quarta-feira, 9 de abril de 2014

ANTI-INFECTANTES - MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DA HANSENÍASE

ANTI-INFECTANTES -
MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DA HANSENÍASE



MARCUS TOLENTINO SILVA

A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento cientifico modificaram significantemente o quadro da hanseníase, que atualmente tem tratamento e cura.

No Brasil, cerca de 47.000 casos novos são identificados a cada ano.

O tratamento polioquimioterâpico recomendado pela Organização Mundial da Saúde e associação segura e efetiva que evita a recidiva.

Em razão do risco de resistência microbiana aos fármacos e a impossibilidade de cura da doença com um só deles, o uso de único fármaco no tratamento da hanseníase não é recomendado.

A escolha do esquema poliquimioterâpico tem por base a classificação da hanseníase.

Para a forma paucibacilar (casos com ate cinco lesões de pele) e recomendada a associação rifampicina e dapsona durante seis meses.

Para a forma multibacilar (casos com mais de cinco lesões de pele) e recomendada a associação rifampicina, dapsona e clofazimina por 12 meses.

Principalmente na forma multibacilar – antes, durante ou depois do tratamento é possível a ocorrência de reações hansênicas, que são a principal causa de lesões dos nervos e de incapacidades provocadas pela hanseníase, classificadas em dois tipos.

Para a reação tipo 1, ou reação reversa, é recomendada a prednisona, conforme avaliação clinica; e para a reação tipo 2, ou eritema nodoso hansênico, é recomendada a talidomida como primeira escolha.

Na impossibilidade de administração de talidomida, recomenda-se o uso de prednisona.

CLOFAZIMINA




É um antimicobactériano com propriedades anti-inflamatórias usado na poliquimioterapia da forma multibacilar.

As provas de uso são provenientes de series de casos, uma vez que ensaios clínicos envolvendo placebo ou ausência de tratamento são considerados antiéticos.
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DAPSONA



É um dos componentes da poliquimioterapia usada nas duas formas de hanseníase.

No tratamento de caso paucibacilar, e recomendada em associação a rifampicina por causa do risco de resistência do bacilo.

Para o tratamento de caso multibacilar, as provas também são provenientes de series de casos.

Revisão sistemática de boa qualidade metodológica aponta o uso do medicamento na profilaxia de comunicantes.

No entanto, os critérios para indicação da quimioprofilaxia e qual o melhor esquema de administração ainda não estão completamente definidos.

PREDNISONA



É um corticosteroide biologicamente inerte que e convertido no fígado para prednisolona.

Os corticosteroides empregados no tratamento de dano em nervos na hanseníase foram analisados em revisão Cochrane que concluiu que provas decorrentes de três ensaios clínicos controlados aleatórios não mostraram um efeito significante em longo prazo tanto na incapacidade sensória leve como na incapacidade da função do nervo de modo permanente, e que um regime de corticosteroides com duração de cinco meses foi significantemente mais benéfico do que um regime de corticosteroides de três meses.
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RIFAMPICINA




É um antimicobactériano do grupo das rifamicinas que e usada no tratamento de varias injeções por micobactérias e outros organismos susceptíveis.

Normalmente, para prevenir microrganismos resistentes, associa-se a outros antibacterianos.

A rifampicina e indicada com dapsona no tratamento da forma paucibacilar da hanseníase; e junto de dapsona e clofazimina na forma multibacilar da doença. 

As provas de tratamento da rifampicina na hanseníase são provenientes de series de casos.

De outro lado, assim como a dapsona, revisão sistemática de boa qualidade metodológica aponta o beneficio de sua administração em dose única na profilaxia do comunicante.

Entretanto, os critérios para indicação da quimioprofilaxia não estão completamente definidos.

TALIDOMIDA




Possui atividade imunomoduladora e deve ser usada em condições de controle e supervisão pelo seu risco teratogênico e outras reações adversas.

Emprega-se o medicamento no tratamento de manifestações cutâneas moderadas a graves da reação tipo 2 da hanseníase (eritema nodoso hansênico)

Revisão sistemática aponta a inexistência de estudos de boa qualidade metodológica sobre a farmacoterapia do eritema nodoso hansênico, o que necessariamente não impede a aplicação da talidomida nessa indicação.

REFERÊNCIA

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Ministério da Saúde,  Formulário Terapêutico Nacional (FTN)

BIBLIOGRAFIA

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

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4. LOCKWOOD, D. Leprosy. BMJ Clin. Evid., London, v. 12, p. 915, 2007.

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