quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS PARTE 1

ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS PARTE 1



INTRODUÇÃO

O armazenamento e a distribuição são as etapas do ciclo da Assistência Farmacêutica que visam, como finalidades precípuas, a assegurar a qualidade dos medicamentos através de condições adequadas de armazenamento e de um controle de estoque eficaz, bem como a garantir a disponibilidade dos medicamentos em todos os locais de atendimento ao usuário (Cosendey, 2000).

Nos sistemas mais modernos, espera-se que as equipes responsáveis pelo armazenamento e distribuição comprometam-se com o processo de cuidado. Devem assumir para si a co-responsabilidade na preparação dos produtos, de forma que as unidades usuárias os recebam, na medida do possível, prontos para uso; por exemplo, medicamentos fracionados e devidamente rotulados.

É mais razoável admitir, ainda, que a equipe do almoxarifado municipal seja mais especializada nos cuidados de estocagem. É mais fácil dispor, nesse nível, dos equipamentos e infra-estrutura necessária à preservação dos medicamentos do que em uma unidade básica de atendimento. Dessa forma, o almoxarifado municipal deve co-responsabilizar-se com a adequada estocagem nas suas unidades usuárias, provendo apoio técnico, informação e supervisão quanto ao processo de trabalho, garantido, assim, a qualidade do medicamento
até seu fornecimento ao usuário final – o paciente.

No Brasil, os almoxarifados dedicados exclusivamente à armazenagem de medicamentos têm sido denominados como Centrais de Abastecimento Farmacêutico (CAF).

O armazenamento constitui-se como um conjunto de procedimentos técnicos e
administrativos que envolve diversas atividades (Vecina Neto & Reinhardt Filho, 1998).

v ‘Recebimento de Medicamentos’ – ato de examinar e conferir o material quanto à quantidade e documentação.
v ‘Estocagem ou guarda’ – arrumação do material em certa área definida, de forma organizada, para maior aproveitamento de espaço possível e dentro de parâmetros que permitam segurança e rapidez.
v ‘Segurança’ – capacidade de manter o material sob cuidados contra danos físicos, furtos e roubos.
v ‘Conservação’ – capacidade de manter assegurada as características dos produtos, durante o período de estocagem.
v ‘Controle de Estoque’ – monitoramento da movimentação física dos produtos (entrada, saída e estoque).
v ‘Entrega’ – entrega do material de acordo com as necessidades do solicitante, garantindo adequadas condições de transporte, preservação da identificação até o consumidor final e rastreabilidade do produto.

O principal objetivo do armazenamento é o de garantir sua qualidade sob condições adequadas e controle de estoque eficaz, bem como de garantir a disponibilidade dos produtos em todos os locais de atendimento, assegurada a qualidade do produto desde o recebimento até sua entrega ao usuário. Ainda podemos detalhar melhor outros objetivos:

v receber materiais de acordo com as especificações determinadas nos processos de programação e aquisição;
v guardar os produtos dentro das condições recomendadas, respeitadas as
v especificidades (termolábeis, fotossensíveis, inflamáveis etc.), incluindo a segurança da equipe e do ambiente de trabalho;
v localizar de forma pronta, ágil e inequívoca;
v assegurar os produtos e os valores patrimoniais inerentes, protegendo-os contra desvios e perdas;
v preservar a qualidade dos produtos;
v entregar de forma a garantir a disponibilidade adequada e oportuna nas unidades usuárias.

ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS

Um aspecto importante numa discussão quanto à estocagem dos medicamentos é que são constituídos de fármacos. Os fármacos são entidades químicas ou biológica com ação no organismo. Para que o fármaco exerça o máximo da ação benéfica desejada e o mínimo de efeitos adversos, é necessário que o medicamento mantenha preservadas as condições de estabilidade. A estabilidade é, assim, a propriedade de um produto em preservar – dentro de limites estabelecidos e sob determinadas condições ambientais – as mesmas características físicas, químicas e farmacológicas, durante seu período de vida útil. Esse espaço de tempo, no qual se assegura sua integridade, representa o período de validade.

