segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA:




SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA:

Por : Rosalynn de Cássia Bitencourt Pinheiro



1-INTRODUÇÃO

A distribuição de medicamentos é o ato farmacêutico de distribuir um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma
prescrição elaborada por um profissional autorizado. Neste ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento.

São elementos importantes desta orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento do regime de doses, a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação do produto (CFF, 1997).

Sistema pode ser definido como “a disposição das partes ou dos elementos de um todo coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada”. (FERRAIRA, 1988).

Portanto, os sistemas de distribuição devem consistir de etapas e elementos que possibilitem a integração perfeita entre a Farmácia Hospitalar, a Administração do Hospital e seus recursos humanos envolvidos. E para tanto, na busca dessa finalidade, os sistemas de distribuição podem ser compreendidos como um processo que envolve etapas como: o recebimento da prescrição, a análise e interpretação da terapêutica prescrita, a comunicação direcionada ao nível de entendimento do paciente, aviar ou distribuir segundo as normas. (CFF, 1999).

Diante desse contexto, a implantação de um sistema de distribuição de medicamento (SDM) sofre a interferência direta de alguns fatores como: a necessidade de supervisão técnica adequada; as características do hospital (nível de complexidade, tipo de edificação e fonte mantenedora), a existência de padronização de medicamentos atualizada, uma gestão de estoque eficiente, um adequado controle de qualidade de produtos e processos, bem como um manual de normas e rotinas aplicável.

Os objetivos de um sistema de distribuição de medicamentos de acordo com a organização Pan-Americana de saúde são:

v  Reduzir erros de medicação: os principais erros citados são de incorreta transcrição da prescrição, erros de via de administração, erros de formas farmacêuticas e falhas no planejamento terapêutico.

v  Distribuir os medicamentos de forma ordenada e racional: significa facilitar a administração dos fármacos por uma distribuição ordenada, segundo horários e pacientes, em condições adequadas para a pronta administração dos medicamentos pela enfermagem.

v  Prestar informações sobre os medicamentos: a respeito de sua estabilidade, características organolépticas, indicação terapêutica e contraindicação. O farmacêutico deve ter acesso às informações sobre o paciente (idade, peso, diagnóstico, medicamentos prescritos), o que permite melhor avaliação da prescrição médica e monitorização da farmacoterapia. A informação detalhada pode alertar para eventuais reações adversas, interações medicamentosas, melhores horários de absorção de determinados medicamentos e, até mesmo, para o não cumprimento do plano terapêutico (CASSIANI e SILVA, 2004).

v  Reduzir os custos dos medicamentos: com distribuição diferenciada por paciente e para um período de 24 horas. Dessa forma, ocorrerá naturalmente a diminuição dos gastos com doses excedentes e a melhora do controle de estoque e faturamento.

v  Aumentar a segurança para os pacientes: obtida pelo somatório dos itens anteriores: adequação da terapêutica, redução de erros e racionalização da distribuição.

Portanto para haver racionalidade e eficácia na escolha ou implantação de um sistema de distribuição, é fundamental que o farmacêutico esteja sempre atento às condições econômicas vigentes no país, pois as instituições hospitalares sofrem interferência tanto da política econômica nacional como da sua própria economia interna.

O farmacêutico, portanto, deve se preocupar com custos e receita. Além disso, são aspectos importantes: o controle de estoque, a padronização, o envolvimento de recursos humanos treinados e capacitados para o exercício das funções e o controle da qualidade de todos os processos abordados. É de extrema importância que se consiga atender a todas as áreas do hospital (MIRIAN e ELIAS, 2002).

Na prática existem quatro (04) tipos de distribuição de medicamentos, a saber: coletivo, individual, combinado e dose unitária (GARRINSON, 1979).

2 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO

Segundo Lima, sistema de distribuição coletivo é o mais “antigo” de todos, pois não leva em conta a verdadeira função de uma Farmácia Hospitalar. A Farmácia serve, unicamente, como depósito ou central de abastecimento de medicamentos e materiais em que, simplesmente, faz o repasse desses produtos para as diversas seções do hospital.

