domingo, 4 de julho de 2010

FARMÁCIA HOSPITALAR - AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS E SISTEMAS

FARMÁCIA HOSPITALAR - AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS E SISTEMAS



O termo avaliação é bastante elástico e amplo e pode nos levar a várias definições, dentre as quais podemos destacar as de Aguilar & Ander-Egg (1995), que citam a definição da Real Academia Espanhola: avaliar é “assinalar o valor de uma coisa “ ou utilizar a definição de Scriven, que coloca a definição de avaliação como “um processo pelo qual estimamos o mérito ou o valor de algo “; portanto, avaliar é uma forma de estimar, apreciar, calcular. Em sentido lato, Aguilar & Ander - Egg (1995) se referem ao termo valor e supõe juízo sobre algo. Resumidamente, avaliação seria um processo que consiste em emitir um juízo de valor. Trata-se, pois de um juízo que envolve uma avaliação ou estimação de “algo “ (objeto, situação, ou processo), de acordo com determinados critérios de valor com que se emite o juízo.

Algumas outras definições sobre avaliação são importantes para o entendimento da questão e Aguilar e Ander Egg citam Stufflebean, et al, (1971); que define a avaliação como um processo de identificar, obter e proporcionar informação útil e descritiva acerca do valor e do mérito das metas, do planejamento, da realização e do impacto de um objeto determinado, com fim de servir de guia para tomar decisões, solucionar os problemas de responsabilidade e promover a compreensão dos fenômenos implicados. Já Pineault & Daveluy (1987); definem avaliação como um processo que consiste em determinar e em aplicar critérios e normas com o fim de fazer um juízo sobre os diferentes componentes do programa, tanto no estágio de sua concepção, como de sua execução, assim como sobre as etapas do processo de planejamento que são prévias à programação.

De acordo com Hartz (1997), as definições de avaliação são numerosas e pode-se dizer que cada avaliador constrói a sua. Hartz (1997), cita Patton (1981/1982) que propõe o grupamento das definições da avaliação em seis grandes famílias em função de sua natureza que podem ser desdobradas em 36 tipos de definições de avaliação que só permitem classificar um pouco mais de 50% dos trabalhos avaliados e publicados.

Hartz (1997), cita Guba & Lincoln (1990) que identificam quatro estágios na história da avaliação que poderiam ser representados e baseados primeiramente na medida dos resultados, um segundo estágio que identifica e descreve o programa de forma a permitir o atingimento de seus resultados, um terceiro estágio baseado no julgamento e um quarto estágio que historicamente está emergindo, que considera a avaliação um processo de negociação entre os atores envolvidos na intervenção a ser avaliada.

Hartz (1997), cita Chen (1990), que propõe a distinção de avaliações que são baseadas nos métodos das que são orientadas por uma discussão teórica, sobre as relações entre a intervenção, o contexto no qual ela está inserida e os resultados obtidos.

De acordo com Hartz (1997), avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de decisões. Este julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um procedimento científico (pesquisa avaliativa).Ainda segundo Hartz, uma intervenção é constituída pelo conjunto de meios (físicos, humanos, financeiros, simbólicos) organizados em um contexto específico, em um dado momento para produzir bens ou serviços com o objetivo de modificar uma situação problemática. Uma intervenção é caracterizada, portanto, por cinco componentes: objetivos; recursos; serviços; bens ou atividades; efeitos e contexto preciso em um dado momento.

De acordo com as colocações efetuadas por Hartz (1997), acreditamos poder classificar o nosso trabalho no conjunto da avaliação normativa. Para tanto, é necessário o entendimento de alguns conceitos, como por exemplo o da própria avaliação normativa.

Segundo Hartz (1997), a avaliação normativa é a atividade que consiste em fazer um julgamento sobre uma intervenção, comparando os recursos empregados e sua organização (Estrutura), os serviços ou os bens produzidos (processo), e os resultados obtidos (Produtos), com critérios e normas. Portanto a avaliação normativa leva em consideração a apreciação da Estrutura, a apreciação do Processo, que pode ser dividido em três dimensões (dimensão técnica dos serviços, a dimensão das relações interpessoais e a dimensão organizacional) e a apreciação dos Resultados (Produtos).

O nosso trabalho está focalizado na avaliação da estrutura e do processo de produção dos serviços de farmácias hospitalares escolhidos no recorte. Não procuramos avaliar os resultados obtidos (Produtos).

b - A Importância da Avaliação Para a Tomada de Decisões

Conforme podemos verificar até pelas próprias definições apresentadas de avaliação, principalmente a de Stufflebean et al (1971), podemos verificar que o processo que envolve a avaliação é extremamente importante para a tomada de decisões que visem o inicio ou mesmo a correção de rumos de qualquer atividade relacionada a sistemas ou serviços.

