministério da Saúde. Os medicamentos só podem ser comercializados se forem registrados no Ministério da Saúde.

v Certificado de análise ou laudo de controle de qualidade – documento emitido pelo controle de qualidade do fabricante do produto, no qual são certificadas as especificações técnicas de qualidade do medicamento.

v No edital de licitação, deve ser exigido que os medicamentos por ocasião da entrega venham acompanhados dos laudos de controle de qualidade, com os resultados, as faixas de normalidade e a farmacopéia de referência.

v Responsável técnico – deve ser observado se nas embalagens dos medicamentos constam o nome do farmacêutico, o número do Conselho Regional de Farmácia e a unidade Federativa na qual está inscrito.

v Embalagem – os medicamentos devem estar em suas embalagens originais, devidamente identificadas e sem apresentarem sinais de violação, aderência ao produto, umidade e inadequação em relação ao conteúdo. Devem estar de acordo com o estabelecido na legislação vigente (Portaria SVS nº 802/98, de 08/10/98).

v Rotulagem – deve estar de acordo com o que estabelece a legislação vigente (Artigo 3º da Portaria SVS nº 802/98, de 08/10/98).

v Validade – data limite de vida útil do medicamento, expressa na embalagem. Recomenda-se que no edital de licitação conste que os medicamentos, no ato da entrega, possuam prazo de validade por tempo suficiente para seu pleno consumo, considerando as condições de entrega, distribuição e de transporte existentes.

ESTOCAGEM E GUARDA

Estocar consiste em ordenar adequadamente os produtos em áreas apropriadas, de acordo com suas características e condições de conservação exigidas (termolábeis, medicamentos sob controle especial da Portaria nº 344 da ANVISA, inflamáveis, material médico hospitalar, etc.).

Para a estocagem de medicamentos, deve-se dispor de área física suficiente e
apropriada aos diferentes tipos de produtos a serem armazenados.

No caso específico de medicamentos, recomenda-se que haja uma Central de
Estocagem, que pode receber a denominação de uma Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), nos moldes apresentados a seguir.

Central de Estocagem de Medicamentos

Área destinada à estocagem e conservação dos produtos, visando assegurar a
manutenção da sua qualidade, enquanto estocados, conforme as características de cada medicamento.

A denominação de Central de Abastecimento Farmacêutico é utilizada especificamente para medicamentos, com a finalidade de diferenciá-la de almoxarifado, depósito, armazém e outros espaços físicos destinados à estocagem de outros tipos de materiais.

Características de uma Central de Abastecimento Farmacêutico

A Central de Abastecimento Farmacêutico, para assegurar condições ideais de
conservação e contribuir para a manutenção da estabilidade dos medicamentos, deverá atender a alguns requisitos básicos:

v Localização – local de fácil acesso para o recebimento e distribuição dos produtos, com espaço suficiente para a circulação e movimentação de veículos.

v Identificação externa – identificação visível por meio de nome e logotipo.

v Sinalização interna – letras ou placas indicativas nas estantes e locais de extintores de incêndio, entre outros.

v Condições ambientais – condições adequadas de temperatura, ventilação, luminosidade e umidade.

v Higienização – manutenção constante. Deve estar sempre limpa, isenta de poeira e outras sujidades. A limpeza, além de demonstrar aspecto de organização, é uma norma de segurança, que deve ser rigorosamente seguida.

v Equipamentos e acessórios suficientes – dispositivos necessários à movimentação e estocagem dos produtos.

v Segurança – segurança apropriada à proteção das pessoas e dos produtos em estoque.

v Dimensão – não existe padrão estabelecido para determinar a dimensão adequada de uma Central de Abastecimento Farmacêutico. O tamanho varia em função das atividades desenvolvidas, quantidade e tipos de produtos a serem estocados; periodicidade das aquisições; intervalo de tempo da entrega de medicamentos pelos fornecedores; sistema de distribuição (se centralizado ou descentralizado); quantidade de equipamentos, acessórios e recursos humanos; áreas necessárias à funcionalidade do serviço (área administrativa, recepção/expedição) e áreas específicas de estocagem.

Instalações

Devem ser projetadas em conformidade com o volume operacional do serviço.

Físicas

v - Piso: plano, para facilitar a limpeza, e suficientemente resistente para suportar o peso dos produtos e a movimentação dos equipamentos.
v - Paredes: cor clara, pintura lavável, isentas de infiltrações e umidade.
v - Portas: preferencialmente esmaltadas ou de alumínio.
v -Teto: deve-se evitar telhas de amianto porque absorvem muito calor.

Elétricas

Sabe-se que a maioria dos incêndios é provocada por curtos-circuitos. A
manutenção permanente das instalações elétricas deve ser prioridade dos responsáveis pelo setor. Os seguintes cuidados devem ser observados:

v - Desligar todos os equipamentos, exceto os da rede de frio, diariamente, antes da saída do trabalho.
v - Evitar sobrecarga de energia, com o uso de extensões elétricas.
v - Usar um equipamento por tomada, não fazendo o uso de adaptadores.
v - Solicitar contrato de manutenção elétrica ou realizar vistorias periódicas nas instalações. Sanitárias

Devem ser apropriadas e sem comunicação direta com as áreas de estocagem.

Equipamentos e Acessórios

De acordo com o espaço físico disponível, volume e movimentação de estoque,
entre outros, recomenda-se:

v Aparelhos de ar condicionado – utilizados para o controle adequado da temperatura no local de armazenagem daqueles medicamentos que necessitam de condições especiais de conservação. A quantidade de aparelhos necessários e a definição de sua potência deverão ser calculadas conforme dimensão do local onde estão instalados. O fabricante (e/ou vendedor) fornece tais informações.

v Armários de aço com chave – para o armazenamento dos medicamentos sujeitos a controle especial (Portaria SVS/MS nº 344/98), no caso de centrais de armazenamento de pequeno e médio porte.

v Carrinhos para transporte de medicamentos – existem em diversas formas e tamanhos, de acordo com as necessidades específicas.

v Cestas de polietileno ou similar – utilizadas para a estocagem de produtos leves. São práticas, ajustáveis, de diversos tamanhos e cores e ocupam pouco espaço.