A estabilidade pode ser classificada em (Defelipe, 1985):

v ‘Física’ – as propriedades físicas originais, incluindo aparência, sabor, uniformidade e dissolução deverão permanecer praticamente inalteradas.
v ‘Química’ – cada ingrediente ativo deverá reter sua integridade e sua potência
v declarada no rótulo dentro de limites especificados.
v ‘Microbiológica’ – a esterilidade ou resistência ao crescimento de microorganismos deverá permanecer dentro dos limites estabelecidos. Agentes antimicrobianos presentes devem manter sua eficácia dentro dos limites especificados.
v ‘Terapêutica’ – a atividade terapêutica deverá permanecer inalterada.
v ‘Toxicologia’– não deverá ocorrer aumento significativo de toxicidade.

Nossos sentidos nos permitem com razoável facilidade identificar a perda da estabilidade física, através das características organolépticas dos produtos, como por exemplo, a inspeção visual. Alguns sinais físicos de perda de estabilidade são apresentados no Quadro 1. Cabe, no entanto, lembrar que, quando a perda de estabilidade física pode ser percebida, a estabilidade química e microbiológica já estão previamente comprometidas, acarretando prejuízos importantes para a ação terapêutica e possível ganho de ação toxicológica.

Quadro 1 – Sinais indicativos de possíveis alterações na estabilidade de medicamentos

FORMAS FARMACÊUTICAS ALTERAÇÕES VISÍVEIS

Comprimidos

v Quantidade excessiva de pó
v Quebras, lascas, rachaduras na superfície
v Manchas, descoloração, aderência entre os comprimidos ou formação de depósitos de cristais sobre o produto

Drágeas

v Fissuras, rachaduras, manchas na superfície

Cápsulas

v Mudança na consistência ou aparência (amolecimento ou endurecimento)
v Pós e grânulos Presença de aglomerados
v Mudança na cor ou endurecimento

Pós efervescentes

v Crescimento da massa e pressão gasosa

Cremes e pomadas

v Diminuição do volume por perda de água
v Mudança na consistência
v Presença de líquido ao apertar a bisnaga
v Formação de grânulos, grumos e textura arenosa
v Separação de fases

Supositórios

v Amolecimento, enrugamento ou manchas de óleo

Soluções/xaropes/ elixires

v Precipitação
v Formação de gases

Soluções injetáveis

v Turbidez, presença de partículas, vazamento, formação de cristais e mudança na coloração

Emulsões

v Quebra da emulsão, mudança na coloração e no odor

Suspensões

v Precipitação, presença de partículas, grumos, cheiro forte, mudança na coloração, entumecimento e liberação de gases

Tinturas/extratos

v Mudança de coloração, turbidez e formação de gases

Fonte: Defelipe (1985).

Existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos medicamentos e sua ação natural do tempo já está considerada na atribuição do prazo de validade dos medicamentos. Estes fatores se distribuem da seguinte forma:

Fatores Intrínsecos – ligados à tecnologia de fabricação:

v interação entre fármacos e os solventes ou adjuvantes;
v pH;
v qualidade do recipiente;
v presença de impurezas;

Fatores Extrínsecos’ – fatores ambientais, ligados às condições de transporte e estocagem:

v ligados à temperatura;
v luminosidade;
v ar (oxigênio, gás carbônico e vapor d’água);
v umidade.

Como se pode ver, geralmente temos algum controle sobre os fatores extrínsecos, dado que estão ligados a fatores ambientais sobre os quais podemos exercer controle. Cabe atentar para o fato de que um fator intrínseco ao qual muitas vezes não se dá a devida atenção é a qualidade do recipiente. Sempre que alteramos o recipiente ou envase fornecido pelo fabricante, alteramos o prazo de validade para um novo valor não determinado. Por essa razão, a legislação atual (Anvisa, 2000) somente autoriza o fracionamento em unidades hospitalares e desde que garantidas as Boas Práticas de manipulação.

Os principais fatores ambientais controláveis, com ação na estabilidade dos
medicamentos, são a temperatura ambiente, a luminosidade e a umidade, já que tanto as reações químicas quanto as biológicas são aceleradas com o aumento dos valores desses fatores. O prazo de validade ou o tempo previsto para a perda de estabilidade de um medicamento é verdadeiro apenas se respeitadas as indicações farmacopéicas de conservação dos mesmos.

TEMPERATURA

Condição ambiental diretamente responsável pelo maior número de alterações e deteriorações nos medicamentos.

v Os medicamentos devem ser armazenados em locais ventilados, a maioria deles à temperatura ambiente em torno de 25 ºC, sendo aceitável uma variação no intervalo entre15 ºC-30 ºC. As faixas farmacopéicas de temperatura em função de sua classificação são apresentadas no Quadro 2.
v Elevadas temperaturas são contra-indicadas para os medicamentos porque podem acelerar a indução de reações químicas e biológicas, ocasionando a decomposição dos produtos e alterando os prazos de validade.

