sexta-feira, 3 de outubro de 2014

METODOLOGIAS DE GESTÃO EM SAÚDE

METODOLOGIAS DE GESTÃO EM SAÚDE

 

INTRODUÇÃO

 Ë importante assinalar que no mundo moderno existem diversos métodos de gestão que constantemente estão evoluindo com o objetivo de diminuir custos e aumentar a eficiência, eficácia e efetividade das ações desenvolvidas.

Utilizaremos em nossas discussões uma metodologia de gestão que vem sendo adotada na maioria dos Países desenvolvidos e que tem oferecido resultados favoráveis nas organizações em que são implantadas. Trata-se da gestão pela Qualidade Total (GQT).

GESTÃO ESTRATÉGICA PELA QUALIDADE

 HISTÓRICO

 Há alguns anos iniciou-se, em nível mundial, uma tendência a globalização dos mercados pelo aumento da internacionalização do capital, através de iniciativas tais como; a unificação dos mercados na Europa representado pela criação da C.E.E (Comunidade Econômica Européia), do NAFTA (Acordo Comercial e Financeiro entre Estados Unidos, México e Canadá), na América do Norte, e mais recentemente do MERCOSUL (Mercado do cone sul entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), e também do Pacto Andino, ambos na América do Sul.
É evidente que práticas mercadológicas usuais tiveram que ser revistas, principalmente por parte do segmento industrial em função de um possível aumento do processo de "competição" e passou-se a dar maior ênfase e prioridade nas organizações, do ponto de vista de planejamento e gestão dos processos industriais ao fator qualidade, que possivelmente a curto prazo, será um dos indicadores determinantes que regulará o mercado mundial de bens de consumo, e mesmo de serviços e irá influir decisivamente, em nível internacional, como fator primordial para a sobrevivência de produtos e empresas (Organizações).
Como já vimos, de acordo com Báez, Sanches e Mitteldorf uma empresa ou organização é um grande sistema composto por sub sistemas que se integram através de recursos, métodos e processos organizativos, de forma a atingir um objetivo comum.
Uma maneira de representarmos uma organização de forma simplificada poderia ser efetuada pelo seguinte esquema:  



 Como podemos ver a questão do poder é o centro do sistema dentro de uma organização e a sua influência e vital para que haja a interação com todas as outras questões ligada à organização

A gestão desses subsistemas determina, implementa e acompanha a aplicação das diversas políticas, afinadas com a missão da empresa. Em particular, a gestão da qualidade total (TQM), caracteriza-se pela administração das atividades relativas ao atingimento paradigmático da qualidade final de produtos e serviços

Toda empresa insere-se num contexto variável e muitas vezes dotado de imprevizibilidade, que exige reposicionamento constantes e competentes. Assim

PLANOS ESTRATÉGICOS se fazem necessários e, para tanto, é regra avaliar o status e definir objetivos em consonância com as diversas exigências internas e externas.
Várias propostas estão sendo desenvolvidas em todo mundo, através de inúmeras organizações visando a implantação e implementação do Planejamento e Gestão Estratégica pela Qualidade, e que muitas vezes, ou melhor definindo, são adaptadas a realidade de cada país onde encontra-se a organização.

Dentre as opções existentes, podemos e ressaltaremos a implementação de diversos sistemas de Qualidade como, por exemplo, os baseados na série 9000 das normas ISO, e também o Programa 8S de origem Japonesa.

Uma administração moderna, competente, criativa e voltada para resultados começa sempre com a preparação dos recursos humanos que serão necessários para desenvolver equipe eficientes e eficazes, com indivíduos dotados de habilidades adaptativas e inovativas.

Desenvolver um programa de qualidade como parte do planejamento e gestão estratégica pela qualidade, e conduzi-lo de forma global e agindo também localizadamente, desde a alta direção até o fim do sistema como forma para se obter excelentes resultados e estar entre as organizações que desfrutam de boa reputação e competitividade no mercado.

O PARADIGMA DA GESTÃO ESTRATÉGICA PELA QUALIDADE

Para podermos entender o paradigma em questão, devemos responder duas perguntas que consideramos de extrema importância para a sobrevivência de qualquer organização neste século, e inicio de próximo milênio.
  • Onde a organização gostaria de estar daqui a dois, cinco, dez, anos, etc.?
  • Como alcançar este futuro de maneira efetiva?