v Caixa plástica (minicontenedores) – recipientes empilháveis ou não, de pequena capacidade, com tamanho variável, destinados ao acondicionamento de caixas pequenas ou produtos frágeis.

v Empilhadeiras – veículos destinados ao transporte de medicamentos, podendo ser manuais ou elétricas. As elétricas são usadas em armazenamento vertical, de grandes quantidades, em centrais de armazenamento de grande porte.

v Equipamentos de informática – em quantidade suficiente, conforme as possibilidades, para atender às necessidades da Central.

v Exaustores eólicos – acessórios utilizados em áreas quentes por que ajudam na renovação do ar circulante, melhorando a ventilação.

v Higrômetros – usados para a medição da umidade.

v Máquinas de calcular – imprescindíveis nas tarefas administrativas, de controle, de recepção, de expedição e outras.

v Móveis de escritório – em quantidade e modelos adequados ao serviço.

v Termômetros – para a medição da temperatura ambiente nas áreas de estocagem. São indicados os termômetros que registram temperaturas máximas e mínimas.

Segurança

Em uma Central de Abastecimento Farmacêutico, não devem existir fatores que possam propiciar riscos de perda, deteriorações, desvios e incêndios.

A falta de equipamentos de prevenção contra incêndios e a não existência de manutenção das instalações elétricas são fatores que contribuem para aumentar os riscos no setor. Por isso, medidas de segurança devem ser adotadas para garantir a devida proteção das pessoas e dos produtos em estoque.

Medidas de prevenção contra incêndio
v É necessário dispor de equipamentos de prevenção contra incêndio em todas as áreas, com fácil acesso, indicação no local dos equipamentos, instruções escritas sobre utilização destes e treinamento de pessoal.

v Os extintores de incêndio devem ser adequados ao tipo de material armazenado e fixados nas paredes, sinalizados pela demarcação de áreas abaixo deles, com um círculo ou seta larga, na cor vermelha e com bordas amarelas, na dimensão de 1m x 1m.

v Os extintores deverão possuir uma ficha de controle de inspeção, etiqueta de identificação (protegida para não ser danificada), com a data de recarga.

v Elaborar cartazes que estimulem o cumprimento das normas. Por exemplo: proibido fumar, beber e guardar alimentos nas dependências da Central de Abastecimento Farmacêutico. Os cartazes devem estar afixados em locais visíveis.

Organização interna

A organização interna da Central de Abastecimento Farmacêutico deverá
constar de áreas que contemplem as necessidades do serviço, considerando o volume e tipos de produtos a serem estocados, a saber:

v Área administrativa – destinada às atividades operacionais, deve estar localizada, preferencialmente, na entrada, para melhor acompanhamento das ações e o fluxo de pessoas e produtos;

v Área de recepção – destinada ao recebimento e à conferência de produtos. Obrigatoriamente, deve ficar situada junto à porta principal e conter normas e procedimentos escritos e afixados na parede;

v Área de expedição – local destinado à organização, preparação, conferência e liberação dos produtos;

v Áreas de estocagem – dependendo dos tipos de produtos a serem armazenados e das condições de conservações exigidas, deve-se dispor de áreas específicas para a estocagem de produtos de controle especial, tais como: área para termolábeis, psicofármacos, imunobiológicos, inflamáveis (os de grande volume devem ser armazenados em ambiente separado), materiais médico-hospitalar, produtos químicos e outros existentes. As áreas de estocagem devem ser bem sinalizadas, de forma que permitam fácil visualização das mesmas. A circulação, nesta área, deve ser restrita aos funcionários do setor.

 Organização da área física

É a disposição racional do espaço físico dos diversos elementos e recursos utilizados no serviço (materiais, equipamentos, acessórios e mobiliários), de maneira adequada, possibilitando melhor fluxo e utilização eficiente do espaço para a melhoria das condições de trabalho e garantia da qualidade dos produtos estocados.

Forma de estocagem de medicamentos

A estocagem dos produtos depende da dimensão do volume e de produtos a
serem estocados, do espaço disponível e das condições de conservação exigidas.

Existem vários equipamentos destinados à armazenagem de medicamentos,
sendo os mais utilizados:

v Estrados/pallets/porta-pallets – são plataformas horizontais de tamanhos variados, de fácil manuseio. Utilizadas na movimentação e estocagem de produtos de grandes volumes. Os porta-pallets são estruturas reforçadas, destinadas a suportar cargas a serem estocadas nos vários níveis, com bom aproveitamento do espaço vertical.

v Prateleiras – constituem-se o meio de estocagem mais simples e econômico para produtos leves e estoques reduzidos, devendo ser preferencialmente de aço.

v Empilhamento – o empilhamento deve obedecer às recomendações do fabricante, quanto ao limite de peso. Em regra, as pilhas não devem ultrapassar uma altura de 1,5 metro, para evitar desabamentos e alterações nas embalagens, por compressões.

As pilhas devem ser feitas em sistema de amarração, mantendo-se distanciamento entre elas e entre as paredes, para uma boa circulação de ar.

Recomendações

v Controle de entrada/saída – a Central de Abastecimento Farmacêutico deve dispor de uma área para a recepção e para a expedição dos produtos.

v Empilhamento – o cuidado no empilhamento dos produtos é fundamental para evitar acidentes de trabalho e desabamentos de produtos (que podem ocasionar perdas). A informação sobre o limite máximo de empilhamento permitido deve ser sempre observada e pode ser obtida no lado externo das embalagens. Essa informação é fornecida pelo próprio fabricante, quando se faz necessário.

v Utilização de inseticidas – pela possibilidade de contaminação dos medicamentos, o uso deve ser evitado.

v Manter a higiene rigorosa do local – a limpeza do local deve ser diária para não permitir o acúmulo de poeira, de papéis, de caixas vazias de papelão, que venha criar condições para propagação de insetos e roedores. O lixo deve ser depositado em recipientes com tampa e deve ser eliminado todo dia.

v Acesso de pessoas – só deve ser permitido o acesso de pessoas que trabalham no setor.

DISTRIBUIÇÃO

Atividade que consiste no suprimento de medicamentos às Unidades de Saúde, em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para posterior dispensação à população usuária.

