sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VIROSES : HEPATITE


VIROSES : HEPATITE

HEPATITES VIRAIS

INTRODUÇÃO

O termo hepatite é utilizado para designar uma inflamação do fígado que pode ser decorrente de causas diversas, como infecções virais, doenças autoimunes e toxicidade por drogas. Esta inflamação é caracterizada por um aumento nos níveis séricos das transaminases (AST e ALT), que são enzimas produzidas pelas células hepáticas, as quais acabam sendo liberadas em maior quantidade quando estas estão sendo agredidas.

Vários medicamentos utilizados na prática clínica podem produzir, como efeito adverso, uma hepatite, que pode variar de quadros leves, sem repercussão clínica, a quadros graves, com prejuízo da função hepática, podendo, em casos extremos, levar à necessidade de transplante hepático.

Entretanto, o mais comum é um aumento discreto nos níveis das transaminases que, se não pesquisado, passaria totalmente despercebido, com retorno aos níveis normais destas enzimas após a suspensão do uso do medicamento implicado.

As doenças autoimunes são caracterizadas por uma reação do sistema de defesa contra o próprio organismo, e o fígado pode ser o alvo desta reação, levando a graus variados de hepatite que, se não tratada, pode levar ao comprometimento da função hepática.

As infecções virais também podem provocar hepatite. Alguns vírus, como os vírus das hepatites A, B e C, apresentam tropismo principalmente pelo fígado e o resultado das infecções por estes vírus leva ao desenvolvimento de hepatite como manifestação principal de doença.

Outros vírus, como os vírus do sarampo e da mononucleose infecciosa (Epstein-Bar), por exemplo, apresentam doenças caracterizadas por outros sintomas, mas em sua evolução encontramos um quadro de hepatite associado, geralmente de grau leve ou moderado.

As infecções pelos vírus das hepatites A, B e C serão discutidas a seguir, sendo enfatizados os aspectos clínicos, epidemiológicos, o prognóstico e as formas de prevenção para cada uma destas infecções.


HEPATITE D




ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS



AGENTE ETIOLÓGICO - É o vírus da hepatite C é constituído por ácido ribonucléico (RNA), provavelmente pertencente à família Flaviridae e mais próximo do vírus do gênero Pestivirus.

RESERVATÓRIO - O homem. Experimentalmente, o chimpanzé.

MODO DE TRANSMISSÃO - Transfusional, principalmente em usuários de drogas endovenosas e usuários de hemodiálise. As transmissões sexual e de mãe-filho são menos frequentes.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO - De 2 semanas a 5 meses (média de 5 a 10 semanas). A transmissão transfusional encurta esse período.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE - Inicia-se 1 semana antes do início dos sintomas da doença aguda. O indivíduo pode se tornar portador crônico.

COMPLICAÇÕES

Ø  Evolução para formas persistentes prolongadas.
Ø  Forma fulminante com hemorragias.
Ø  Septcemia.

ASPECTOS CLÍNICOS


DESCRIÇÃO

Como as demais hepatites virais, a Hepatite D pode se apresentar sob a forma ictérica grave, como também ser assintomática.
Nos casos sintomáticos, observa-se 4 períodos:
a) corresponde à incubação do agente;

b) caracteriza-se por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, dor abdominal e aversão a alguns alimentos e fumaça de cigarro, que dura, em média, 7 dias;

c) aparecimento de icterícia, que dura, em média, 4 a 6 semanas e surge quando a febre desaparece, sendo precedida (24 a 48 horas) por colúria. As fezes ficam descoradas e pode surgir hepato ou hepatoesplenomegalia. Os sintomas do período anterior vão desaparecendo gradativamente;

d) é o período de convalescença com sensação de bem-estar, desaparece a icterícia, colúria, dor abdominal, fadiga e anorexia. Aparece o prurido cutâneo, em consequência da icterícia. As infecções podem ser persistentes em até 90% dos casos, dos quais, 60% evoluirão para hepatite crônica em 10 - 20 anos, e 40% para doenças hepáticas, entre as quais a mais temida é o carcinoma hepatocelular.

Há relatos da forma fulminante, mais são raros. Na maioria dos pacientes, a doença progride lentamente: 20% evoluem para a cirrose em 10 anos, com aumento da mortalidade após 20 anos de doença. O risco de cronicidade é de 85%, após a infecção aguda pós-transfusional.