O meio ambiente das organizações está caracterizado atualmente, tanto internamente como externamente, por um avanço rápido nas áreas de ciência e tecnologia, informação, planejamento e gestão, que são extremamente dinâmicas e que para as organizações passam a se constituir um problema sério, considerando a possibilidade de em pouco tempo tornarem-se obsoletas ou sucateadas, tanto em relação ao processo de produção quanto ao processo de administração.

Definindo em termos de adaptação ao que chamamos de teorias organizacionais, que abordaremos posteriormente, poderíamos dizer que as mesmas estão sempre em processo de mutação e que como consequência desse processo há a possibilidade de perda de competitividade no mercado com consequente eliminação da referida empresa do cenário de competição compreendida em seu raio de ação.

Pelo exposto, podemos verificar que a corrida das organizações para se tornarem competitivas, eficientes e eficazes e desenvolverem suas atividades com efetividade não é uma questão puramente técnica nem mesmo administrativa, mas sobretudo de sobrevivência no mercado da própria organização.

Tendo em vista a atual competição internacional nos países que aderiram a economia globalizada, e considerando o atual contexto existente de hegemonia tecnológica dos países consideradas de primeiro mundo ou centrais, temos que considerar os seguintes fatores que influenciam o desempenho das organizações e que constituem atualmente as fontes de alimentação das ações de mudança do paradigma de administração ou gestão, principalmente empresarial (privada), principalmente no contexto da área industrial, apesar da viabilidade de transposição do mesmo contexto para a área terciária de produção representada pelos serviços.

São fatores importantes:

  • Crescentes exigências dos clientes;
  • Leis de proteção ao consumidor;
  • Rapidez de acesso e difusão das informações;
  • Flexibilidade e necessidade de respostas rápidas;
  • Globalização dos mercados;
  • Utilização cada vez maior de altas tecnologia;
  • Proteção trabalhista e aumento das aspirações dos trabalhadores;
  • Preocupação com o meio ambiente, que tem sido espoliado nas últimas décadas em detrimento do que alguns consideram “Progresso“;
  • Escassez de recursos para investimento.

A escassez de recursos para investimento é uma constante em todo o mundo, entretanto não podemos deixar de considerar que os países periféricos estão extremamente mais vulneráveis a essa questão do que os países centrais. É evidente que países que tenham condições de investir em todas as áreas possíveis, principalmente no quesito representado pela ciência e tecnologia terão privilégios no futuro, o que não é o caso dos países considerados de economia periférica como o Brasil.

AS PRINCIPAIS QUESTÕES AVALIADAS NO NOVO PARADIGMA


Considerando-se o atual contexto evolutivo do sistema capitalista hegemônico, que tem como essências a idéia da economia globalizada têm que considerar como principais bases do novo paradigma, e como sustentáculo para o atendimento do planejamento e gestão estratégica pela qualidade total os seguintes quesitos:

FOCO NO CLIENTE

O cliente ou usuário de qualquer sistema é colocado hoje como a chave do sucesso de qualquer organização, independente de sua origem. Para o cliente ou usuário, que desconhece as questões mais amplas ligadas ao processo de globalização da economia e dos problemas ligados ao processo de produção de produtos e serviços, bem como das distorções que esta questão pode trazer para a economia nacional de um determinado país, não importa se está adquirindo um carro Ford, Chevrolet ou Fiat, um vídeo Toshiba, uma televisão Soni, um som da Panasonic, um relógio Cásio ou um computador da IBM do Brasil.