Uma distribuição de medicamentos deve se revestir dos seguintes requisitos:
rapidez e segurança na entrega e eficiência no sistema de informação e controle.

v Rapidez – o processo de distribuição deve ser realizado em tempo hábil, mediante um cronograma estabelecido, impedindo atrasos e/ou desabastecimento do sistema.

v Segurança – é a garantia de que os produtos chegarão aos destinatários nas
v quantidades corretas e com a qualidade desejada.

v Sistema de informação e controle – a distribuição deverá ser monitorada sempre. Deve-se dispor de um sistema de informações que propicie, a qualquer momento, dados atualizados sobre a posição físico-financeira dos estoques, das quantidades recebidas e distribuídas, dos dados de consumo e da demanda de cada produto, dos estoques máximo e mínimo, do ponto de reposição e qualquer outra informação que se fizer necessária para um gerenciamento adequado.

v Transporte – na escolha do transporte, deve-se considerar as condições adequadas de segurança, a distância das rotas das viagens, o tempo de entrega e os custos financeiros.

  1. - Devido às características da carga a ser transportada, a seleção do veículo é pré-requisito para a distribuição satisfatória. Veículo com isolamento térmico é exigido para transportar medicamentos, principalmente em distâncias longas, em especial no caso de vacinas, soros e insulinas, em função das grandes variações de temperatura, umidade e pressão atmosférica que ocorrem de uma região pra outra.
  2. - Os motoristas e os responsáveis pela distribuição devem ser qualificados e capacitados quanto à natureza do material que transportam, seu manuseio correto, seu alto custo, e devem ser informados sobre as condições e fatores externos que podem alterar a qualidade de sua carga.
  3. - Observar as operações de carga e descarga, o manuseio, o empilhamento correto das caixas/containeres, conforme setas indicativas, de modo a evitar danificação dos produtos.

  1. _-Para medicamentos termolábeis, o veículo transportador deve ter características especiais (conforto térmico). Esses medicamentos devem ser imediatamente colocados nos locais adequados de armazenagem assim que chegarem ao destino.
  2. -Avaliar o processo, por meio de relatório de desempenho, dos responsáveis pela distribuição, de modo a garantir a qualidade do sistema de distribuição.

FONTE

Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do Programa de Medicamentos de dispensação em caráter excepcional / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2004. 100 p. (CONASS Documenta ; 3) ISBN 85-89545-04-0 SUS (BR)


GERENCIAMENTO DE RISCO NO ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO-HOSPITALARES

GERENCIAMENTO DE RISCO NO ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO-HOSPITALARES NO HOSPITAL REGIONAL DE PONTA GROSSA



ALMEIDA, Fernanda Pailo1
DUTRA, Jhenifer2
FILIPAK, Deisy3
ANDRADE, Rayza Assis4
FERREIRA NETO, Carolina Justus Buhrer5

RESUMO

Introdução: O gerenciamento de risco consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares que tem como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. O armazenamento tem como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar, pois possui potencial de risco ao paciente. Da mesma forma, a
identificação inadequada de medicamentos durante o processo de estocagem pode gerar erros de dispensação. Estabelecer medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a prevenir erros de medicação, visando o aumento da segurança do paciente usuário do Hospital Regional de Ponta Grossa. Reestruturação física da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) do Hospital Regional de Ponta Grossa. As condições ambientais da CAF foram adequadas.

As estantes foram identificadas e os medicamentos foram agrupados segundo o critério de similaridade por forma farmacêutica. Observou-se o critério de demanda, priorizando a estocagem dos itens de maior rotatividade em local de maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do mesmo produto devem ser agrupados, possibilitando que os lotes de vencimento anterior do prazo de validade sejam os primeiros a serem dispensados. Foram adotadas etiquetas diferenciadas para os medicamentos potencialmente perigosos. Fármacos com denominações semelhantes foram identificados com destaque nas etiquetas, através de diferentes tamanhos de fonte. Para diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica adotou-se sequência padronizada de cores para destaque das mesmas.

Como prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis alterações ou degradações visíveis. Com a organização da CAF e com a adoção de medidas adicionais de segurança acredita-se minimizar a possibilidade de erros de medicação.

PALAVRAS CHAVE
Eventos Adversos. Segurança do Paciente. Farmacovigilância.

1Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -fernandapailo@hotmail.com
2 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -jhenidutra@gmail.com
3 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -deisinha_filipak@hotmail.com
4 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -ra_yza@hotmail.com
5 Msc., Professora Assistente DEFAR -UEPG -carolbferreira@uol.com
INTRODUÇÃO

O gerenciamento de risco, uma preocupação recente entre hospitais e profissionais de saúde, consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares que tem como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. A gestão de riscos garante a qualidade da assistência e segurança do paciente no que concerne à medicamentos (farmacovigilância); materiais e equipamentos médico-hospitalares (tecnovigilância); saneantes; e sangue e hemoderivados (hemovigilância).1-3

O armazenamento é uma das etapas do ciclo da assistência farmacêutica, e corresponde a um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que têm como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar.

Podem ser citadas como atividades incluídas no processo de armazenamento:

v -recepção ou recebimento: consiste em examinar e conferir os produtos quanto à quantidade solicitada, à documentação e demais especificações exigidas, quando da sua entrada no estoque do hospital 4.
v -estocagem ou guarda: é a organização dos produtos em locais apropriados, obedecendo às necessidades específicas de estocagem de certos fármacos, visando otimização do espaço físico e da movimentação, permitindo rapidez e segurança 4.
v -segurança: proteção dos produtos contra roubos, perdas e danos 4.
v -conservação: proteção dos produtos contra agressões externas, como ação da temperatura, umidade, pH, etc. É a manutenção das características de cada produto, durante o período de 4 estocagem .
v -controle de estoque: consiste em monitorar e registrar entradas e saídas dos produtos 4.
v -entrega ou distribuição: consiste não apenas em entregar os produtos de acordo com as necessidades dos pacientes, mas em garantir que durante esta distribuição tenham-se condições adequadas de transporte e preservação da identificação, com rastreabilidade dos produtos 4.

