segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

VIROSES : SARAMPO

VIROSES : SARAMPO


DEFINIÇÃO

Doença infecciosa contagiosa aguda, provocada por um vírus que se espalha por todo o corpo, e afeta principalmente o aparelho respiratório. É uma das doenças que mais causam mortes em crianças menores de 2 anos no Brasil.

Em países subdesenvolvidos, a mortalidade do sarampo é muito maior. Foi descoberta  em 1670, por Thomas Sydenham, que reconheceu as diferenças entre a varíola e o sarampo. A doença é de distribuição universal, mas  que pode ser erradicada com vacinação em massa da população infantil.

A incidência, evolução e a letalidade pode ser influenciada pelo clima, condições socioeconômicas,  além do estado nutricional e imunitário de cada hospedeiro. A imunidade  dos lactentes dura até o 4º e 5º mês de vida. 

AGENTE ETIOLÓGICO
Paramyxovírus; família Paramixoviridae; gênero Morbillivirus; espécie sarampo. É um vírus ARN com um diâmetro de 120 a 250 nanômetros.

HOSPEDEIRO

O homem. 

FORMA DE TRANSMISSÃO

É transmissível 72 horas antes do período prodrômico e não transmite mais  4 a 5 dias depois do aparecimento das erupções.

TRANSMISSÃO

Direta: através do contato direto pelas vias superiores altas (espirro, fala,tosse, saliva e secreções catarrais) ocorrendo  transmissão também pelo contato com as secreções acumulada nos olhos

DISSEMINAÇÃO

Quando são aspirados o vírus do sarampo invade as células epiteliais respiratórias, seguindo para os gânglios linfáticos regionais. Após a multiplicação nestes gânglios,uma pequena quantidade do vírus invade a corrente sanguínea, dando origem a viremia  do sarampo.que é uma intensa replicação viral nos tecidos do fígado, baço, medula óssea, placas de Peyer.

Após o quinto dia de infecção inicia a viremia secundária, o vírus alcança o pulmão, pele, sistema nervoso central (SNC), sendo levado pela corrente sanguínea, esse período dura em média de 10 a 12 dias para só depois iniciar os sintomas da doença

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Em média de 7 a 12 dias a partir do contágio.

FREQÜÊNCIA

Atualmente está havendo aumento da doença em crianças na fase pré-escolar. São necessários altos níveis de imunidade da população para interromper a transmissão da virose. Ocorrem mais em crianças menores de 5 anos de idade e com mais de seis meses de idade. Relativa frequência de ocorrência do sarampo em crianças vacinadas, esse insucesso da vacina pode estar relacionado ao manuseio inadequado da vacina, estocagem errada da vacina ou falhas primárias de vacinação.

FONTE DE INFECÇÃO

O próprio doente.

SINTOMATOLOGIA

Sarampo Atenuado ou Modificado:  ocorre em crianças que receberam gamaglobulina com o objetivo de atenuar a doença após contato com paciente susceptível ou em lactentes que ainda têm anticorpos maternos.

Sarampo Hemorrágico ou Negro:  raro atualmente. ocorre febre alta (41-42°C), convulsões, delírio, estupor, que progridem até o coma. Seguem-se intenso desconforto respiratório e extensa erupção hemorrágica na pele e nas membranas mucosas. É quase sempre fatal, especialmente porque se acompanha de coagulação intravascular disseminada.

Sarampo Atípico: ocorre em pessoas previamente vacinadas expostas ao sarampo natural.

Período prodrômico ou catarral (nesse período a doença pode ser confundida com uma gripe):

v  Febre alta;
v  Mal-estar geral;
v  Coriza;
v  Rinofaringoamigdalite;
v  Fotofobia;
v  Conjuntivite;
v  Tosse produtiva com coriza;
v  Dificuldade de ingestão;
v  Estomatite;
v  Sinal de Koplik (pequenos pontos brancos, rodeadas de uma zona vermelha, que se agrupam na mucosa interna das bochechas).

Período exantemático:

Piora dos sintomas acima, acrescidos de prostração; conjuntivite intensa e acompanhada de secreção muco-purulenta; aparecimento do exantema (lesões maculopapular generalizada) característico da doença, por todo o corpo no sentido cefalo-caudal; secreções das vias respiratórias superiores e dos pulmões aumenta a produção do muco; voz rouca; faringe e boca inflamadas, dificultando a ingestão de alimentos sólidos.

Período de descamativo

v  Nesse período as manchas escurecem e surge a descamação fina;
v  Febre e a tosse diminuem sensivelmente.

Casos graves pode ocorrer:

v  Otite purulenta;
v  Febre alta;
v  Diarréia;
v  Vômitos e anorexia que pode levar à desidratação  principalmente em crianças desnutridas.