Para o controle da temperatura, é necessária a utilização de termômetros nas áreas de estocagem, com registros diários em mapa de controle, registro mensal consolidado e elaboração de relatórios, através de gráficos demonstrativos, para correção de eventuais anormalidades.

Os medicamentos particularmente sensíveis à ação da temperatura são chamados ‘termolábeis’ e requerem, em geral, temperatura refrigerada ou fresca. Algumas formas farmacêuticas, por exemplo, supositórios, são caracteristicamente termolábeis independentemente do fármaco.


Quadro 2 – Faixas de temperatura segundo a classificação farmacopéica

TEMPERATURA PARA CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS

v FRIA OU REFRIGERADA 2-8 ºC
v FRESCA 8-15 ºC
v AMBIENTE 15-30 ºC
v QUENTE Acima de 30 ºC

Fonte: Comissão Permanente de Revisão da Farmacopéia Brasileira (CPRFB, 1988).

LUMINOSIDADE

A incidência direta de luz, principalmente de raios solares, sobre os medicamentos acelera a velocidade das reações químicas (principalmente óxido-reduções), alterando a estabilidade dos mesmos. Os produtos particularmente sensíveis à ação da luz são chamados ‘fotossensíveis’.

Os efeitos da luminosidade dependem da fonte de luz, grau de intensidade e tempo de exposição. Para proteção dos medicamentos fotossensíveis, utilizam-se embalagens de cor âmbar ou de papel alumínio, em virtude da opacidade das mesmas. Os problemas da estocagem poderão ser minimizados se houver a preocupação, na aquisição, de especificar corretamente a embalagem adequada.

VENTILAÇÃO

Circulação interna de ar, que deve ser mantida para conservação satisfatória dos produtos e equilíbrio da temperatura em todos os pontos do ambiente.

UMIDADE

Dependendo da forma do medicamento, a alta umidade pode afetar sua estabilidade ao desencadear reações químicas (acelerar a degradação química), biológicas (crescimento de fungos e bactérias) e físicas (amolecimento de cápsulas). As cápsulas exercem grande poder de atração e adsorsão pela umidade, principalmente as de gelatina, que, por serem sensíveis à umidade, devem ser armazenadas em locais frescos ou climatizados.

Os medicamentos armazenados em áreas úmidas podem sofrer alterações na
consistência, sabor, odor, turvação, tempo de desintegração. Por isso, recomenda-se não encostar medicamentos nas paredes, teto, em contato direto com o chão, próximos a banheiros ou junto a áreas com muitas infiltrações.

Os produtos sensíveis à umidade devem ser conservados e distribuídos em frascos hermeticamente fechados ou contendo substâncias dessecantes. Alguns, devido à elevada umidade, trazem invólucros de sílica gel para a devida proteção, não devendo ser retirados das embalagens.

O grau de umidade para armazenamento de medicamentos não deve ultrapassar 70%. A medição da umidade é feita por meio de higrômetros ou psicrômetros, sendo os últimos de uso mais fácil. A umidade relativa do ar é calculada pela relação entre a temperatura seca e a temperatura úmida. Os gráficos para o cálculo visual em geral são fornecidos com o equipamento.

TIPOS DE ALMOXARIFADO

Dependendo do volume a ser estocado, o almoxarifado poderá ser de movimentação manual ou movimentação mecanizada. A movimentação manual é utilizada quando o almoxarifado movimenta materiais de pequeno peso e volume, estocados em estantes de pequena ocupação vertical ou pallets colocados sobre o piso. Os de movimentação mecanizada
são os que movimentam materiais de grande volume e peso, geralmente estocados em pallets colocados em racks verticais. Nesse caso, será necessário o uso de empilhadeiras, devendo ser previsto espaço necessário para movimentação e guarda das mesmas, bem como manutenção preventiva e corretiva.

A economia no uso em equipamentos e infra-estrutura adequados à necessidade certamente acarretará em prejuízos posteriores quanto à perda de medicamentos, necessidades de mobilização de espaços físicos adicionais para estocagem dos produtos, dano à saúde dos pacientes que porventura venham a tomar medicamentos fora das condições de qualidade.