A forma fulminante, embora rara, pode ser grave, com necrose maciça ou submaciça do fígado, rapidamente progressiva (10 a 30 dias), com letalidade elevada (80%).

DIAGNÓSTICO

Ø  Clínico
Ø  Epidemiológico
Ø  Laboratorial.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL



Os exames inespecíficos mais importantes são as dosagens de aminotransferases (transaminases); ALT (alanina aminotransferase, antes chamada TGP), que, quando estiver 3 vezes maior que o valor normal, sugere hepatite viral, podendo atingir até mais de 2.000UI/L. As bilirrubinas estão elevadas e o tempo de protombina pode estar diminuído (indicador de gravidade).

Outros exames podem estar alterados, como a glicemia e a albumina (baixas). Na infecção persistente, o padrão ondulante dos níveis séricos das aminotransferases, especialmente a ALT (TGP), diferentemente da hepatite B, apresenta-se entre seus valores normais ou próximos a eles e valores altos. A definição do agente é feita pelos marcadores sorológicos da hepatite C: Anti-HCV (aparece 3 a 4 meses após a elevação das transaminases, ou 18 dias, dependendo dos testes utilizados) e o RNA-HCV.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Com as outras hepatites virais e tóxicas. Doenças hemolíticas e biliares.

TRATAMENTO

Apenas sintomático.

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS

No Brasil, a infecção ocorre, mas ainda não se conhece a sua distribuição e taxas de prevalência – incidência. Sabe-se que predomina em adultos jovens e que a suscetibilidade é geral.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA



Objetivos - Conhecer a magnitude, tendência, distribuição por faixa etária e áreas geográficas. Investigar situações com concentração de casos (pós-transfusão ou uso de substâncias parenterais), para adoção de medidas de controle.
Notificação - Não está incluída como doença de notificação compulsória. Os casos devem ser registrados para que se estabeleça a magnitude e se possa investigar seu nexo com transfusões de sangue e uso de hemoderivados.

Definição de caso: 



a) Suspeito sintomático: indivíduo com uma ou mais manifestações clínicas agudas (febre, icterícia, mal-estar geral, fadiga, anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal, fezes acólicas, colúria) e que apresenta dosagens de transaminases maior ou igual a três vezes o valor normal. 



b) Suspeito assintomático: indivíduo assintomático e sem história clínica sugestiva de hepatite viral, que apresenta dosagem de transaminases elevadas, em qualquer valor.

c) Agudo confirmado: paciente que, na investigação sorológica, apresenta um ou mais marcadores sorológicos para hepatite C positivos.

Contato:

Parceiro sexual de paciente infectado;
Pessoa que compartilha seringas e agulhas contaminadas;
Indivíduo que manipula e ou fora acidentado com sangue ou material biológico contaminado;
Paciente submetido a procedimentos cirúrgicos ou odontológicos, que tenha compartilhado instrumental contaminado;
Receptor de sangue e/ou hemoderivados contaminados;
Usuário de hemodiálise;
Pessoa que convive no mesmo domicílio de um paciente diagnosticado.

Portador: indivíduo que conserva o vírus da hepatite C por mais de 6 meses.

Pode ser clinicamente sintomático ou assintomático, com transaminases “normais” ou aumentadas.

Medidas de Controle


Os profissionais de saúde devem seguir as normas de biossegurança. Os portadores e doentes devem ser orientados para evitar a disseminação do vírus, adotando medidas simples, tais como: uso de preservativos nas relações sexuais, não doar sangue, uso de seringas descartáveis evitando o compartilhamento; os serviços de hemoterapia (hemocentros e Bancos de Sangue), de doenças sexualmente transmissíveis e de saúde do trabalhador devem notificar os portadores por eles diagnosticados e encaminhá-los ao serviço de Vigilância Epidemiológica municipal ou estadual, para completar a investigação e receber assistência médica.

HEPATITE A

A hepatite A é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A hepatite A ocorre em todos os países do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. É mais comum onde a infraestrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A infecção confere imunidade permanente contra a doença. Desde 1995, estão disponíveis vacinas seguras e eficazes contra a hepatite A, embora ainda de custo elevado.

TRANSMISSÃO

O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus da hepatite A, produzindo ou não sintomas, determina imunidade permanente contra a doença. A principal forma de transmissão do vírus é de uma pessoa para outra.