O sistema coletivo caracteriza-se, principalmente, pelo fato de os medicamentos serem distribuídos por setor, a partir de uma solicitação da enfermagem, implicando na formação de vários estoques nas unidades assistenciais. Os medicamentos são liberados sem que o serviço de farmácia tenha acesso às seguintes informações: para quem, porque e por quanto tempo o medicamento está sendo solicitado.

A assistência ao paciente fica prejudicada e uma grave consequência é o alto índice de erros de administração de medicamentos, desde o ato da prescrição até o momento da administração dos mesmos.

Como em todos os sistemas, apresenta algumas desvantagens, das quais pode -se citar: transcrições das prescrições médicas, falta de revisão da prescrição pelo farmacêutico, maior incidência de erros na administração de medicamentos, consumo excessivo do tempo da enfermagem em atividades relacionadas ao medicamento, uso inadequado de medicamentos nas unidades assistenciais, aumento de estoque nas unidades assistenciais e perdas de medicamentos, impossibilidade de faturamento real dos gastos por paciente, alto custo institucional, evasão e mistura de lotes.

As vantagens que aparecem nesse sistema são, na verdade, obstáculos para uma assistência farmacêutica de qualidade ao paciente, como: grande disponibilidade de medicamentos nas unidades assistenciais, redução do número de solicitações e aumento no número de devoluções de medicamentos à farmácia e necessidade de menor número de funcionários na farmácia.

3 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO

O sistema de distribuição individualizado caracteriza-se pelo fato do medicamento ser dispensado por paciente, geralmente, para um período de 24 horas. Esse sistema divide-se em: indireto e direto.

O sistema de distribuição individualizado possui variações, que vão de acordo com as peculiaridades de cada instituição, como: forma da prescrição médica, o modo de preparo e distribuição das doses e fluxo de rotina operacional.

A distribuição é baseada na transcrição da prescrição médica e solicitação à farmácia é feita por paciente e não por unidade assistencial, como no coletivo.

No individualizado direto, a distribuição é baseada na cópia da prescrição médica, eliminando a transcrição. Neste contexto, é possível uma discreta participação do farmacêutico, diante da terapêutica medicamentosa prescrita.

Podendo estas encaminhadas à farmácia sob diversas formas, tais como: prescrição com cópia carbonada, fotocópia da prescrição, prescrição via fax, prescrição informatizada, sistema de radiofrequência interligando computadores e leitores ópticos. (Guia Básico de Farmácia Hospitalar, 1994)

O sistema de distribuição individualizado pode ser operacionalizado de várias formas:

v  Dispensados em um único compartimento, podendo ser um saco plástico identificado com a unidade assistencial, o número do leito, o nome do paciente, contendo todos os medicamentos, desordenados, para um período determinado que, geralmente, pode ser 12 horas, 24 horas ou por turno de trabalho.

v  Fornecidos dentro de embalagem plástica contendo divisórias obtidas por termo solda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos, adequados ao sistema de distribuição, dispostos, segundo o horário de administração constante na prescrição médica, individualizados e identificados para cada paciente e para, no máximo, de 24 horas.

As principais desvantagens deste sistema podem ser citadas, como: erros de distribuição e administração, necessidade de um investimento inicial, consumo significativo do tempo de enfermagem e não permite controle total sobre as perdas econômicas (caducidade, doses não administradas, desvios e outros. (Guia básico de farmácia hospitalar, 1994)

Por outro lado, o Sistema de Distribuição Individualizado possui inúmeras vantagens. Por exemplo: possibilidade de revisão das prescrições médicas, maior controle sobre o medicamento, redução de estoques nas unidades assistenciais, pode-se estabelecer devoluções, permitir faturamento mais apurado do gasto por paciente e melhor rastreabilidade dos produtos dispensados.

4 -  SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COMBINADO OU MISTO

Neste sistema de distribuição, a farmácia distribui alguns medicamentos, mediante solicitação da enfermagem, e outros por cópia da prescrição médica.

Portanto, parte do sistema é coletivo e parte individualizado. Geralmente, as unidades de internação, de forma parcial ou integral, são atendidas pelo sistema individualizado e os serviços de caráter ambulatorial ou urgências são atendidos pelo sistema coletivo. É indicado que, nesse sistema, as solicitações encaminhadas pelas unidades assistenciais sejam embasadas em uma relação de estoque, previamente estabelecida entre farmácia e enfermagem. Estes estoques deverão ser controlados e repostos pela farmácia, mediante documento justificando o uso do medicamento.