É de fundamental importância que os municípios busquem alternativas para se estruturarem em sistema de rede ou centrais de abastecimento centralizadas regionalmente ou consorciadas para melhor otimização de recursos e garantia das condições ideais de conservação.

As CAFs centralizadas em nível microrregional, regional, ou intermunicipal seriam responsáveis pelo recebimento, armazenamento e distribuição direta às unidades de dispensação dos municípios, de acordo com suas demandas mensais, sendo abastecidas mediante cronograma de distribuição programada por meio de prestação de contas, acompanhamento e controle pelas referidas unidades assistidas.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO SERVIÇO

Para funcionalidade do serviço, deve-se levar em conta diversos aspectos ou
requisitos básicos:

v ‘Localização’ – o almoxarifado deve estar localizado com acesso adequado aos meios de transporte, distante de fontes de calor e contaminação.
v ‘Identificação externa’ – deve apresentar identificação visível (nome, logotipo, indicativo luminoso e/ou sinalizações).
v ‘Dimensionamento’ – a área física deve ser adequada para conter os produtos a que se destina acondicionar, consideradas a rotatividade e periodicidade de movimentação dos produtos (compras ou recebimentos e entrega).
v ‘Acesso’ – deve ser fácil, com plataformas para facilitar os procedimentos de carga e descarga nos meios de transporte utilizados, vias de acesso desobstruídas, área de manobra para carros e caminhões.
v ‘Comunicação’ – devem existir os meios que permitam a comunicação ágil e fácil com as unidades fornecedoras e usuárias, como telefone, fax, Internet etc.
v ‘Instalações físicas’ – devem existir instalações elétricas e sanitárias adequadas, equipamentos e acessórios.
v ‘Condições ambientais’ – o ambiente geral deve ser propício, apresentar condições adequadas quanto à temperatura, ventilação, luminosidade e umidade, permitindo ainda boa circulação e estar organizado de forma a permitir a fácil limpeza e controle de pragas.
v ‘Higienização’ – deve ser mantida a limpeza do ambiente e dos equipamentos, como geladeiras e armários para controlados. Os revestimentos de parede e piso devem permitir a lavagem;
v ‘Segurança’ – o número e o posicionamento de portas e janelas devem permitir o controle do acesso de pessoas não autorizadas; deve dispor de sistema de segurança apropriado à proteção das pessoas e dos produtos em estoque;
v ‘Equipamentos e acessórios suficientes’ – devem ser adequados às necessidades, levando-se em consideração o tipo e volume de produtos, a forma de organização do estoque e a movimentação necessária.

ORGANIZAÇÃO DA CAF

A CAF é uma construção destinada ao recebimento, estocagem, guarda e expedição de medicamentos e insumos farmacêuticos, visando a assegurar a conservação adequada dos produtos em estoque.

A organização do espaço físico deve garantir a separação física dos principais processos desenvolvidos: recebimento, quarentena, estocagem geral e específica, expedição e área para produtos impróprios para uso (vencidos, danificados ou adulterados) enquanto se providencia seu destino final.

Determinar o tamanho de um almoxarifado é uma tarefa complexa e os cuidados deverão ser tanto maiores quanto maior o número de itens a serem estocados e, consequentemente, do espaço físico a ser comprometido, sendo aconselhável, dependendo da situação, contar com o auxílio de um engenheiro ou um arquiteto para essa tarefa.

Para um planejamento adequado de uma CAF, faz-se necessário identificar as
necessidades dos serviços, conhecer os produtos a serem estocados em quantidade, volume, rotatividade, características específicas, periodicidade das aquisições, intervalo de tempo de entrega pelos fornecedores, sistema de distribuição (se centralizado ou não) e organização planejada para o espaço físico (pallets, estantes simples ou estantes de pallets) para que se possa adequar as instalações e definir os equipamentos necessários (MSH, 1997; Vecina Neto & Reinhardt Filho, 1998). Os cálculos serão baseados no volume, em metros cúbicos, a ser ocupado pela carga máxima de estocagem, com base em dados retrospectivos, se existirem e forem confiáveis ou, na ausência destes, em dados estimados. A OMS dispõe da publicação How do Estimate Warehouse Space for Drugs (Battersby & Garnett, 1993), que fornece exemplos desse tipo de cálculo.