Praticamente todas estas atividades possuem direta ou indiretamente potencial de risco ao paciente hospitalizado, pois todo e qualquer problema envolvendo medicamentos e materiais médico-hospitalares pode acarretar consequências indesejadas. Problemas na estocagem e conservação, por exemplo, podem danificar o produto por ação físico-química e/ou microbiológica, anulando seu
efeito terapêutico e até produzindo efeitos indesejáveis e tóxicos.

Da mesma forma, a identificação inadequada de medicamentos durante o processo de estocagem pode gerar erros de dispensação, podendo ocorrer confusão especialmente entre fármacos com denominações semelhantes, com mesma forma farmacêutica e entre diferentes concentrações.

Ainda em se tratando da identificação de medicamentos, alguns deles necessitam de métodos adicionais de identificação, como é o caso dos Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPPs), os quais possuem maior potencial do que outros em gerar lesões graves ou fatais se utilizados de forma
incorreta5, sendo necessário, portanto, uma atenção e cuidado maiores a fim de se evitarem erros envolvendo estes medicamentos.

Com relação aos métodos de armazenamento e organização dos medicamentos e materiais médico-hospitalares na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), existem aspectos comuns a serem considerados nesta organização, tais como:

v -similaridade: agrupamento por classe terapêutica, forma farmacêutica5
v -demanda: a localização deve facilitar a rotatividade dos produtos5
v -condições especiais: uso restrito, inflamáveis, quarentena5
v -capacidade física da área de armazenamento, tais como tamanho e altura do teto5,6
v -equipamentos em geral5

A conferência dos medicamentos é feita periodicamente, para além da contagem de estoque, haver também uma visualização quanto a alterações físicas ou data de validade deste.

Estes critérios de armazenamento permitem que os medicamentos e materiais médico-hospitalares sejam localizados de forma pronta, ágil e inequívoca, além de preservar a segurança da equipe e do ambiente de trabalho e manter a qualidade dos produtos estocados5.

OBJETIVO

Estabelecer medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a prevenir erros de medicação, visando o aumento da segurança do paciente usuário do Hospital Regional de Ponta Grossa.

METODOLOGIA

Reestruturação física da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa.

RESULTADOS

As janelas da CAF foram protegidas com persianas garantindo a ausência de luz solar direta. Para garantir a temperatura do ambiente, a CAF foi equipada com refrigeração de ar, com ambiente controlado de temperatura e umidade, com monitoramento e registro realizados duas vezes ao dia.

Os medicamentos termossensíveis foram armazenados em refrigerador com temperatura interna controlada, monitorada e registrada duas vezes ao dia.

As estantes foram identificadas com números e as prateleiras com letras conforme o Mapa de Endereçamento da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa. Os medicamentos foram agrupados segundo o critério de similaridade por forma farmacêutica.
Observou-se o critério de demanda, priorizando a estocagem das formas farmacêuticas de maior rotatividade em local de maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do mesmo produto devem ser agrupados, possibilitando a operacionalização do sistema FEFO (first expiry, first out) -o primeiro que expira é o primeiro de sai, sendo que itens de menor prazo de validade são armazenados à esquerda e à frente.

Através do sistema de controle de estoque os lotes de medicamentos e materiais médico-hospitalares com vencimento do prazo de validade nos 90 dias subsequentes são identificados e armazenados na área de quarentena para posterior descarte. Da mesma forma, itens com possíveis contaminações,
deteriorações e lotes apreendidos para descarte são segregados à área de quarentena.

Como prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis alterações ou degradações visíveis.

De forma geral os medicamentos e materiais médico-hospitalares foram identificados com etiquetas de prateleira de fundo de cor branca e inscrição na cor preta, com as informações: nome, apresentação e concentração, quando aplicável. Visando o aumento da segurança no armazenamento foram adotadas identificações diferenciadas para as etiquetas de prateleira:

v -etiquetas de fundo branco e letras rosa para os MPPs.
v -etiquetas com destaque, através de diferentes tamanhos de fonte, para fármacos com denominações semelhantes, como por exemplo, DOPAMINA e DOBUTAMINA.
v -etiquetas com destaque de cores para diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica.

Adotou-se a sequência: amarela > cinza > verde > rosa > branca. A cor amarela sempre destaca a maior concentração e a branca a menor, mesmo na ausência de concentrações intermediárias.

Instituiu-se a identificação adicional de embalagens secundárias de MPPs com etiqueta de fundo de cor rosa com a inscrição “dupla checagem” na cor branca, no processo de recebimento, garantindo que armazenamento dos mesmos seja realizado com maior segurança.

CONCLUSÃO

Com a organização da CAF e com a adoção de medidas adicionais de segurança acredita-se minimizar a possibilidade de erros de medicação.

REFERÊNCIAS

1. Feldman LB. Gerenciamento de Risco no Processo de Assistência em Saúde: depoimento. [01/07/2009]. Revista Nursing. Entrevista concedida à Vanessa Navarro.
2. Gerência de Risco. Universidade Estadual de Londrina: portal webHU. Disponível em: www.hu.uel.br/index.php. Acesso em: 26 abr. 2011.

3. Kuwabara CCT. Gerenciamento de risco em tecnovigilância: aplicação dos conceitos seis sigma e técnica delphi para o desenvolvimento e validação de instrumento de avaliação de material médico-hospitalar. 2009. Tese (Doutorado em Enfermagem)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07102009-145936/pt-br.php.
Acesso em: 26 abr. 2011.

4. Silva MT. Armazenamento e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde. In: Ferracini FT, Borges Filho WM. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar: do planejamento à realização. São Paulo: Atheneu, 2010. p.107-124.

5. Tuma IL, Carvalho FD, Marcos JF. Programação, aquisição e armazenamento de medicamentos e produtos para saúde. In: Novaes MRCG, Souza NNR, Néri EDR, Carvalho FD, Bernardino, HMOM, Marcos JF. Guia de boas práticas em farmácia hospitalar e serviços de saúde. São Paulo: Ateliê Vide o Verso, 2009. p. 149-190.

6. Sakai MC, Lima MF, Souza AB. Armazenamento de medicamentos. In: Storpirtis S, Mori ALPM, Yochiy A; Ribeiro E, Porta V. Ciências farmacêuticas -farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.153-160.