A transmissão é comum entre crianças que ainda não tenham aprendido noções de higiene, entre os que residem em mesmo domicílio, ou seja, parceiros sexuais de pessoas infectadas. Dez dias depois de uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes durante cerca de três semanas.

O período de maior risco de transmissão é de uma a duas semanas antes do aparecimento dos sintomas. A transmissão pode ocorrer através da ingestão de água e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que não obedecem normas de higiene, como a lavagem das mãos após uso de sanitários.

O consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozidos, está particularmente associado com a transmissão, uma vez que esses organismos concentram o vírus por filtrarem grandes volumes de água contaminada.

A transmissão através de transfusões, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas é pouco comum, ao contrário das infecções pelo HIV e pelo vírus da hepatite B.

RISCOS

A infecção pelo vírus da hepatite A ocorre em todos os países do Mundo. O risco, dependendo da infraestrutura de saneamento básico, varia de um país para outro e, dentro do mesmo país, de uma região para outra. Nos países em desenvolvimento, onde os investimentos em saneamento básico em geral não constituem prioridade, a infecção é comum em crianças, e a maioria dos adultos é, consequentemente, imune à doença.

Em países desenvolvidos, a hepatite A ocorre episodicamente e, por esse motivo, grande parte da população adulta é suscetível à infecção. Esse padrão tende a ser semelhante nas classes socioeconomicamente mais privilegiadas dos países em desenvolvimento, como o Brasil.

A Austrália, o Canadá, a Escandinávia, a Nova Zelândia, o Japão e a maioria dos países da Europa Ocidental, são áreas de risco relativamente baixo. Nos Estados Unidos, considerado de risco intermediário, estima-se que a cada ano ocorram cerca 200 mil casos da infecção. Cerca de um terço da população americana tem evidência sorológica de ter sido infectada pelo vírus da hepatite A em alguma época da vida.
O Brasil tem risco elevado para a aquisição de hepatite A, em razão de condições deficientes ou inexistentes de saneamento básico, nas quais é obrigada a viver grande parte da população, inclusive nos grandes centros urbanos. A hepatite A, contudo, não faz parte da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória.

Os dados oficiais disponíveis, portanto, são escassos e incompletos e, provavelmente, refletem apenas a disponibilidade de recursos para confirmação diagnóstica, variável em cada Estado e em cada município. Em geral, os casos de hepatite A são notificados apenas quando são detectados eventuais surtos da doença. Em 1997 o Ministério da Saúde registrou 808 casos de hepatite A, a maioria na Região Sul (510 casos).

Na Região Sudeste foram registrados 44 casos, todos no Estado do Rio de Janeiro. Esses dados são obviamente incompletos. Em 1997, apenas o município do Rio de Janeiro computava um total de 57 casos de hepatite A, número que passou a 321 em 1999, a maioria entre pessoas com menos de 15 anos. Foram ainda notificados 6556 casos de hepatite de causa não determinada.

Desses, uma parcela significativa foi provavelmente causada pelo vírus da hepatite A. Mesmo nos Estados mais desenvolvidos são detectadas epidemias como a ocorrida em Valença (RJ) em 1993, com 1069 casos.

Os estudos de prevalência no Brasil na população, através de exames sorológicos, demonstram uma redução dos índices. A prevalência está em torno de 65%, enquanto chega a 81% no México e a 89% na República Dominicana. Os índices de infecção pelo vírus da hepatite A estão relacionados à idade e às condições socioeconômicas das populações.

No Brasil, chegam a 95% nas populações mais pobres e a 20% nas populações de classe média e alta. A diferença é mais acentuada entre crianças e adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a prevalência da infecção quase sempre é superior a 90%, refletindo as condições de risco existentes na infância.

Embora o risco de infecção pelo vírus da hepatite A, seja alto em todas as Regiões do país, pode-se presumir que, de modo semelhante às outras doenças de transmissão fecal-oral (hepatite E, cólera), as áreas menos desenvolvidas apresentem risco ainda mais elevado.

Também, podem ser consideradas de risco elevado a periferia dos grandes centros urbanos e municípios onde a infraestrutura de saneamento básico (água e esgotos tratados) seja inexistente ou inadequada.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

A hepatite A pode ser evitada através das medidas de prevenção contra doenças transmitidas por água e alimentos, da vacinação e, em algumas situações, da utilização de imunoglobulina intramuscular. As medidas de proteção contra doenças transmitidas por contaminação de água e alimentos, incluem a utilização de água clorada ou fervida e o consumo de alimentos cozidos, preparados na hora do consumo.
Deve-se lavar criteriosamente as mãos com água e sabão antes das refeições e evitar o consumo de bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes.