5 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE DOSE UNITÁRIA (SDMDU)

Segundo Garrison o sistema de distribuição por dose unitária é um método farmacêutico de controle e dispensação de medicamentos voltado para farmácia hospitalar. No qual, a distribuição ocorre em quantidade ordenada de medicamentos com forma e dosagem prontas para serem administradas ao paciente de acordo com a prescrição médica, num certo período de tempo.

São três os tipos de sistema distribuição por dose unitária:

5.1 SISTEMA CENTRALIZADO:

As doses são preparadas na Farmácia Central e dali são distribuídas para todo o Hospital. Pelo fato da centralização, o controle de estoque e a supervisão da preparação das doses, pelo Farmacêutico, ficam mais contundentes.

5.2 SISTEMA DESCENTRALIZADO:

As doses são preparadas nas Farmácias Satélite (descentralizadas) e ao final de cada preparação, os quantitativos do consumo são enviados à Farmácia Central.

5.3 SISTEMA COMBINADO:

Diz-se que o sistema é combinado quando ao mesmo tempo, que as Farmácias Satélites estão atuando na preparação de doses, a Farmácia Central deixara de operar e vice-versa. Este esquema facilita a adequação aos horários de administração de doses e objetiva uma redução nos recursos humanos, aproveitando da melhor forma possível, o horário de trabalho do pessoal existente no quadro de funcionários da Farmácia.

5.4 -  CONDIÇÕES BÁSICAS PARA UM BOM S.D.M.U.D.:

v  Existência da Comissão de Farmácia e Terapêutica para a padronização de Medicamentos;
v  Normas Escritas, manual de atividades (POP), a fim de evitar, portanto, a omissão dos elementos que trabalharão no sistema.

Os elementos principais que distinguem o SDMDU dos sistemas tradicionais são medicamentos contidos em embalagens unitárias, dispostos conforme horário de administração e prontos a serem administrados, segundo a prescrição médica, individualizados e identificados para cada paciente.

Sua distribuição pode ser em embalagem plástica, com separações obtidas por solda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos adequados ao sistema de distribuição.

Serviços que adotam o sistema de dose unitária, propriamente dito, deverão distribuir todos os medicamentos, em todas as formas farmacêuticas, prontos para o uso sem necessidade de transferências ou cálculos por parte da enfermagem
(GARRINSON, 1979).

A implantação do sistema de dose unitária requer um sistema de gerenciamento de medicamento efetivo, seguro e recursos humanos qualificados. Ou seja, técnicos ou auxiliares de farmácia devidamente treinados e, farmacêutico com conhecimento em farmacoterapia e farmacovigilância para participar da elaboração de adequadamente dos planos terapêuticos.

Sendo assim, este é um sistema que melhor representa a intervenção prévia do farmacêutico no processo de distribuição de medicamentos pela farmácia hospitalar.

Verificando se as doses unitárias estão de acordo com as segundas vias das prescrições médicas, supervisionando ou determinando o controle de estoque, registrando as receitas de psicotrópicos ou entorpecentes de acordo com a legislação vigente, analisando o perfil farmacoterapêutico do paciente e efetuando
ou supervisionando a reposição dos medicamentos utilizados nas urgências.

5.5 – PRINCÍPIOS DO S.D.M.U.D.:

De uma maneira geral e de acordo com Cassiane e Silva (2004) este sistema pode diferir, na forma da execução, dependendo das condições e necessidades institucionais. Mas em geral, deve-se reconhecer que os princípios dos sistemas de Doses Unitárias são mais importantes que os procedimentos, tendo em vista que estes procedimentos foram corrigidos pela Sociedade Americana de Farmacêuticos dos Hospitais (ASHP) em boletins publicados em 1980 e 1989 e que se pode resumir em seis princípios:

v  Os medicamentos devem ser identificados até o momento de sua administração, pois isenta o perigo potencial da troca de paciente.