Observação. No período exantemático é que surge as complicações sistêmicas do sarampo que em alguns casos, pode deixar sequelas no doente.

DIAGNÓSTICO

v  Exame físico.
v  Exame clínico.
v  Exames laboratoriais.
v  Presença do Sinal de Koplik.
v  Testes sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
v  Testes virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).

Diagnóstico diferencial (deve ser feito para não ser confundida com as seguintes doenças com sintomas iniciais semelhantes)

v  Gripe (no período inicial).
v  Exantema súbito.
v  Síndrome de Kawasaki.
v  Meningococcemia.
v  Febre maculosa.
v  Mononucleose infecciosa.
v  Doença do soro.
v  Toxoplasmose.
v  Enteroviroses exantemáticas.
v  Escarlatina.
v  Rubéola.
v  Eritema infeccioso.
v  Sífilis secundária. Riquetsioses.
v  Dengue.
v  Roseola infantum.


TRATAMENTO

Específico: tratamento medicamentoso não existe.

Sintomático:

v  Conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.
v  Isolamento respiratório domiciliar,  para evitar infecções cruzadas, porque se trata de uma doença contagiosa principalmente pelas vias aéreas superiores.
v  Administração de vitamina A após o início do exantema em duas doses com intervalo de 24 horas, é indicado independentemente de haver ou não deficiência nutricional, reduzindo as complicações e consequentemente a mortalidade.
v  Repouso no leito.
v  Dieta líquida ou branda.
v  Higiene corporal adequada para prevenir infecções bacterianas.
v  Banhos refrescantes.
v  Álcool canforado é indicado para aliviar o prurido (coceira).
v  Antitérmicos para diminuir a hipertemia sob indicação médica.
v  Antibióticos às vezes são receitados para evitar complicações, sob prescrição médica.
v  Diminuir a iluminação do quarto, se os olhos estiverem irritados.
v  Administração por via oral da vitamina A, sob indicação médica.
v  Medicamento a base de soro fisiológico para desobstruir as narinas e  a limpeza das secreções oculares. Hospitalização nos casos em que surgem complicações.

Observação:

v  Em alguns casos o sarampo pode ser  confundido com uma gripe, causando a broncopneumonia em crianças menores de 5 anos, sendo necessário à internação.

v  Em alguns casos a pele fica azulada (cianose), por causa do problema respiratório, fazendo com que as manchas do sarampo não fiquem muito visíveis.

v  Essa complicação é chamada popularmente de sarampo recolhido, sendo uma das causas principais do óbito de crianças, relacionada ao sarampo. 

COMPLICAÇÕES

As complicações ocorrem mais em crianças com baixa idade e desnutridas, pessoas portadoras de imunodeficiências, gestantes e  em recém-nascidos. Em pessoas que estão com tuberculose, mas que ainda não foram tratadas, o sarampo agrava mais a tuberculose pulmonar.

v  Otite média.
v  Desidratação.
v  Meningite.
v  Bronquiolites.
v  Traqueobronquites.
v  Pneumonias bacterianas, que pode evoluir até o derrame pleural.
v  Laringites obstrutiva  (crupe do sarampo).
v  Polirradiculite.
v  Encefalite.
v  Desnutrição e desidratação grave.
v  Miocardite. Estomatite.
v  Gastrenterite.
v  Sinusite.
v  Complicações na gravidez

A mulher grávida que adquiriu o sarampo deve ficar em repouso para evitar as complicações.

No feto, dependendo do período da gravidez  pode ocorrer:

v  Aborto espontâneo;
v  Parto prematuro;
v  Morte do feto em casos raríssimos.

Portanto é imprescindível que a mulher grávida não entre em contato de maneira nenhuma com doentes de sarampo ou com qualquer outro paciente portador de doença contagiosa. Mesmo que o paciente esteja no final do tratamento ou que esteja em período de convalescença, pois algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.

SEQUELAS NA CRIANÇA

v  Panencefalite esclerosaste subaguda (complicação rara e fatal que acomete o SNC após 7 anos da doença).
v  Cegueira.
v  Síndrome da má-absorção.
v  Surdez.

PROFILAXIA

Medidas sanitárias:

v  Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias. Vacinação: 
v  1ª dose aos 9 meses +1 dose de reforço.
v  No Brasil se usa mais a vacina Schwartz atenuada de  vírus vivos.
v  Campanhas de prevenção para a população contra o sarampo.
v  A vacina contra o sarampo pode dar em algumas pessoas susceptíveis uma infecção  sarampenta atenuada e é frequente o aparecimento de febre após 5 a 10 dias  da vacinação.
v  A vacina contra o sarampo dá uma soro conversão de 98% dos casos (IH).

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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