Desde 1995, foram licenciadas duas diferentes vacinas contra a hepatite A, ambas produzidas a partir do vírus inativado, com imunogenicidade e eficácia semelhante.

Um mês após a primeira dose, as vacinas produzem mais de 95% de soro conversão (imunidade) em adultos, que chega a 97% em adolescentes e crianças acima de dois anos. As vacinas estão liberadas para aplicação a partir dos dois anos de idade, uma vez que a eficácia e segurança abaixo dessa faixa etária ainda não foram adequadamente avaliadas.

Os efeitos adversos geralmente são discretos, podendo ocorrer dor, vermelhidão e edema no local da aplicação em 20%-50% das pessoas. A aplicação é intramuscular, feita em duas doses com intervalo de seis meses entre cada uma.

Recomenda-se aos viajantes que recebam a primeira dose da vacina contra a hepatite A no mínimo 30 dias antes da partida. A vacina está indicada para pessoas que sejam suscetíveis (não imunes), presumida ou comprovadamente.

As indicações prioritárias são para as crianças com mais de dois anos, pessoas que trabalham com crianças (como educadores de creches), portadores de doença hepática crônica (risco de maior evolução para a forma grave), pessoas com risco elevado (usuários de drogas injetáveis, homossexuais), idosos e viajantes que se dirigem para áreas com risco alto de transmissão.

Os dados disponíveis sugerem que a imunidade conferida pela vacina seja superior a dez anos. A realização sistemática de testes para verificar uma possível infecção anterior pelo vírus da hepatite A é desnecessária, mas em algumas circunstâncias pode ser vantajosa.

A imunoglobulina é capaz de evitar a infecção em 85% das pessoas, quando utilizada em até duas semanas após a exposição ao vírus da hepatite A. Está indicada em contactantes não imunes de pessoas com hepatite A e viajantes que não possam receber a vacina, incluindo os menores de dois anos, ou que não tenham recebido a primeira dose pelo menos 15 dias antes da partida para áreas de risco elevado.

MANIFESTAÇÕES

A infecção pelo vírus da hepatite A pode ou não resultar em doença. Em cerca de 70% das crianças com menos de seis anos de idade, a infecção não produz qualquer sintoma. A infecção, causando ou não sintomas, produz imunidade permanente contra a doença.

As manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 50 dias (30, em média) após o contato com o vírus da hepatite A (período de incubação). O início é súbito, em geral com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos.

É comum a aversão acentuada à fumaça de cigarros. Pode ocorrer diarreia, mais comum em crianças (60%) do que em adultos (20%). Após alguns dias, pode surgir icterícia (olhos amarelados) em cerca de 25% das crianças e 60% dos adultos. As fezes podem então ficar amarelo-esbranquiçadas (como massa de vidraceiro) e a urina de cor castanho-avermelhada.

Em geral quando a pessoa fica ictérica, a febre desaparece, há diminuição dos sintomas e o risco de transmissão do vírus torna-se mínimo. Em crianças, a icterícia desaparece em 8 a 11 dias, e nos adultos em 2 a 4 semanas.

A evolução da doença em geral não ultrapassa dois meses. Em cerca de 15% das pessoas, as manifestações podem persistir de forma discreta por até seis meses, com eventual reaparecimento dos sintomas. A recuperação é completa, o vírus é totalmente eliminado do organismo.

Não há desenvolvimento de doença hepática crônica ou estado de portador. A letalidade da hepatite A, considerando-se todos os casos é cerca de 0,3%. Em adultos a evolução grave é mais comum, e o número de óbitos pode chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos.

A confirmação do diagnóstico de hepatite A não tem importância para tratamento da pessoa doente. No entanto, é fundamental para a diferenciação com outros tipos de hepatite e para a adoção de medidas que reduzam o risco de transmissão entre os contactantes.

É importante ainda que seja feita a notificação do caso ao Centro Municipal de Saúde mais próximo, para que possam ser adotadas medidas que diminuam o risco de disseminação da doença para a população. A confirmação é feita através de exames sorológicos.