v  O serviço de Farmácia tem a responsabilidade de reenvasar e etiquetar todas as doses de medicamentos que são utilizados nos hospitais e isso deverá ser feito no serviço de Farmácia e sob a supervisão do farmacêutico.


v  O ideal é que se dispense em cada ocasião a medicação para um só horário, mas na prática e devido os circuitos de visita dos médicos aos pacientes, esta distribuição se realiza na maioria dos hospitais para 24hs, sempre tendo em vista que isto pode gerar erros e devendo ser estabelecido procedimentos que minimizem esta possibilidade.

v  O farmacêutico deve receber a prescrição original e em sua defesa uma cópia exata da mesma. Na atualidade, o médico pode introduzir diretamente a prescrição no ordenador (prescrição eletrônica).

v  Os medicamentos não devem ser dispensados até que o farmacêutico tenha avaliado a prescrição médica.


v  A enfermaria recebe a medicação enviada pela farmácia e comprovará a concordância com a sua própria. Se for encontrada alguma discrepância será porque um deles foi interpretado de forma diferente da prescrição, necessitando um acordo com o médico. Desta forma muitos erros se detectaram e se evitaram (CASSIANE e SILVIA, 2004).

Sua rotina operacional é cíclica, portanto um processo dinâmico. Onde cada passo tem sua importância não devendo haver atropelos, sob pena de interromper o processo em qualquer fase que se encontre.

Sua distribuição pode ser em embalagem plástica, com separações obtidas por solda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos adequados ao sistema de distribuição.

A maior resistência à implantação do SDMDU encontra-se na necessidade de um aumento do quadro funcional da Farmácia Hospitalar e ao investimento inicial de capital para a aquisição de equipamentos, embalagens e materiais. Porém, justifica-se a implantação do SDMDU em razão de:

v  Redução da incidência de erros de medicação;

v  Diminuição do tempo utilizado pelo pessoal de enfermagem para a armazenagem e preparo de medicamentos, com a consequente elevação da qualidade assistencial;


v  Economia de custo em atividades relacionadas aos medicamentos;

v  Redução de estoques nas unidades assistenciais e das perdas relativas à caducidade, a falta de identificação de medicamentos e redução de desvios;


v  Melhor controle e racionalização na utilização de medicamentos, através de monitorização da terapêutica;

v  Otimização da higiene e organização do sistema de distribuição, prevenindo possíveis contaminações e alterações;


v  Grande adaptabilidade a sistemas automatizados e computadorizados;

v  Garantia da utilização do medicamento certo, na dose certa e para a hora correta, segundo a prescrição médica.

Algumas desvantagens podem ser vistas no SDMDU como o aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura da Farmácia Hospitalar, exigência de investimento inicial, incremento das atividades desenvolvidas pela farmácia e aquisição de materiais e equipamentos especializados.


Mas, nesse sistema, as vantagens são inúmeras, como: redução de estoque nas unidades assistenciais ao mínimo necessário, diminuição drástica de erros de medicação, otimização das devoluções à farmácia, redução do tempo do pessoal de enfermagem dedicado às atividades com medicamentos (rapidez na administração de medicamentos), promoção do acompanhamento de pacientes, controle mais efetivo sobre medicamentos (por exemplo: controle de estoque, caducidade, doses e outros), integração do farmacêutico com a equipe de saúde, oferta de medicamentos em doses organizadas e higiênicas, aumento da segurança do médico e otimização da qualidade assistencial (FREITAS, 2004).

6 - CONCLUSÃO

Pelo exposto, conclui-se que os medicamentos, representantes importantes do orçamento hospitalar, necessitam da implantação de um sistema apropriado de distribuição, a fim de assegurar o uso racional, eficiente, econômico, seguro, que esteja de acordo com o esquema terapêutico prescrito que garanta o sucesso da terapêutica e da profilaxia instauradas no hospital.

Ao falarmos em Sistema de Distribuição, falamos, na verdade, da maneira como o medicamento e materiais médicos hospitalares serão levados para os vários setores do hospital e, principalmente, como irão chegar aos pacientes.

Barker e MacConnel (1962), em trabalho pioneiro, sobre problemas com medicamentos, demonstraram que o sistema tradicional de distribuição de medicamentos, centrado nas atividades de enfermagem, apresenta taxa de 16,2% de erros de medicação.