Segundo Aguilar & Ander - Egg (1995), não é imprescindível a existência de um programa ou de um projeto para fazer avaliação. A existências de um conjunto de atividades específicas que se organizam para conseguir um determinado fim são suficientes para a ação de avaliar. Em outras palavras, toda aquela atuação destinada a alcançar certos efeitos ou produzir resultados é susceptível de ser avaliada de maneira sistemática. Quando os autores dizem “produzir efeitos e resultados concretos, levam-se em conta uma dupla dimensão desses propósitos:

·      Por um lado, valorar a conquista dos objetivos propostos num programa, serviço ou atividade:

·      Por outro lado, valorar também até que ponto foram satisfeitas as necessidades dos usuários, beneficiários ou destinatários do programa, serviço ou atividade. Uma pesquisa avaliativa não tem sentido, se não for para melhorar a prestação de um serviço ou a efetividade e eficácia da administração de um programa.

c - Indicadores

O processo de avaliação está intimamente ligado à construção de indicadores que permitirão que a avaliação atinja de forma mais objetiva os resultados encontrados.

Os Indicadores são elementos essenciais para a elaboração do planejamento e controle dos processos das organizações. São fundamentais para a análise crítica do desempenho das organizações, para a tomada de decisões e para o replanejamento. Os indicadores são formas de representação quantificáveis de produtos e processos. Um indicador deve ser gerado de forma a assegurar a disponibilidade dos dados e resultados mais relevantes, no menor tempo possível e ao menor custo (Takashina & Flores, 1996).

De acordo com Takashina & Flores (1996),.os indicadores são instrumentos de extrema importância para o desenvolvimento de modelos de gestão cujas características podem ser sintetizadas no quadro a seguir:

QUADRO 5.1 (Características de Modelos de Gestão)

Processos decisórios
Crescente descentralização;
Decrescente no de níveis hierárquicos;
Crescente participação dos trabalhadores nas decisões e ganhos da organização.

Fluxo de Informação
Horizontalização;
Crescente intensidade.

Produtos
Crescente atendimento às especificações dos clientes;
Crescente esforços de desenvolvimento.

Processos Produtivos
Busca da melhoria contínua;
Crescente flexibilidade;
Baixos níveis de estoques;
Menores Tempos Mortos.
Fontes: Coutinho & Ferraz, 1994; Takashina & Flores, 1996.

Segundo Takashina & Flores (1996), apresentam algumas características básicas:

·      Indicadores estão ligados ao conceito de qualidade centrada no cliente.
·      Indicadores possibilitam o desdobramento das metas na estrutura organizacional, assegurando que as melhorias atendam os interesses globais da organização.
·      Indicadores devem sempre estar associados às áreas da organização cujo desempenho causam maior impacto no sucesso da organização.
·      Indicadores viabilizam a busca da melhoria contínua da qualidade dos produtos e serviços e da produtividade da organização.

Ainda segundo esses autores, um processo é um conjunto de recursos e atividades que transformam insumos em produtos. Uma vez que para haver um efeito (produto) são necessárias causas, podemos entender o processo como um conjunto de causas (Campos, 1992). Para facilitar a visualização de um processo pode-se utilizar vários instrumentos, como por exemplo, o diagrama de Ishikawa (espinha de Peixe).

De acordo com Takashina & Flores (1996), um processador é qualquer unidade organizacional que realiza um processo (Juran, 1989). O ciclo PDCA (Plan, do, check, act) é um dos instrumentos que podem ser utilizados para o planejamento e o controle do processo, pelo processador. O ciclo possui quatro etapas.

·      Planejamento, quer consiste no estabelecimento de metas e métodos para atingi-las;
·      Execução, que envolve a execução propriamente dita e coleta de dados e resultados;
·      Verificação, que consiste em comparar os resultados obtidos com as metas estabelecidas.
·      Ação Corretiva, caso necessário o replanejamento do processo.



Segundo Takashina & Flores (1996) o termo produto é utilizado de forma genérica como produto ou serviço (ISO 9004 - 2, 1991)

A qualidade pode ser definida como a totalidade de características de um produto ou serviço que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades implícitas ou explícitas (ABNT, 1994).

As características da qualidade de um produto ou serviço podem ser classificadas em primárias, secundárias e adicionais. A característica primária é fundamental, pois está associada à própria finalidade do produto ou serviço. As características da qualidade devem ser desdobradas pelo processador para permitir a identificação das características do desempenho do produto e do processo para atendimento das necessidades da clientela.

A tradução das necessidades e expectativas dos clientes em característica da qualidade e seu desdobramento até as características do desempenho do produto e do processo pode ser realizada através da Metodologia de Desdobramento da Função Qualidade (QFD - Quality Function Deployment).


Referência


Wilken, P.R.C. & Bermudez, J.A.Z (1999). A Farmácia no Hospital. Como avaliar ?. Rio de Janeiro: Editora Ágora da Ilha.


Um comentário:

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