FARMÁCIA HOSPITALAR: APRESENTAÇÃO DE UM SERVIÇO

FARMÁCIA HOSPITALAR:
APRESENTAÇÃO DE UM SERVIÇO


INTRODUÇÃO

A farmácia hospitalar é um órgão de abrangência assistencial, técnico-científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e correlatos às unidades hospitalares. A execução de suas atividades é ligada aos resultados para o paciente e não apenas aos correlacionados aos produtos e serviços.
É igualmente responsável pela orientação de pacientes internos e ambulatoriais, visando sempre a eficácia da terapêutica, além da redução dos custos, voltando-se também para o ensino e pesquisa, propiciando assim um vasto campo de aprimoramento profissional.
Um serviço de farmácia em um hospital é o apoio clínico integrado, funcional e hierarquicamente, em um grupo de serviços que dependem diretamente da Direção Central e estão em constante e estreita relação com sua administração.
A principal razão de ser da Farmácia é servir ao paciente, objetivando dispensar medicações seguras e oportunas. Sua missão compreende tudo o que se refere ao medicamento, desde sua seleção até sua dispensação, velando a todo momento por sua adequada utilização no plano assistencial, econômico, investigativo e docente. O farmacêutico tem, portanto, uma importante função clínica, administrativa e de consulta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, o conceito de farmácia hospitalar é uma unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente (SBRAFH, 1997).

Dentro do hospital existe a farmácia hospitalar, cujo objetivo é garantir o uso seguro e racional dos remédios que serão prescritos pelo profissional médico, para isso tem que fazer um bom planejamento na aquisição de medicamentos e materiais hospitalares para suprir à demanda e necessidades dos pacientes hospitalizados, na mesma proporção da sua utilização (NOVAES; GONÇALVES; SIMONETTI, 2006).

A questão referente ao gerenciamento dos medicamentos e as formas como são distribuídos entre seus vários setores como (farmácia central, farmácias satélites, centro de tratamento intensivo, centro cirúrgico) nos dizem muito em relação à qualidade da prestação deste serviço pela farmácia (FREITAS, 2004). Planejar e controlar a distribuição de medicamentos dentro de um hospital é uma das formas que podem garantir que a instituição hospitalar sobreviva financeiramente.

A importância do gerenciamento dos estoques implicará em lucros para o hospital, pois um bom controle evitará perdas e desperdícios de medicamentos. Estes serviços de controle e distribuição serão de inteira responsabilidade da farmácia (NOVAES; GONÇALVES; SIMONETTI, 2006).

Quanto melhor for a organização da farmácia hospitalar em administração de medicamentos proporcionará uma melhor qualidade e baixo custo para os serviços prestados aos seus clientes (BARBIERI e MACHLINE, 2006). Segundo Wilken & Bermudez (1999), o sistema de distribuição de medicamentos pela farmácia é um dos pontos mais importantes para garantir uma boa qualidade do serviço prestado pela mesma. Dependendo do método de distribuição utilizado, podemos garantir que o paciente estará recebendo os seus medicamentos dentro de critérios que possam assegurar a sua qualidade, segurança e eficácia.

MISSÃO

A missão de Serviço de Farmácia é promover o uso racional de medicamentos, por meio da eficiente utilização dos recursos, integrando-se à equipe multiprofissional de modo a contribuir para o estabelecimento e o bem-estar do paciente.

COMPOSIÇÃO

O Serviço de farmácia Hospitalar pode possuir diferentes composições de acordo com suas atividades desenvolvidas. Um dos exemplos possíveis seria a composição com uma Central de Abastecimento, responsável pelo armazenamento dos estoques; por uma Central de Distribuição, responsável pelo atendimento aos pacientes internados nas Unidades de Internação; e por quatro Farmácias Satélites, distribuídas em unidades estratégicas, no Centro Cirúrgico, na Unidade de Terapia Intensiva Adulto, no Pronto-Socorro Adulto e na Unidade Pediátrica.

A Central de Abastecimento supre todas as demandas da Central de Distribuição, das Farmácias Satélites, dos Serviços de Auxílio ao Diagnóstico e Terapia, da Central de Material Estéril e das demais áreas que solicitam produtos ao seu consumo.

O sistema de distribuição é individualizado e aliado à automação por meio dos códigos de barras, o que torna o processo muito seguro ao paciente.

O Serviço de Farmácia coordena três frentes de trabalho que dão suporte técnico à cadeia de suprimentos de produto, sendo estes a qualificação técnica dos fornecedores, a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) e a Comissão de Padronização de Materiais Médico-Hospitalares (CPMMH).

QUALIFICAÇÃO TÉCNICA DOS FORNECEDORES

O Serviço de Farmácia do Hospital exemplificado possui um programa para avaliar e qualificar tecnicamente os fornecedores de medicamentos e materiais médico-hospitalares e cirúrgicos.

O Serviço também participa do Grupo de Avaliação de Fornecedores (GAFO) que trabalha no desenvolvimento de novos fornecedores e na constante análise daqueles já submetidos ao processo de avaliação. Esse grupo é formado por farmacêuticos que representam os principais hospitais de São Paulo.

O trabalho de qualificação técnica dos fornecedores é preliminar para que seus produtos possam ser analisados pelas comissões de padronização do Hospital (CFT e CPMMH).

COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA (CFT)

O papel do Serviço de Farmácia é de extrema responsabilidade, a ele compete o estudo e a apresentação de todo o material técnico de cada medicamento sugerido a ser incluído na seleção de medicamentos, para a análise final da CFT.

O Serviço de Farmácia tem como objetivo incentivar a prescrição dos medicamentos padronizados de forma a garantir a difusão e o cumprimento da padronização de medicamentos.

Comissão de Padronização de Materiais Médico-Hospitalares (CPMMH)

O objetivo é definir e padronizar o elenco de materiais médico-hospitalares a ser mantido em estoque, baseando-se na qualidade, nas normas técnicas e nas exigências da legislação sanitária vigente.

O Serviço de Farmácia coordena todos os testes e pareceres técnicos sobre os materiais dentro do Hospital, realiza a consulta aos seus registros no Ministério da Saúde e avalia economicamente sua viabilidade.

