segunda-feira, 19 de novembro de 2012

INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA GERAL PARTE 1

INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA GERAL
PARTE 1


HISTÓRICO E EVOLUÇÃO

Na Antiguidade, a origem das doenças, até os filósofos gregos, era quase sempre atribuída às causas sobrenaturais como castigo dos deuses ou infringida por outrem sob a forma de intenções ruins como “mau-olhado” ou outros meios semelhantes. A preocupação com a explicação da saúde e da doença, sem ser em bases sobrenaturais, nasceu com a filosofia grega, e, sua busca de uma explicação da constituição da natureza.

Teorias foram desenvolvidas em várias escolas médicas gregas como Knidos, Crotona e Kos.

Na escola de Kos, onde Hipócrates seria aluno, desenvolveu-se, pela primeira vez, a idéia de uma patologia geral, oposta à idéia original, que prevalecia anteriormente, de que as doenças eram sempre limitadas a um único órgão.

Segundo esta escola, os processos mórbidos eram devidos a uma reação da natureza a uma dada situação, em que havia um desequilíbrio humoral, sendo, então, a doença, constituída de três fases: a apepsia, caracterizada pelo aparecimento do desequilíbrio; a pepsis, onde a febre, a inflamação e o pus eram devidos à reação do corpo, e a crisis ou lysis, onde se dava a eliminação respectivamente, brusca ou lenta, dos humores em excesso.

A idéia de que espíritos animais percorriam os nervos, originada também por alguns pensadores gregos, permaneceu corrente até o século XVII, quando ficou demonstrada a natureza elétrica na condução nervosa.

Desde seus primórdios, o ser humano percebeu os efeitos curativos das plantas medicinais, notando que de alguma forma sob a qual o vegetal medicinal era administrado (pó, chá, banho e outros) proporcionava a recuperação da saúde do indivíduo.

As plantas medicinais, utilizadas há milhares de anos, servem de base para estudos na produção de novos medicamentos. Estima-se que 80% da população no Terceiro Mundo faz uso de fitoterápicos, sendo que 85% destes possuem extratos de plantas medicinais
A cultura brasileira sofreu sérias influências desta mistura de etnias, tanto no aspecto espiritual, como material, fundindo-se aos conhecimentos existentes no país.

A palavra Farmacologia é derivada de pharmakon, de origem grega, com vários significados desde uma substância de uso terapêutico ou como veneno, de uso místico ou sobrenatural, sendo utilizados na Antigüidade como remédios (ou com estes objetivos) até mesmo insetos, vermes e húmus. Provavelmente, as plantas tiveram influência importante na alimentação, para alívio, e, também para casos de envenenamento do homem primitivo. Algumas plantas e animais com características tóxicas, já eram utilizados para a guerra, execuções de indivíduos, e, para a caça.

A História registra que Cleópatra testou algumas plantas em suas escravas quando decidiu suicidar. Cerca de 4.000 anos a.C., os sumerianos conheciam os efeitos psíquicos provocados pelo ópio, inclusive também para a melhora da diarréia.

A palavra droga origina do holandês antigo droog que significa folha seca, pois, antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais. Embora em francês drogue 2 signifique erva, relacionada por alguns autores como a origem da palavra droga, a maioria dos autores, fundamentando-se em antigos dicionários, afirmam que se deve a palavra droog a origem do nome.

Embora a Farmacologia tenha sido reconhecida como ciência no final do século XIX, na Alemanha, as ervas já serviam para a manipulação de remédios há bastante tempo, e, as drogas de origem vegetal predominaram no tratamento das doenças até a década de 1920 quando a indústria farmacêutica moderna iniciou o desenvolvimento produzindo produtos químicos sintéticos. 

A área de Farmácia dedica-se ao conhecimento da estrutura e função do organismo humano, aos mecanismos causais das doenças, aos métodos de investigação científica e de análise complementar de diagnóstico, à análise química e microbiológica do meio ambiente, visando à melhoria da qualidade de vida da população, ou seja, a Farmácia investiga as doenças humanas, suas causas, e, a formas de combatê-las.

A  Farmacologia envolve os conhecimentos necessários para esse profissional de saúde, pois, consiste no estudo do mecanismo pelo qual os agentes químicos afetam a funções dos sistemas biológicos, portanto, de forma ampla, pois, envolve o estudo da interação dos compostos químicos (drogas) com os organismos vivos atuando, em maioria, através da influência das moléculas das drogas em constituintes das células.

A Farmacologia é utilizada com os objetivos terapêuticos (seja para curar ou controlar doenças ou aliviar sintomas), preventivos (por exemplo, vacinas, e, fluoração da água), e, diagnósticos (por exemplo, gel, contrastes ou outras preparações usadas em exames diagnósticos).

As espécies principalmente vegetais  possuem um rico  arsenal de compostos  químicos, sendo que muitos desses podem  ser ativos como medicamentos, e, um dos fatores que contribui para a larga utilização de plantas para fins medicinais no Brasil é o grande número de espécies vegetais encontradas no país. Nos últimos anos, tem aumentado a aceitação da Fitoterapia no Brasil, resultando em crescimento da produção industrial dos laboratórios.

