terça-feira, 28 de janeiro de 2014

BACTERIOSES :TRACOMA

BACTERIOSES :TRACOMA



Definição

     O Tracoma é uma afecção inflamatória crônica da conjuntiva e da córnea, uma ceratoconjuntivite crônica palpebral recidivante que em decorrência das infecções repetidas pode levar a cicatrizes na conjuntiva palpebral.  Em casos mais graves evoluem para seqüelas, provocando lesões corneanas importantes, podendo produzir cegueira.

Agente Etiológico


     O agente etiológico do Tracoma é a Chlamydia Trachomatis, uma bactéria de vida obrigatoriamente intracelular.  Apresenta um tropismo pelas células epiteliais, onde se instala e se multiplica, formando inclusões citoplasmáticas.

Conhecimento

     Além do Tracoma, a Chlamydia Trachomatis é responsável pela conjuntivite de inclusão, pelo linfogranuloma venéreo e por outros quadros de doenças sexualmente transmissíveis.

Hospedeiro

     Os indivíduos até os 10 anos de idade com infecção ativa, são considerados o maior reservatório de transmissão da doença na comunidade.  As crianças com Tracoma também podem portar Chlamydia Trachomatis nos tratos respiratório e gastrointestinal.  Não há reservatório animal do Tracoma  e  a Chlamydia sobrevive mal fora do hospedeiro humano.

Transmissão

     A transmissão da doença ocorre de forma direta, de olho para olho, ou de forma indireta, através de objetos contaminados.  Os insetos podem atuar como vetores mecânicos, em especial a mosca doméstica e a mosca Hippelatis SP (Lambi-olhos) de importância em algumas regiões.

Disseminação

     O Tracoma é a doença de maior disseminação no mundo.  Estima-se que 146 milhões de pessoas são afetadas por ela.  Constitui a principal causa de perda de visão, sendo responsável por aproximadamente 5,9 milhões de casos de cegueira.

Período de Incubação

     Em média de 5 a 12 dias.

Sintomatologia

     Definição de caso: 

a)  Suspeita todo paciente proveniente de área com foco da infecção que apresenta clínica de conjuntivite, com ou sem sinais de complicação. 
b)  Confirmado:  qualquer paciente que, ao exame ocular, apresentar um ou mais dos seguintes sinais:  inflamação tracomatosa folicular, inflamação tracomatosa intensa, cicatrização conjuntival tracomatosa, triquíase tracomatosa ou pacificação corniana.  No início, o paciente apresenta fotofobia, bleforopasmo, lacrimejamento e sensação de “areia nos olhos” com ou sem secreção.

Diagnóstico

     É essencialmente clínico-epidemiológico.  O exame oftalmológico deve ser feito através de lupa binocular, com 2,5 vezes de aumento.  Na presença de sinais oculares característicos, é importante saber a procedência do paciente para fazer o vínculo epidemiológico.  O diagnóstico laboratorial é feita por cultura de células e é pouco usado na rotina.  Recentemente, tem-se utilizado a imunoflorescência direta com anticorpos monoclonais.

Tratamento

     Em áreas endêmicas, o tratamento deve ser feito em massa, quando a proporção de crianças com tracoma inflamatória, em uma comunidade, aproximar-se de 20%, com o objetivo de interrupção da cadeia de transmissão.  Quando for restrito a núcleos familiares isolados, tratar todos os membros das famílias acometidas.  Utiliza-se medicamento tópico que são as pomadas de tetraciclina 1%, 2 vezes ao dia, durante 6 semanas consecutivas.  Outra forma alternativa de tratamento é o uso da tetraciclina, 20 ml/Kg/dia, VO, em dose única, na fase ativa da doença.  Os casos com intrópio palpebral e triquíase tracomatosa devem ser encaminhados para cirurgia corretiva e os casos de opacidade corneana, par serviços de referência com vistas a avaliação de acuidade visual.

Terapêutica / Farmacologia

     Tratamento tópico:
§    Tetracilina a 1% - pomada oftálmica, usada duas vezes ao dia durante 6 semanas.
§    Sulfa-colírio – usado quatro vezes ao dia durante seis semanas, que substitui a falta de tetraciclina ou por hipersensibilidade à mesma.

Tratamento Sistêmico

     Tratamento seletivo com antibiótico sistêmico, via oral:  indicado para pacientes com tracoma intenso (TI) ou caos de TF ou TI que não respondam bem ao medicamento tópico.  Deve ser usado com critério e acompanhamento médico devido as possíveis reações adversas.

Profilaxia

     Higiene pessoal, saneamento básico e conscientização das doenças.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Bibliografia Complementar

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