ATENÇÃO FARMACÊUTICA

A atividade da Atenção Farmacêutica está organizada em nosso serviço por meio de várias ações, como da conferência da prescrição médica; a orientação farmacêutica aos pacientes e acompanhantes; a validação dos medicamentos próprios em uso pelo paciente; a difusão da prática do protocolo de antibioticoprofilaxia; a conscientização sobre os perigos da automedicação aos pacientes e familiares; e a orientação quanto ao uso dos medicamentos prescritos na alta hospitalar e no acompanhamento de protocolos clínicos.

FARMÁCIA CLÍNICA

Seria fácil escolher uma definição de farmácia clínica e responder esta pergunta de forma objetiva, mas é difícil compreender o que é farmácia clínica sem voltar no tempo para entender em que contexto este conceito foi desenvolvido. Assim, aqui procura-se fazer uma síntese muito breve do contexto histórico da farmácia a partir do século XX para facilitar a compreensão do tema.

A farmácia no início do século XX estava associada à figura do boticário, que preparava e comercializava produtos medicinais. Este papel tradicional começou a ser alterado quando a preparação de medicamentos passou a ser desempenhada gradualmente pela indústria farmacêutica, a partir da Segunda Guerra Mundial. 

Esse fato levou a um descompasso entre a formação do profissional e as ações demandadas pela sociedade, gerando uma frustração em alguns profissionais, pois os conhecimentos adquiridos na graduação já não eram mais aplicados de forma permanente na prática diária e acabavam se perdendo.

Como consequência, os farmacêuticos, que atuavam na área assistencial, começaram a converter-se em meros dispensadores de produtos fabricados distanciando-se da equipe de saúde e do paciente.

As inquietudes, geradas pela situação acima descrita, levaram ao nascimento, na década de 1960, de um movimento profissional que, questionando sua formação e atitudes, determinou como poderiam ser corrigidos os problemas que estavam sendo detectados.
Assim, líderes profissionais e educadores norte-americanos passaram a discutir o conceito de “orientação ao paciente” que levou a criação do termo farmácia clínica, compreendida como uma atividade que permitiria novamente aos farmacêuticos participar da equipe de saúde, contribuindo com seus conhecimentos para melhorar o cuidado.

A partir de 1960 foram formulados vários conceitos para farmácia clínica, como, farmácia orientada de forma equivalente ao medicamento e ao indivíduo que o recebe, farmácia realizada ao lado do paciente, entre outros.

Segundo o Comitê de Farmácia Clínica, da Associação dos Farmacêuticos de Hospital dos Estados Unidos:

“A farmácia clínica é uma ciência da saúde, cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de conhecimentos e funções relacionadas com o cuidado dos pacientes, que o uso dos medicamentos seja seguro e apropriado, e que necessita de educação especializada e/ou treinamento estruturado”.

“Requer, além disso, que a coleta e interpretação de dados seja criteriosa, que exista motivação pelo paciente e que existam interações interprofissionais”.

Os conceitos de Farmácia Clínica foram sendo paulatinamente difundidos e incorporados pela profissão farmacêutica no mundo todo. No Brasil, o grande interesse pelo tema se deu na década de 80, em especial na área hospitalar, onde esta prática desenvolveu-se com mais força.

Por esta razão, ainda hoje, existe a ideia de que Farmácia Clínica é uma atividade que somente é exercida no ambiente hospitalar, onde está presente toda a equipe de cuidado do paciente.

Esta é uma idéia que pode e deve ser repensada, pois o exercício da atividade clínica não pode ser uma questão de ambiente e oportunidade, mas na realidade é uma questão de filosofia profissional, ou seja, o profissional que está voltado para o exercício da clínica age como clínico em qualquer ambiente onde se requeira uma postura de avaliação de situação para identificação e resolução de problemas de saúde.

Um exemplo disso pode ser verificado diariamente na postura de profissionais clínicos diante de situações que demandem sua atuação como, em vias públicas, cinemas, aviões, ou seja, em qualquer local onde estejam presentes e surja um problema que gere necessidade de prestação de cuidado especializado: o profissional clínico percebe sua responsabilidade de atuar e age no sentido de identificar e ajudar a solucionar o problema.

Pensando dessa forma podemos compreender que a atividade clínica do farmacêutico não pode e não deve ser exercida unicamente no ambiente hospitalar, mas em qualquer ambiente onde haja usuários de medicamentos que possam estar expostos ou experimentando agravos relacionados aos efeitos de seu uso.

É importante ainda destacar que a Farmácia Clínica representou a introdução da orientação da prática farmacêutica ao paciente. Contudo, alguns conceitos propostos colocavam ainda os medicamentos como elemento principal e somente mencionavam o paciente, o que fez com que a atividade de Farmácia Clínica fosse associada tanto a atividades diretamente realizadas com o paciente (clínicas) quanto com atividades realizadas de forma indireta.

Esta mescla de atividades diretas e indiretas regidas pelo mesmo termo contribuiu para sua própria descaracterização, enquanto atividade estritamente clínica, contribuindo para as discussões que geraram a proposta um re-direcionamento da atividade do farmacêutico clínico através do conceito de Atenção Farmacêutica ao final da década de 1980

Então Farmácia clínica pode ser definida como toda atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente através do contato direto com este ou através da orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista. Esta área não é restrita somente a hospitais, mas neles é que possui maior aplicação. É exercida em qualquer local que possua usuários de medicamentos expostos ao risco de seu uso.[

O profissional da clínica farmacêutico tem a funções de garantir o uso correto do medicamento, em conjunto com a equipe multiprofissional dos hospitais e ambulatórios, reduzindo o tempo de internação e melhorando a adesão destes ao tratamento para garantir uma melhor qualidade de vida. No início do século XX a figura do farmacêutico e da farmácia estava ligado ao boticário, bem diferente do conhecimento que o farmacêutico possui hoje.

Essa situação acabou distanciando alguns profissionais das práticas em saúde naquela época. Assim alguns, acabaram apenas atuando como dispensadores de produtos comerciais.