Acredita-se que a flora mundial contenha 250 mil a 500 mil espécies, e, o Brasil
contribui aproximadamente com 120 mil dessas espécies, entretanto, apenas cerca de 10% da flora do nosso País tem sido estudada de modo cientifico, assim, há necessidade de elaboração de pesquisas que podem levar à descobertas, e,  produções de  novos medicamentos.

Devido ao número crescente de novos fármacos, e, as ocorrências de desastres terapêuticos tornam-se imprescindíveis o estudo, e, a atualização constante dos profissionais de saúde que acompanham o uso dos fármacos.

SUBDIVISÕES DA FARMACOLOGIA

Farmacologia geral - estuda os conceitos básicos e comuns a todas a drogas.
Farmacologia especial ou aplicada  – estuda os fármacos reunidos em grupos de ação farmacológica semelhante.

Farmacognosia  – estuda a origem, as características, a estrutura anatômica e composição química das drogas no seu estado natural, de matéria-prima, sob a forma de órgãos ou organismos vegetais ou animais, assim como dos seus extratos, sem qualquer processo de elaboração. A fototerapia tem sido estudada.

Farmacotécnica  – estuda a preparação das formas farmacêuticas sob as quais os medicamentos são administrados, como em cápsulas, suspensões, comprimidos e outras formas. Antigamente, era função exclusiva dos farmacêuticos bioquímicos, sendo, atualmente, exercida em maioria pela indústria farmacêutica.

Farmacoepidemiologia - Aplicação do método e raciocínio epidemiológico no estudo dos efeitos - benéficos e adversos - e do uso de medicamentos em populações humanas.

Farmacovigilância - Identificação e avaliação dos efeitos, agudos ou crônicos, do risco do uso dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em grupos de pacientes expostos a tratamentos específicos.

Farmacogenética  – estuda os efeitos das drogas em relação a genética molecular, inclusive a natureza genética das reações adversas a drogas. Por exemplo, em alguns pacientes com hipertensão arterial não ocorre a diminuição da pressão arterial com este medicamento em doses habitualmente indicada para os demais pacientes porque é rapidamente metabolizado (por acetilação) reduzindo sua atividade devido a modificação genética da atividade
enzimática.    

Farmacogeriatria – estuda as variações da sensibilidade às drogas, absorção, metabolismo, toxicidade, e, excreção das drogas na pessoa idosa, incluindo todos os fatores fisiológicos e patológicos.

Farmacoeconomia – estuda os efeitos das drogas em termos sociais e econômicos, e, surge como nova disciplina importante na orientação de decisões governamentais sobre a política de prescrição de fármacos e de assistência sanitária.

Farmacoterapia – corresponde à terapêutica medicamentosa.

Farmacologia experimental – realiza experimentos com medicações e novas drogas.

Farmacologia clínica – estuda a aplicação clinica das drogas.

Toxicologia – estuda os efeitos tóxicos das drogas no organismo.

refeRências

LIVROS SUGERIDOS
  • Katzung: Farmacologia  Básica e  Clínica. Ed. Guanabara Koogan, ed 2005
  • Penildon, S: Farmacologia, 6a Edição, Ed. Guanabara    Koogan, 2006
  • Craig e Stitzel: Farmacologia Moderna. 6a Edição,  Ed Guanabara Koogan, 2005

LEITURA PARA APROFUNDAMENTO
·        Goodman & Gilman.  As Bases Farmacológicas da Terapêutica. , Ed. Guanabara Koogan , 10a Edição  Mc Graw-Hill (2003) ou 11a edição, 2005 (versão inglesa)

CONSULTA ELETRÔNICA SUGERIDA
  • Fundamentos farmacológico clínicos de medicamentos de uso corrente. Livro eletrônico da ANVISA (acessar por www.anvisa.gov.br-:  anvisa divulga- publicações)
  • Compêndio eletrônico British nacional Formulary (BNF 2004): www.bnf.org
  • Compêndio de Bulas de Medicamento (acessar www.anvisa.gov.br)

CONSULTA EVENTUAL:
  • Brody . Larner . Minneman . Neu ; Farmacologia Humana da molecular à clínica. 2a Edição Ed. Guanabara Koogan, 1997
  • Page e col: Farmacologia Integrada. Ed Manole, 1999.
  • Rang-Dale:  Farmacologia ,5a Edição Ed. Guanabara    Koogan, ed 2004
  • Fuchs e  col. Farmacologia Clinica, Ed Guanabara Koogan, 2004 (este livro é de farmacoterapia baseada em evidência e é complementar ao livro texto. Não o substitui)
  • Dicionário de Especialidades Farmacêuticas. (DEF)  Ed. Jornal Brasileiro de Medicina 2005/2006 (este só em ultimo caso para encontrar nomes comerciais e genéricos de medicamentos)
  • MICROMEDEX Integrated Index–USP-DI principal formulário sobre medicamentos aprovados nos Estados Unidos e Canadá. Só é acessado através de instituições públicas pelo site www. capes.periodicos.gov.br
  • Fundamentos farmacológico-clínicos dos medicamentos de uso corrente. (livro eletrônico). Acessar www.anvisa.gov.br, ir em Anvisa divulga, ir em publicações. Pode dar download.


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