Assim, é valido ressaltar que: erro de medicação é qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode ou não lesar o paciente.

O sistema a ser implantado na farmácia de um hospital deverá assegurar o uso racional de medicamentos, a redução de erros, tornando eficaz a intervenção terapêutica, e consequentemente a diminuição da permanência do paciente no hospital. Além disso, o sistema adotado deverá permite ao farmacêutico maior controle sobre os medicamentos, a verificação do faturamento gasto por paciente. Facilitando, assim, a observância de custos e o controle de gastos/desperdícios.

Quanto maior a eficiência e eficácia do sistema de distribuição de medicamentos e correlatos, maior contribuição será prestada para garantir o sucesso das terapêuticas e profilaxias instauradas. Os aspectos importantes para a racionalidade e eficácia do sistema de distribuição são: o controle de estoque, a padronização, o envolvimento de recursos humanos treinados e capacitados para o exercício das funções e o controle da qualidade de todos os processos abordados. É de extrema importância que se consiga atender a todas as áreas do hospital (BISSON & CAVALLINI, 2002).

Assim, fica claro que, não basta apenas distribuir e dispensar bem os medicamentos e materiais. É preciso também comprar bem, receber bem e armazenar bem, evitando excesso de estoques, perdas por validade e armazenamento inadequado. O trabalho de logística é contínuo, mas pode sempre ser aprimorado e qualquer atitude por menor que possa parecer pode significar grande economia a médio e longo prazos (BARBIERI e MACHLINE, 2006).

Dentre os métodos de distribuição abordados o método de distribuição de medicamentos por Dose Unitária oferece melhores condições para um adequado seguimento de terapia de medicamentos aos pacientes. Com a intervenção prévia do farmacêutico no processo de distribuição de medicamentos pela farmácia hospitalar, é possível verificar se as doses unitárias estão de acordo com as segundas vias das prescrições médicas, supervisionar ou determinar o controle de estoque, registrar as receitas de psicotrópicos ou entorpecentes de acordo com a legislação vigente, analisar o perfil fármaco-terapêutico do paciente e efetuar ou supervisionar a reposição dos medicamentos utilizados nas urgências.

O problema desse sistema é seu alto custo na implantação, que envolve máquinas, infra-estrutura e número de funcionários adequados. Mas, de acordo com pesquisas recentes, esse investimento é compensado pela redução de custos que pode variar de 25% a 40%, em geral e principalmente na redução dos desperdícios com medicamentos e materiais (ROSA, GOMES E REIS, 2003).

Por fim, para um hospital/farmácia hospitalar racionalizar e viabilizar a assistência terapêutica ao paciente é necessário compreender todo o processo de distribuição de medicamentos e correlatos, analisar as informações, condições econômicas, bem como os recursos disponíveis no hospital. Pois, o sucesso da implantação dependerá da maneira correta de sua aplicação e ao adequado sistema de distribuição selecionado. Sendo assim, a gestão de estoques se reveste de valor especial, pois é um elo importante para que o hospital ou qualquer empresa, nos dias de hoje, alcance o seu propósito final que é proporcionar ao seu cliente um atendimento com qualidade.

8 - MODELOS DE DISPENSAÇÃO

8.1 - DISTRIBUIÇÃO COLETIVA

v  Médico: prescreve os medicamentos para os diversos pacientes nas folhas de prescrições médicas.
v  Enfermagem: efetua a transcrição da prescrição médica para o "Formulário de Solicitação de Medicamentos " em nome de todo o setor ¨.
v  Funcionário da Enfermagem: envia o formulário para a Farmácia.
v  Funcionário da Farmácia: através do formulário efetua a distribuição de medicamentos.
v  Auxiliar de Enfermagem: deve devolver à Farmácia os medicamentos não ministrados.