O método mais utilizado é o ELISA, com pesquisa de anticorpos IgM contra o vírus da hepatite A no sangue, que indicam infecção recente. Esses anticorpos geralmente podem ser detectados a partir do quinto dia do início dos sintomas.

A hepatite A não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas visam reduzir o incômodo dos sintomas. No período inicial da doença pode ser indicado repouso relativo, e a volta às atividades deve ser gradual. As bebidas alcoólicas devem ser abolidas. Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da pessoa, não havendo necessidade de dietas.

HEPATITE B

CONCEITO

Infecção das células hepáticas pelo HBV (Hepatitis B Virus) que se exterioriza por um espectro de síndromes que vão desde a infecção inaparente e subclínica até a rapidamente progressiva e fatal.

Os sintomas são falta de apetite, febre, náuseas, vômitos, astenia, diarreia  dores articulares, icterícia (amarelamento da pele e mucosas) entre os mais comuns.

SINÔNIMOS

Hepatite sérica.

AGENTE

HBV (Hepatitis B Virus), que é um vírus DNA (hepadnavirus)

COMPLICAÇÕES/CONSEQUÊNCIAS

Hepatite crônica, Cirrose hepática, Câncer do fígado (Hepatocarcinoma), além de formas agudas severas com coma hepático e óbito.

TRANSMISSÃO

Pelos seguintes líquidos corpóreos : sangue e líquidos grosseiramente contaminados por
sangue, sêmem e secreções vaginais e, menos comumente, a saliva.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

30 à 180 dias (em média 75 dias).

TRATAMENTO

Não há medicamento para combater diretamente o agente da doença, trata-se apenas os sintomas e as complicações.

PREVENÇÃO

Vacina, obtida por engenharia genética, com grande eficácia no desenvolvimento de níveis protetores de anticorpos (3 doses). Recomenda-se os mesmo cuidados descritos na prevenção da AIDS, ou seja, sexo seguro e cuidados com a manipulação do sangue.


HEPATITE C




Por se tratar de um artigo da maior importância quanto ao manejo da Hepatite C aguda, o que pode refletir nas medidas de profilaxia pós-exposição de acidentes com patógenos sanguíneos, optamos por uma análise mais profunda do artigo, ao invés de um simples resumo. (...)

ASPECTOS GERAIS

Mais de 180 milhões de pessoas no mundo são portadores crônicos do vírus da hepatite C.

A quantidade de partículas virais por mililitro de sangue que é de varia entre 101 a 106. O risco de transmissão do vírus ocorre em exposições percutâneas ou mucosas envolvendo sangue ou qualquer outro material biológico contendo sangue. O risco estimado após exposições percutâneas é de 1,8 a 3%.

Não existe nenhuma medida específica eficaz para redução do risco de transmissão após exposição ocupacional ao vírus da hepatite C. Os estudos não comprovaram nenhum benefício profilático com o uso de gamaglobulina ou do interferon pós-exposição. A única medida eficaz para eliminação do risco de infecção pelo vírus da hepatite C é por meio da prevenção da ocorrência do acidente.

Apesar de não haver nenhuma medida específica para a prevenção da contaminação pelo vírus da hepatite C, é importante que sempre sejam realizadas a investigação do paciente-fonte e o acompanhamento sorológico do profissional de saúde para se comprovar uma doença ocupacional caso haja a contaminação do profissional.

Em exposições com paciente-fonte infectado pelo vírus da hepatite C e naquelas com fonte desconhecida, está recomendado o acompanhamento do profissional de saúde com realização de dosagem de transaminase glutâmico-pirúvica (TGP) no momento, 6 semanas e 6 meses após o acidente e o acompanhamento sorológico (anti-HCV por técnica imunoenzimática) 6 meses após o acidente.

A pesquisa de RNA viral por técnicas de biologia molecular permite o diagnóstico precoce de soro conversão e deve ser realizada nas primeiras 2 a 6 semanas após a exposição. Resultados promissores parecem ser encontrados com o tratamento de casos agudos de infecção.
HEPATITE E

A hepatite E é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite E, que produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, e ocorre através da ingestão de água (principalmente) e alimentos contaminados. A transmissão direta de uma pessoa para outra é rara.

Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A infecção confere imunidade permanente contra a doença. A hepatite E ocorre mais comumente em países onde a infraestrutura de saneamento básico é deficiente e ainda não existem vacinas disponíveis.