Para o cliente é importante a sua satisfação pessoal ao adquirir um determinado bem ou serviço, independentemente de sua origem. Entretanto, apesar da variação de seu nível de cultura é capaz de observar e avaliar o quesito qualidade do bem ou serviço adquirido, com exceção de algumas áreas mais técnicas que não podem ser observadas pelo consumidor mais comum. Todas essas colocações são adaptáveis aos sistemas e serviços de saúde

TIPOS DE CLIENTES

 O cliente ou usuário de qualquer sistema é a figura principal de qualquer organização, e como tal deve ter um tratamento todo especial. O cliente ou usuário do sistema pode ser definido de acordo com sua relação com o processo organizativo, tais como:

  • Cliente Externo - depende do produto ou serviço que é fornecido pela organização;

  • Cliente Interno - é aquele que presta serviço a organização (trabalhador ou colaborador);

  • Cliente Potencial - É aquele que não realiza negócios com a organização, mas pode fazê-lo no futuro;

  • Comunidade - É aquele grupo de pessoas que vive, mora ou se estabelece no entorno da organização, e que podem a vir a estabelecer relações comerciais, ou mesmo relações que estejam ligadas aos aspectos sociais, de saúde, meio ambiente, etc.
 RAPIDEZ DE RESPOSTA E FLEXIBILIDADE

É conseguida através do planejamento e gestão estratégica, do incentivo a criatividade, de uma arquitetura organizacional adequada aos objetivos que se deseja alcançar e da reestruturação da organização que deve ser gerenciada por processos.

A QUESTÃO DA QUALIDADE

 A partir da década de 70, a qualidade se tornou o centro do novo direcionamento dado pelos negócios das organizações, o que propiciou o desenvolvimento de uma nova metodologia que poderíamos chamar de “Planejamento e Gestão Estratégica da Qualidade “

A questão da gestão pela qualidade total vem sendo desenvolvida e tem percorrido um processo de evolução, desde as idéias de Willlian Edward Deming, com seu inicio logo após a II grande guerra, até o principio dos anos 80. Essas idéias podem considerar como o pilar inicial do que conhecemos atualmente como Planejamento e Gestão da Qualidade Total.

CONCEITO DE QUALIDADE

 Vários autores contribuíram para a implementação da qualidade nas organizações e sua conceituação, tais como:

  • Adequação ao uso - Joseph Juan;
  • Atendimento das especificações - Philip Crosby;
  • O conjunto de todas as características de um produto, desde o Marketing até a Assistência Técnica, que determina o grau de satisfação do usuário (cliente) Armand Feigenbauim.

Pode-se definir a Qualidade como satisfação do cliente ou então como a ausência de defeitos no processo produtivo industrial ou de serviços. A definição em questão tem como mérito permitir uma análise dos efeitos dos referidos conceitos sobre a organização.

Resumindo poderíamos definir como “QUALIDADE - A totalidade das propriedades e características de um produto ou serviço que lhe confere habilidade para satisfazer necessidades explícitas ou implícitas.“ (ISO 8402 - QUALITY - VOCABULARY).

O conceito de qualidade tem mudado dramaticamente nos últimos dez anos. Uma década atrás, era dado ênfase aos produtos; ou seja, qualidade significava a capacidade de um produto de estar em conformidade com as especificações. (caso específico da Good Manufaturing Practices - GMP, utilizado na indústria farmacêutica, que corresponde ao que conhecemos por ISO 9002, e que foi elaborado e aperfeiçoada pelo F.D.A Americano).

Presentemente a questão da qualidade incorporou o conceito de satisfação dos detentores de participação numa organização, incluindo a comunidade, os clientes, os fornecedores, os acionistas, os empregados e a gerência. A qualidade atualmente abrange elementos tão diferenciados, como a melhoria da vida no trabalho, a promoção da diversificação de funções, melhoria das condições ambientais, facilitação do comércio e realce da competitividade.

Conforme podemos verificar esse novo modelo de gestão incorporam conceitos que antes não eram levados em consideração e que mudam completamente a lógica da gestão e portanto criam desafios para as dimensões do trabalho.

O QUE VEM A SER SISTEMA DE QUALIDADE?

 É representado pela estrutura, as responsabilidade, os procedimentos, os processos e os recursos da organização necessários para a implementação da Gestão Total da Qualidade - (T.Q.M) .

CONCEITO DE ESTRATÉGIA

 O conceito de estratégia foi primeiro definido no ambiente militar, representando o conjunto de ações que deveriam ser realizadas no sentido de impor ao inimigo as condições de batalhas, tais como: a hora, o local, o posicionamento para aplicação de determinada tática. 