8.2 - DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL

v  Médico: Prescreve na folha de prescrição médica (duas vias).
v  Funcionário da Farmácia: Recolhe as segundas vias das prescrições médicas nas unidades e efetua o aviamento e distribuição dos medicamentos e Soluções de Grande Volume (S.G.V.) em sacos plásticos individuais devidamente identificados com os dados do paciente.
v  Farmacêutico: Supervisiona o aviamento das segundas vias de prescrições médicas; Confere a dispensação de todos os medicamentos; Controla o estoque e registra as receitas de psicotrópicos e entorpecentes; Realiza fiscalizações periódicas nas unidades.
v  Analisa o perfil farmacoterapêutico do paciente.
v  Supervisiona a reposição dos medicamentos.
v  Funcionário da Farmácia: Retorna as unidades com os medicamentos dispensados e as segundas vias das prescrições médicas e acompanha a conferência da medicação e do MMH.
v  Contínuo da Unidade: Vai até a Farmácia apanhar as soluções de grande volume.
v  Secretária da Unidade: Recebe os medicamentos. na presença do funcionário da Farmácia, conferindo o que está recebendo de acordo com as segundas vias das prescrições médicas.
v  Funcionário da Farmácia: Retorna a Farmácia com as segundas vias das prescrições médicas assinadas e os medicamentos que não foram administrados aos pacientes;
v  Diariamente visita as unidades e confere:
v  Armário dos medicamentos a reposição de estoques das unidades.

8.3 - DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA

v  Médico: Prescreve na folha (duas vias).
v  Atendente ou Auxiliar de Enfermagem: Retira do prontuário as cópias (segundas vias) das prescrições médicas.
v  Funcionário da Farmácia: Vai ao posto de enfermagem, enfermarias ou apartamentos e recolhe:
  1. Cópias (das segundas vias) das prescrições.
  2. Receitas utilizadas para a retirada de medicamentos dos armários de urgências.
  3. Doses unitárias não ministradas.
v  Funcionário da Farmácia prepara:
  1. Doses unitárias.
  2. "Bandejas" contendo os medicamentos a serem repostos nos armários com medicamentos de urgência (de acordo com as receitas).
  3. As etiquetas das doses unitárias e revisa as receitas rubricando-as (para identificar quem preparou e/ou aviou as doses e receitas, respectivamente).
v  Farmacêutico: Verifica se as doses unitárias preparadas estão de acordo com as segundas vias das prescrições médicas.; Faz ou supervisiona o controle de estoque e registra as receitas de psicotrópicos ou entorpecentes, de acordo com a legislação vigente; Analisa o perfil farmacoterapêutico do paciente; Efetua ou supervisiona a reposição dos medicamentos utilizados nas urgências.
v  Atendente ou Auxiliar de Enfermagem: Recebe e confere as doses unitárias e faz a reposição dos medicamentos utilizados na urgência.; Reintroduz as segundas vias das prescrições nos prontuários (se for o caso).
v  Enfermeiro: Ministra as doses unitárias.

9 - FONTE

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA: e seus Reflexos na Dinâmica Hospitalar. Trabalho de conclusão de curso apresentado à escola de saúde de exército com requisito parcial para  aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares, RIO DE JANEIRO 2009, 1º Ten Al ROSALYNN DE CÁSSIA BITENCOURT PINHEIRO

10 -  REFERÊNCIAS

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hospitals. Am J Hosp Pharm 1962.

BRASIL MS, 1994. Guia Básico para a Farmácia Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde.

CAVALLINI, Miriam Elias; BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia Hospitalar: um enfoque em sistema de saúde. 1. ed. São Paulo: Manole, 2002.

CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli. A segurança de pacientes na utilização da medicação. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

COIMBRA, J.A.H.; VALSECHI, E.A.S.de S.; CARVALHO, M.D.de B.; PELLOSO,S.M.Sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária: reflexões para a prática da enfermagem. Rev.latino-am.enfermagem, RibeirãoPreto, v. 6, n. 4, p. 15-19, outubro 1998.

CFF, 1997. Resolução nº 300, de 30 de janeiro de 1997. Regulamenta o exercício profissional em Farmácia e unidade hospitalar, clínicas e casa de saúde de natureza pública ou privada. Disponível em http://www.cff.org.br/pag800x600.html>, acessado em 02/06/2009.

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FREITAS, Alessandra Russo. Vigilância Sanitária Hospitalar:Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária (SDMDU) em foco, 2004. Acesso em: 30 de março de 2009.

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