No enfoque moderno de gestão de estoques, just in time (JIT), busca-se, cada vez mais, minimizar estoques, maximizando seu giro e reduzindo espaço necessário para estocagem, reduzindo risco de perdas e de imobilização de capital.

ASPECTOS ESTRUTURAIS CONSTRUTIVOS

Uma CAF, para garantir condições adequadas de conservação e assegurar estabilidade e preservação das características dos produtos em estoque, deve atender a alguns requisitos básicos:

v ‘Piso’ – deve ser plano (para facilitar a limpeza) e suficientemente resistente, para suportar o peso dos produtos e a movimentação dos equipamentos. A espessura do piso deve estar de acordo com as especificações técnicas (em torno de 12 a 16 cm).
v ‘Paredes’ – cor clara, pintura lavável, isentas de infiltrações e umidade.
v ‘Portas’ – esmaltadas ou de alumínio, com dispositivo de segurança automático.
v ‘Teto’ – telhas térmicas, de lã ou fibra de vidro. Deve-se evitar telhas de amianto porque absorvem muito calor.
v ‘Instalações Elétricas’ – é sabido que a maioria dos incêndios são provocados por curtos-circuitos. A manutenção permanente das instalações elétricas deve ser priorizada pelos responsáveis pelo setor.

Os seguintes cuidados devem ser observados:

Ø  desligar todos os equipamentos, exceto os da rede de frio, diariamente, antes
Ø  da saída do trabalho;
Ø  evitar sobrecarga de energia com o uso de extensões elétricas;
Ø  usar um equipamento por tomada, não fazendo uso de adaptadores;
Ø  solicitar contrato de manutenção elétrica ou realizar vistorias periódicas nas instalações.

v ‘Instalações Sanitárias’ – devem ser apropriadas e sem comunicação direta com as áreas de estocagem.

EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS DE ARMAZENAGEM

São todos os itens (objetos, mobiliário, equipamentos, acessórios) utilizados na
armazenagem para facilitar a movimentação e estocagem, visando a otimizar os recursos disponíveis e melhor aproveitamento dos espaços.

v ‘Empilhadeiras’ – veículos manuais ou elétricos, destinados ao transporte de produtos. Usados em armazenamento vertical, de grandes quantidades, em centrais de armazenamento de grande porte.
v ‘Carrinho para transporte de medicamentos’ – existem em diversas formas e tamanhos para atender às necessidades específicas.
v ‘Cestas de marfinite’ – utilizadas para estocagem de produtos leves. São práticas, ajustáveis, de diversos tamanhos e cores, e ocupam pouco espaço.
v ‘Exaustores eólicos’ – acessório utilizado em áreas quentes, porque ajudam na renovação do ar circulante, melhorando a ventilação, sem consumo de energia elétrica.
v ‘Termômetros’ – instrumentos usados para medição da temperatura ambiente nas áreas de estocagem, e a adoção de possíveis medidas de controle.
v ‘Higrômetros’ – usados para medição da umidade.

SEGURANÇA

Em uma CAF pode haver riscos de desvios, perdas, deteriorações e incêndios, devido, principalmente, aos tipos de produtos manuseados. Existem dois níveis de segurança ambiental voltada à preservação do ambiente interno e externo, dos produtos e dos funcionários, e a individual, voltada para a proteção dos últimos.

A falta de equipamentos de prevenção contra incêndios e a não existência de manutenção das instalações elétricas, dentre outros, são fatores que contribuem para aumentar os riscos no setor. Por isso, medidas de segurança devem ser adotadas para garantir a devida proteção das pessoas, do ambiente e dos produtos em estoque.