Portanto, o Planejamento Estratégico é incorporado pela Gestão Estratégica, tão difundido nas organizações,  e na verdade não passam de adaptações de sistemas militares, que também iniciaram a preocupação marcante com a questão da qualidade de produtos e sistemas utilizados em guerras e que foram exportados para a administração de um modo geral de organizações e sistemas e que atualmente estão em moda.

No conceito militar, a estratégia prevê a conquista ao longo do terreno, de um modo geral conhecido como teatro das operações, o que requer o conhecimento de todas as possibilidades e principalmente da potencialidade dos estrategistas inimigos.

Entretanto, no que se refere a qualidade total podemos considerar a estratégia como um conjunto de ações que deveriam ser realizadas no sentido de impor ao inimigo (outras organizações), as condições da batalha, tais como: hora, local e posicionamento, e também a procura do conhecimento pleno das estratégias e táticas utilizadas pelos “inimigos “ (direção das outras organizações).

Na Qualidade a conquista de espaço no mercado costuma acontecer ao longo do tempo. Cabe a direção impor à concorrência e ao mercado as condições de uma posição vantajosa, (fato que deve ter a regulação do Estado para a manutenção do equilíbrio e das regras do jogo).

CONCEITO DE GESTÃO ESTRATÉGICA PELA QUALIDADE

 Como poderíamos definir Gestão Estratégica pela Qualidade, considerando a dinâmica dos sistemas sociais?

“A Gestão Estratégica da Qualidade é o processo no qual a direção de uma organização formula e implementa estratégias que visam alcançar as metas que ela se propõe“.

“Cabe a Direção ajustar a estratégia da organização às capacidades internas e as demandas do ambiente externo“.

“A Gestão Estratégica visa criar, formar e especializar a organização nos produtos e serviços que realiza, nos processos que utiliza para produzi-los, no atendimento aos clientes que possui, e na política que direciona suas atividades“.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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12)   MATUS C. Política Planejamento & Governo, Tomo I. Brasília:
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14)   MINTZBERG, H. Criando Organizações Eficazes: Estrutura em
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15)   MIRSHAWKA, V. Hospital, Fui Bem Atendido!!! A Vez do
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21)   PINEAULT, R. & DAVELY, C. La planificación sanitaria. Conceptos,
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22)  PRESTES MOTTA, F. C. Teoria Geral da Administração: Uma
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23)  RIVERA, F. J. U., (Organizador),1992. Planejamento e Programação
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24)  TAKASHINA, N.T. & FLORES, M. C. Indicadores de Qualidade
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25)  TAVEIRA, M. ”Planejamento e Programação: Aproximações
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26)  UMEDA, M. As sete chaves para o sucesso do 5S. Belo
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27)  WERKEMA, M.C.C. As Ferramentas da Qualidade no
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ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE

ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE





 A Questão do processo de gestão em saúde vem merecendo nas últimas décadas atenção cada vez maior dos profissionais de saúde, principalmente em virtude da demanda crescente da necessidade de assistência à saúde pelas populações, também demograficamente crescentes em termos mundiais, como também pelo avanço constante das tecnologias utilizadas para tratamento, diagnóstico e prevenção das nosologias prevalecentes que normalmente para serem disponibilizadas exigem um alto custo em contraponto com a carência orçamentária e financeira de recursos disponibilizados pelos governos para tal fim.

Fica a pergunta: Como gerir um sistema ou serviço de saúde que cada mais é solicitado pelas populações demandantes, cada vez mais cientes de seus direitos sociais compatibilizando os recursos existentes com as necessidades reais de assistência à saúde necessária para atendimento de uma demanda crescente da população?

A resposta está no processo de gestão dos recursos disponíveis de forma adequada e responsável, e pela utilização de métodos racionais de gestão que permitam a otimização dos gastos com saúde.