Toda essa situação, gerou na década de 60 uma reorganização das atitudes e formação, gerando um movimento profissional para discutir melhorias nesta área. Assim, nascia nos Estados Unidos o termo farmácia clínica, que incluia os farmacêuticos na equipe de saúde para garantir sua qualidade de vida.
Farmácia clínica pode ser definida como toda atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente através do contato direto com este ou através da orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista. Esta área não é restrita somente a hospitais, mas inclui também farmácias comunitárias, clínicas privadas, ambulatórios, unidades de saúde e lares de longa permanência. Pode ser exercida em qualquer local que possua usuários de medicamentos expostos ao risco e às consequências de seu uso.1
O profissional da clínica farmacêutica tem, entre outras funções, a de garantir o uso correto do medicamento, em conjunto com a equipe multiprofissional dos hospitais e ambulatório, reduzindo o tempo de internação e melhorando a adesão destes ao tratamento para garantir uma melhor qualidade de vida.1 Atua também na gestão da farmacoterapia, revisando aspectos da seleção, administração e resultados terapêuticos obtidos. Fornece educação e orientação ao paciente e recomendações ao médico para ajustes no tratamento.
No início do século XX a figura do farmacêutico e da farmácia estava ligado ao boticário, bem diferente do conhecimento que o farmacêutico possui hoje. Essa situação acabou distanciando alguns profissionais das práticas em saúde naquela época. Assim alguns, acabaram apenas atuando como dispensadores de produtos comerciais. Toda essa situação, gerou na década de 60 uma reorganização das atitudes e formação, gerando um movimento profissional para discutir melhorias nesta área. Assim, nascia nos Estados Unidos o termo farmácia clínica, que incluia os farmacêuticos na equipe de saúde para garantir sua qualidade de vida.

Nesta atividade o farmacêutico clínico está inserido na equipe multiprofissional, participa das visitas aos pacientes e discute com a equipe a melhor proposta terapêutica para cada paciente. Hoje, esse acompanhamento clínico é realizado em 23 leitos destinados a pacientes críticos.

CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM)

O CIM é o polo divulgador de informações sobre medicamentos do Hospital. O Centro é imprescindível a todos os profissionais assistenciais do Hospital e, sem dúvida alguma, ao suporte do trabalho da Atenção Farmacêutica e da Farmácia Clínica.

PRINCIPAIS ATIVIDADES:

Prestação de suporte técnico e clínico aos usuários; produção de informes e boletins farmacêuticos com base nas solicitações de informações aos usuários; estudo das monografias de medicamentos sugeridos para a inclusão pela CFT; autoria e atualização do Manual Farmacoterapêutico; cadastro de medicamentos; desenvolvimento de protocolos clínicos; e é responsável pelo Programa de Farmacovigilância e Tecnovigilância do Hospital.

O Serviço de Farmácia do Hospital possui um programa de Notificação de Eventos Adversos e Desvio de Qualidade, atrelado ao CIM.

Realiza a busca ativa às reações adversas, o que trouxe um incremento ao acompanhamento da qualidade dos resultados do arsenal terapêutico e da prática na utilização dos medicamentos, até então todos os eventos eram notificados exclusivamente de forma espontânea.

O Serviço de Farmácia avalia as notificações de eventos adversos (EA) e as notificações de desvio de qualidade e as encaminha ao fabricante e aos órgãos governamentais.

Lembramos que EA é qualquer ocorrência médica indesejável que se apresente durante um tratamento com o produto farmacêutico e, para assegurar um acompanhamento adequado do resultado dos produtos utilizados no Hospital, precisamos do envolvimento de todos os profissionais da assistência na identificação e na notificação espontânea dos eventos.

POR MEIO DAS NOTIFICAÇÕES, SE CONTRIBUÍ PARA:

v A detecção precoce das reações adversas, sobretudo as mais graves;
v O estabelecimento da incidência das reações adversas;
v A determinação dos fatores que predispõem a reações adversas;
v O desenvolvimento de programas de informações sobre medicamentos dirigidos a profissionais de saúde;
v A retirada do mercado de medicamentos e produtos inadequados;
v A colocação de restrições de uso na bula do produto.

O Serviço de Farmácia participa e contribui em alguns comitês, como o Comitê de Ética em Pesquisa, Comitê de Educação ao Paciente, Grupo de Atendimento Especializado em Lesões de Pele (Grael), Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), Núcleo de Assistência ao Diabético (Numad), Comitê de Flebite, Comitê de Dermatite, Comitê de Queda e Comissão de Avaliação de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM).

A equipe do Serviço de Farmácia está sempre em busca de conhecimentos e capacitação para o alcance do estabelecimento das melhores práticas na utilização dos medicamentos e materiais, com foco no resultado do cliente, nosso paciente.

1. HOSPITAIS E SUAS INTER-RELAÇÕES COM OS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS

1.1. Estrutura organizacional e funcional dos hospitais
1.2. Inter-relações dos profissionais da equipe de saúde e com os demais setores de um hospital

2. SERVIÇO DE FARMÁCIA HOSPITALAR

2.1. Estrutura organizacional e funcional do serviço de farmácia hospitalar

2.2. Sistemas de distribuição de medicamentos

 2.2.1. Sistema coletivo
 2.2.2. Sistema por prescrição individual
 2.2.3. Sistema por dose unitária
 2.2.4. Sistema misto
 2.2.5. Farmácias satélites

2.3. Farmacotécnica hospitalar

2.3.1. Fracionamento e diluição de medicamentos por via oral.

2.3.2. Preparação, diluição e reconstituição de medicamentos estéreis.

Ø  Técnicas assépticas
Ø  Nutrição parenteral
Ø  Quimioterapia

2.4. Aspectos gerenciais e administrativos

2.4.1. Aquisição de Produtos Farmacêuticos
2.4.2. Armazenamento de Produtos Farmacêuticos
2.4.3. Gestão de Estoque    

2.5. Serviços clínicos e de suporte

2.5.1. Comissões e equipes multidisciplinares

Ø  Comissão de farmácia e terapêutica / Comissão de padronização de medicamentos
Ø  Comissão de controle de infecção hospitalar
Ø  Suporte e monitoramento da terapia nutricional
Ø  Suporte e monitoramento da terapia oncológica

2.5.2. Farmacovigilância e farmacoepidemiologia

Ø  Reação adversa à medicamentos
Ø  Estudo da utilização e uso racional de medicamentos
Ø  Intervenção farmacêutica
Ø  Erros de medicação

FONTE : OBSERVAÇÃO

v Manual Farmacoterapêutico do Hospital Samaritano, 5ª edição, 2009
v Seu conteúdo vem acompanhando toda a evolução dos acontecimentos do Hospital Samaritano passou pela acreditação da Joint Commission International (JCI) em 2004, pela reacreditação da JCI em 2007, e vem seguindo seu caminho na contribuição da visão do Hospital pela superação da expectativa de seus clientes.