TRANSMISSÃO

O ser humano parece ser o hospedeiro natural do vírus da hepatite E, embora haja possibilidade de um reservatório animal (o vírus já foi isolado em porcos e ratos) e seja possível a infecção experimental de macacos. A transmissão do vírus ocorre principalmente através da ingestão de água contaminada, o que o pode determinar a ocorrência de casos isolados e epidemias. As epidemias em geral acometem mais adolescentes e adultos jovens (entre 15 e 40 anos).

A transmissão entre as pessoas que residem no mesmo domicílio é incomum. O período de transmissibilidade ainda não está bem definido. Sabe-se que 30 dias após uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes por cerca de duas semanas.

RISCOS

A infecção pelo vírus da hepatite E é mais comum em países em desenvolvimento, onde a infraestrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. As epidemias estão relacionadas a contaminação da água, e ocorrem mais comumente após inundações. A infecção por ingestão de alimentos contaminados, mesmo frutos do mar crus ou mal cozidos, parece pouco comum. Existem registros de epidemias na Índia, Paquistão, Rússia, China, África Central, Nordeste da África, Peru e México, áreas onde o vírus E chega a ser responsável por 20% a 30% das hepatites virais agudas.

Na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, menos que 2% da população tem evidência sorológica de infecção pelo vírus E. Nesses lugares, os casos de hepatite E são esporádicos e, em geral, ocorrem em viajantes que retornam de áreas endêmicas.

No Brasil não existem relatos de epidemias causadas pelo vírus da hepatite E. Os dados disponíveis são escassos e incompletos, embora demonstrem a ocorrência da infecção. A infecção foi detectada em vários estados brasileiros, através de métodos sorológicos. Na Bahia, em 1993, em 701 pessoas, detectou-se reatividade para o vírus da hepatite E em 2% de doadores de sangue, em 25% de portadores de hepatite A, em 11,5% dos pacientes com hepatite B, 0% em hepatite aguda C e em 26% dos pacientes com hepatite aguda não A, não B não C. E.

Em Mato Grosso e São Paulo a reatividade para o vírus da hepatite E foi de 3,3% e 4,9% respectivamente. Em 1996, no Rio de Janeiro, a ocorrência da infecção pelo vírus da hepatite E foi demonstrada, em 17 (7,1%) de 238 pessoas, a maioria (16 de 17) em maiores de 12 anos.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

A hepatite E pode ser evitada através das medidas de prevenção contra doenças transmitidas por água e alimentos. Estas medidas incluem a utilização de água clorada ou fervida e o consumo de alimentos cozidos, preparados na hora do consumo.

Deve-se lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão antes das refeições. O consumo de bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes deve ser evitado. Ainda não existem vacinas contra a hepatite E, e nem estudos que comprovem a eficácia do uso profilático de imunoglobulina.

MANIFESTAÇÕES

A infecção pelo vírus da hepatite E pode ou não resultar em doença. As manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 60 dias (40, em média) após o contato com o vírus da hepatite E (período de incubação). A evolução da doença em geral é benigna, com icterícia, mal estar, perda do apetite, febre baixa, dor abdominal, náuseas, vômitos e urina escura. Menos comumente podem surgir diarreia e dor nas articulações. As grávidas, principalmente no último trimestre de gestação, têm risco maior de evolução para hepatite fulminante, com alto índice de letalidade (20%).

A confirmação do diagnóstico de hepatite E não tem importância para tratamento da pessoa doente, põem. é fundamental para a diferenciação com outros tipos de hepatite. A confirmação é feita através de exames sorológicos. Os métodos mais utilizados são o ELISA, imunofluorescência e PCR para detectar HEV RNA no soro e fezes. A pesquisa de anticorpos IgM contra o vírus da hepatite E no sangue se reativa, indica infecção recente. Esses anticorpos geralmente podem ser detectados quatro semanas após exposição.

A hepatite E não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas visam reduzir a intensidade dos sintomas. No período inicial da doença está indicado repouso relativo, e a volta às atividades deve ser gradual. As bebidas alcoólicas devem ser abolidas.

Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da pessoa, não havendo necessidade de dietas. A recuperação é completa, e o vírus é totalmente eliminado do organismo. Não há desenvolvimento de doença hepática crônica ou estado de portador crônico do vírus.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

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