OS PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO

 ·       Mesopotâmia – Já o planejamento era utilizado para a condução de milhares de trabalhadores que realizavam inúmeras obras;

·       Egito – Inicia-se a administração burocrática;
·       Confúcio – Introduziu parábolas sugerindo práticas para a boa administração pública;
·       Hamurabi, Rei dos Amoritas (Babilônia) – Criou os primeiros códigos disciplinadores do trabalho;
·       Hebreus – Introduziram os conceitos de organização escalar;
·       Império Romano – Introduziu o conceito de administração pública

O DESENVOLVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO

 Fase teocrática

•        Século XII aC. - Moisés
•        Seculo IX aC. - Salomão
•        Século V/VI aC. - Confúcio
•        Século dC. - VI/VII dC. - Maomé
•        Século VIII/IX - Carlos Magno

Fase empírica-prática

•        Século IX aC - Licurgo
•        Século VI aC. - Sólon
•        Século IV aC - Alexandre, o Grande
•        Século II/I aC. – Cezar

Fase Moderna e Pós moderna

•        Diversos autores - Adam Smith, Ford, Taylor, Fayol, etc.

ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA


Pensamentos de Taylor (1856-1915)

q Estudos de Tempos e Movimentos.
q Determinação da Única Maneira Certa.
q Seleção do Homem de Primeira Classe.
q Lei da Fadiga.
q Incentivo Monetário.
q Padrão de Produção.
q Supervisão Cerrada.
q Aumento da Produtividade.
q Maiores Salários e Maiores Lucros.

ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA


Pensamento de Fayol (1841-1925)

q Divisão de Trabalho.
q Especialização.
q Unidade de Comando.
q Amplitude de Controle.
q Objeto Principal da Organização: Tarefas
q Organização Formal.
q Maior Eficiência.
q Maiores Salários e Maiores Lucros.

Resumindo em relação aos antecedentes históricos da administração tivemos vários tipos de contribuições que podem ser destacadas pelos seguintes povos: A administração burocrática foi introduzida pelo Egito; Os códigos disciplinadores do trabalho surgiram com Hamurabi;Rei dos Amoritas; O conceito de organização escalar surgiu com os Hebreus, A administração que pública surgiu no Império Romano, e o planejamento para a condução de milhares de trabalhadores que realizavam obras já era utilizado na mesopotâmia.

Vários filósofos contribuíram para o desenvolvimento da administração e podemos destacar Sócrates que considerava a arte de administrar uma habilidade pessoal. Já Platão considerava a administração como uma forma de governo e a relacionava a administração pública. Aristóteles considerou a administração como uma forma de organização do Estado e apontou três formas de administração pública representadas pela monarquia que seria o governo realizado por uma só pessoa, a aristocracia que seria o governo realizado por uma elite, e a democracia que seria um governo realizado pelo povo a favor do povo. Atualmente encontramos governos que tem como alicerce a religião e que são chamados de teocracias.

Algumas organizações tiveram influência na evolução da administração dentre as quais podemos destacar a Igreja católica, as organizações militares e as Organizações fabris . As organizações militares contribuíram com os principio de unidade de comando, escala hierárquica, autoridade delegada à níveis mais baixos, controles centralizados e operações descentralizadas, estado maior “Staff”, principio de direção - o que se deve saber e o que se espera, e com a disciplina. A igreja católica também contribuiu muito para o desenvolvimento da administração e no caso específico da área de saúde foi a responsável pela introdução no Brasil dos primeiros hospitais representados pelas Santas Casas de Misericórdia. As organizações fabris também contribuíram para o desenvolvimento da administração principalmente através de trabalhos realizados por Taylor que procurou estudar a administração pela observação do trabalho desenvolvido pelos operários durante a fabricação de produtos em uma fábrica.

Já Fayol procurou estudar a administração tendo outro foco representado pela forma de organização das empresas e por último Mayo introduziu em administração o conceito de psicologia do trabalho. Taylor procurava estudar tempos e movimentos. Fayol enfatizou muito todas as funções técnicas, comercias, financeira, de segurança e contábeis. Mayo via o trabalho como atividade grupal, estudou delegação de poder a níveis mais baixo, estudou a necessidade do trabalhador ser reconhecido.

Para que possamos discutir gestão em saúde temos que primeiro ter idéia de alguns conceitos preliminares entre os quais podemos destacar:

 Organização
 Sistema de Saúde

CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO

 Segundo Baez, Sanches e Mittendorf (1994), definem como organização um sistema composto por sub sistemas que se integram através de recursos, métodos e processos organizativos de forma a atingir objetivos e metas.
É importante assinalar que a palavra organização seria um termo genérico para definir qualquer tipo de estrutura de produção social. As organizações podem ser micro ou macro dependendo do contexto em que está sendo analisada.
Como exemplo de uma organização micro podemos citar as nossas próprias famílias que funcionariam como células ou sub sistemas de uma organização macro representada por qualquer sistema social.
Como exemplo de uma organização macro poderemos citar um País que por sua vez possui sub sistemas, que no caso do Brasil é composto por três instâncias (federal, estadual e municipal).