v ‘Controle único da porta de entrada/saída’ – para facilitar o controle do acesso dos produtos e pessoas ao serviço, é recomendado, quando possível, que seja mantido o controle único da entrada/saída.
v ‘Empilhamento’ – o cuidado no empilhamento dos produtos é fundamental para a preservação dos produtos, assim como evitar acidentes de trabalho e desabamentos dos produtos (que podem acarretar perdas).
v ‘Instalações elétricas’ – ver item de instalações.
v ‘Não fumar nas dependências da CAF’.
v ‘Uso de equipamento de proteção individual’ – capacetes e luvas.
v ‘Sinalização adequada do ambiente’ – uso das convenções normatizadas (por exemplo, canalização de energia elétrica, gás, esgoto).
v ‘Cuidado especial com produtos específicos’ – como inflamáveis, quimoterápicos (em caso de quebra e exposição indevida podem contaminar os indivíduos e o ambiente).
v Medidas de prevenção contra incêndio: extintores de incêndio.
v É necessário dispor de equipamentos de prevenção contra incêndio em todas as áreas, com fácil acesso, indicação no local dos equipamentos, instruções escritas sobre utilização destes e treinamento de pessoal.
v Os extintores de incêndio devem ser fixados nas paredes, sinalizados através
v da demarcação de áreas abaixo deles, com um círculo ou seta larga, na cor
v vermelha e com bordas amarelas, na dimensão de 1 x 1m.
v Os extintores deverão possuir uma ficha de controle de inspeção, etiqueta de
v identificação (protegida para não ser danificada) com a data de recarga.

ORGANIZAÇÃO INTERNA

A organização interna da CAF está condicionada às características dos produtos a serem estocados. Deve estar bem sinalizada, de forma que permita fácil identificação e visualização dos produtos e sua localização, bem como dos processos inerentes a ela, de forma a impedir contaminações de fluxo. Não se pode, por exemplo, correr o risco de expedir um produto cuja entrega no estoque ainda não foi processada ou um produto já foi destinado ao descarte. De acordo com a funcionalidade e necessidade do serviço é que se pode proporcionar o tamanho da CAF e a forma do layout, conforme dito anteriormente. Para tanto, deve-se contar com um profissional adequado, como engenheiro ou arquiteto, para elaborar projeto específico à necessidade local.

ÁREAS BÁSICAS FUNDAMENTAIS

a) Área administrativa:

Área destinada às atividades operacionais, que deve estar localizada, preferencialmente, na entrada, para melhor acompanhamento das ações e o fluxo de pessoas e produtos.

b) Área de recepção:

Área destinada ao recebimento e à conferência de produtos. Obrigatoriamente,
deve ficar situada junto à porta principal e conter normas e procedimentos escritos e fixados na parede.

c) Área de expedição:

Local destinado à organização, preparação, conferência e liberação dos produtos.

d) Área de produtos rejeitados:

Local destinado à guarda de produtos inservíveis enquanto aguardam a destinação específica. Outras áreas básicas, como vestiários, banheiros e refeitórios, dependerão se o porte do almoxarifado as comporta.

ÁREAS ESPECÍFICAS

Dependendo da necessidade específica, pode-se ter área para termolábeis, área para grandes volumes, controle especial (psicofármacos e alto custo), imunobiológicos, inflamáveis, material médico-hospitalar, produtos químicos e área de estocagem geral (área onde devem ficar os medicamentos que não se enquadram em condições específicas de armazenagem).

LAYOUT

Disposição racional do espaço físico disponível dos diversos elementos e recursos utilizados no serviço de armazenamento (produtos, equipamentos, acessórios, mobiliários, e pessoal) de forma adequada, possibilitando melhor fluxo e utilização das áreas disponíveis.
Abaixo  temos como exemplo uma possibilidade de organização com a área de estantes à frente e área de pallets na retaguarda, garantido espaço adequado de movimentação.

Exemplo de organização interna de uma CAF  

As áreas de recebimento e expedição devem ser separadas; no entanto, para melhor controle, é ideal que sejam adjacentes, uma única entrada, a depender da rotatividade dos produtos:

v estrados em espaço delimitado para grandes volumes e afastados da parede;
v estantes numeradas, organizadas uma de costas para outra e afastadas da parede. Não existe limite padrão. Algumas literaturas falam 50 cm, outras, 80 cm, 1 m etc. Deve ser adequado ao espaço físico disponível, bem como o volume dos produtos a serem movimentados. O que não se deve é encostar medicamentos junto ao teto, chão e paredes por causa da umidade;
v fluxo interno bem definido (caminho a ser percorrido);
v sinalização interna, letras ou placas indicativas das estantes, ruas, locais de
v extintores de incêndio etc;
v espaço dos corredores bem dimensionado para circulação dos equipamentos e transporte de medicamentos;
v materiais mais pesados e de maior saída devem ficar próximos à área de expedição.

FONTE : MINISTÉRIO DA SAÚDE

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Um comentário:

  1. Excelente exposição, quem nunca entrou num setor de almoxarifado consegue ter uma boa ideia do local e procedimentos. Parabéns.

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