BIBLIOGRAFIA

LIVROS (A maioria dos livros descritos na bibliografia da disciplina estarão disponíveis para consulta dos alunos no laboratório de Farmácia Clínica e Farmácia Hospitalar (Professores Luciana M. Kerber e Valdecir M. Laura)
1.     BORGES FILHO, W.M; FERRACINI, F. T. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar. São Paulo/Rio de Janeiro: Atheneu, 2007.
2.     BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Guia básico para a farmácia hospitalar, Brasília, 1994.

3.     BUCHANAN, C. MCKINNON, B.T.; SCHECKELHOFF, D.J.; SCHNEIDER, P.J. Principles of sterile product preparation.  Bethesda: ASHP, 1995.
4.     CAVALLINI, M.E.; BISSON, M.P. Farmácia hospitalar – um enfoque em sistemas de saúde. São Paulo: Manole, 2002.
5.     DA FONSENCA, S.M.; MACHADO, R. DE C. L.; PAIVA, D.R.DOS S.; DE ALMEIDA, E.P.M.; MAASSUNAGA, V.M.; JÚNIOR, W.R.; KOIKE, C.T.; TADOKORO, H. Manual de quimioterapia antineoplásica. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2000.

6.     DOS SANTOS, G.A.A. Gestão de farmácia hospitalar. São Paulo: Senac, 2006.
7.     FALGAS, J.B.; HURLÉ, A.D.; PLANAS, M.C.G.; LECUMBERRI, V.N.; MOLINA, E.V. (Eds). Farmacia hospitalaria. 3.ed. Madrid: SEFH, 2002.
8.     FERRACINI, F.T.; BORGES FILHO, W.M. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar: do planejamento à realização. Atheneu, 2006.
9.     GOMES, M.J.V. de M; REIS, A.M.M. (Ed) Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. Atheneu, 2000.
10. HASSAN, W.E. Hospital pharmacy. 5.ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1986
11. KODA-KIMBLE, M. A.; YOUNG, L. Y.; KRADJAN, W. A.; GUGLIELMO, B. J.; ALLDREDGE, B. K.; CORELLI, R. L. Applied therapeutics: the clinical use of drugs. Lippincott Williams & Wilkins, 2005.
12. KOHN, L.T.; CORRIGAN, J.M.; DONALDSON, M.S. (Eds). To err is human: building a safer health system. Washington: National Academy Press, 2000.  
13. MAIA NETO, J.F. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: Rx Editora & Publicidade Ltda, 2005.
14. ORREGO, A.A.; CÁRCAMO, E.C.; JELDRES, C.D.; ARENAS, C.P.; VALENZUELA, M.P.; ROA, E.P.; GARCÍA, M.R.; ALVAREZ, I.R.; CVITANIC, M.V. Fundamentos de farmacia clinica. Santiago: Piade, 1993.
15. OPAS/OMS. Serie medicamentos essenciales y tecnología, 1997.

16. RASCATI, K.L. Introdução à farmacoeconomia. Porto Alegre: Artmed, 2009.
17. STONE,P; CURTIS, S.J. Pharmacy practice. 3.ed.London/Chicago: Pharmaceutical Press, 2002.
18. STORPITIS, S.; MORI, A. L. P. M; RIBEIRO, E.; PORTA, V. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2008.
19. WERTHEIMER, A.I. DANIELS, C.E. Manual para la administración de farmacias hospitalarias. Washington. OMS/OPAS, 1989.

SÍTIOS da INTERNET


  1. www.afargs.com.br – Associação dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul (Conexões para algumas fontes bibliográficas primárias e secundárias).
  2. www.afphb.be/htm/liensbas.htm – Association Francophone des Pharmaciens Hospitaliers de Belgique (Conexões a vários temas relacionados às Ciências Farmacêuticas).

  1. www.fpnotebook.com – Family Practice Notebook (Acesso a vários temas, em destaque, Hematologia e Oncologia, Doenças Infecciosas, Farmacologia, Prevenção, Cirurgia, entre outros).
  2. www.globalrph.com – Disponibiliza a realização direta de cálculos eletrônicos destinados para profissionais práticos.
  3. www.mcmahonmed.com – Conexão a vários temas farmacêuticos, especificamente relacionados ao suporte de nutrição e terapia oncológica.
  4. www.med.uni-heidelberg.de – Univesitätsklinikum und Medinische Fakultät Heidelberg (Conexões a informações relacionadas sobre Farmacologia Clínica, Farmacoepidemiologia, Utilização de Medicamentos)
  5. www.medscape.com – Acesso aos periódicos disponíveis na área da saúde (Enfermagem, Farmácia, Medicina, Nutrição)
  6. www.periodicos.capes.gov.br – Acesso aos periódicos diretamente relacionados à área de farmácia hospitalar (American Journal of Health-System Pharmacy, Farmacia Hospitalaria, Hospital Pharmacist, Journal of Pharmacy Practice, Pharmacien Hospitalier, Pharmacoepidemiology and Drug Safety, Pharmacy Practice, Seguimiento Farmacoterapêutico e WHO Drug Information) e aos periódicos de suporte clínico (Drug Safety, BMC Clinical Pharmacology, British Journal of Clinical Pharmacology, British Medical Journal, Journal of the American Medical Association, Lancet, Mayo Clinic Proceedings e Prescriber), entre outros.
  7. www.sefh.es -  Acesso ao sítio da Sociedade Espanhola de Farmacêutico Hospitalares.