Analisando a questão do Brasil poderíamos dizer que se trata de uma macro organização. Entretanto, levando-se em consideração que nenhum País sobrevive isoladamente no mundo globalizado poderíamos dizer que o mesmo pode ser classificado como um sub sistema de um sistema mais amplo como o mercado comum Europeu, Pacto Andino, Mercosul, Organização Mundial de Comercio, Organização Mundial de Saúde, etc.

Necessitamos ter em mente que os sistemas sociais são bastante heterogêneos em função de crenças, valores e cultura. Logo temos que sempre levar em conta quando estudamos qualquer organização o que entendemos por cultura organizacional

CONCEITO DE CULTURA ORGANIZACIONAL


Segundo Shein (1985), a cultura organizacional é um grupo de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu lidando com problemas, buscando a adaptação externa e a integração interna e que funcionou bem o suficiente para ser considerado valido e replicado, ensinando a novos membros como forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.

De acordo com Jaeger (1987) a cultura organizacional é um processo simbólico à prática institucional dentro de uma organização.

A cultura organizacional podem ser classificada de duas formas:


Representado por:

Organização formal ou informal;
Poder político e governabilidade;
Recompensas materiais, sociais ou outras.


Representada pelas:

Características da liderança;
Importância da liderança.

Conforme observamos o processo de gestão se dá no universo de uma organização seja ela micro ou macro e depende do contexto em que está inserida a organização.

CONCEITO GERAL DE ADMINISTRAÇÃO OU GESTÃO


A expressão mais nobre da administração ou gestão tem origem no século XVII com a institucionalização do cargo de Ministro (Minus) contrapondo-se a Magistrado (Magis).
Nessa época o administrador ou gestor era o executor das decisões emanadas dos órgões superiores ou dos parlamentos e assembleias legislativas.


 Executivos, gerentes ou administradores trabalham essencialmente na decisão e, mais que seus superiores, estabelecem sentidos de direção para suas empresas e instituições. (Motta, Paulo. A Ciência e a arte de ser dirigente)


•           Polivalente
–       especialista
–       generalista - (administrador/ gerente)
•           Educador
•           Facilitador
•           Inovador
•           Negociador
•           Com pensamento e visão estratégica
•           Participativo
•           Capaz de lidar com informações
•           Criativo

GERÊNCIA

 Objetivos

Identificação de Atividades, Prioridades e Responsabilidades;
Administração de Recursos, Custos e Materiais;
Planejamento, execução, acompanhamento, avaliação.


CONCEITO DE GESTÃO EM SAÚDE


A área de saúde possui algumas características especiais e poderíamos definir gestão em saúde como uma atividade e responsabilidade de dirigir um macro ou um micro sistema representado por um serviço ou sistema de saúde, esteja ele inserido em qualquer esfera de governo, ou seja, em âmbito federal, estadual ou municipal, logo se tratando de uma competência do poder público complementada pelo poder privado. em face do que define a Constituição de 1988. No Brasil o direito à saúde é universal para a população, e um dever do estado no que se refere a execução.

O processo de gestão, portanto, implica no exercício de funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento e auditoria.
Considerando que a Constituição Brasileira, de 1988, prevê a assistência à saúde no âmbito privado podemos inferir as mesmas funções acima para o referido setor.

A gestão em saúde, no Brasil, modernamente seria a articulação das etapas envolvidas nos serviços e sistemas, macros e micros, que tem como objetivo viabilizar a contribuição efetiva da implantação da política nacional de saúde que no País que é conhecida como Sistema Único de Saúde (SUS).

A gestão em saúde implica na definição prévia de um paradigma (modelo) adaptado à concepção das necessidades de saúde da população. Logo, cada País (Estado) necessita em função de seu contexto definir o sistema de saúde mais compatível com suas realidades, necessidades e condições socioeconômicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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